Publicidade
No dia 17 de julho completaram-se dois anos e meio do primeiro caso confirmado de infecção da Covid-19, na China. As consequências da crise do coronavírus, que gerou grande instabilidade social em todo o mundo, também afetou a atuação da administração pública e impulsionou os órgãos controladores a adaptarem o exercício de suas funções e se colocarem como protagonistas no enfrentamento de problemas complexos.
Essa nova realidade gerou significativas mudanças no comportamento dos gestores públicos. Cresceram as demandas por decisões mais ágeis, efetivas, técnicas e transparentes. Assim, estabelecer a cultura de uma gestão inteligente baseada em dados, que possam pautar mudanças rápidas e eficientes, profissionalizando as políticas públicas e tornando-as mais assertivas, é uma tendência não só no Brasil, mas no mundo todo.
Em abril, tive a oportunidade de representar o CLP – Centro de Liderança Pública na 21° sessão do Committeeof Experts on Public Administration da ONU, em Nova York e ficou claro o quanto essas necessidades de transformação comportamental para a gestão pública são essenciais. O evento reuniu ministros, prefeitos, especialistas em governo, entre outros perfis de gestores, que trocaram experiências, boas práticas e discutiram os maiores desafios para o setor público nos próximos anos.
Continua depois da publicidade
Há realmente uma grande transformação mundial em curso no que diz respeito à governança e digitalização. Um relatório publicado ano passado pela McKinsey Global Institute intitulado “The future of work after COVID-19”, mostra que o setor público vai precisar se adaptar a três tendências nos próximos anos: trabalho remoto, digitalização e automação.
Esse cenário reforça ainda mais o papel dos governos subnacionais para alavancar investimentos, utilizar recursos de maneira mais eficiente e priorizar questões que prezam pela construção de mundo mais sustentável, com melhor resiliência contra riscos associados ao clima e a sustentabilidade. Nesse contexto, o ESG (ambiental, social e governança, em português), por exemplo, já está cruzando a fronteira do setor privado e chegando ao setor público no Brasil.
Como forma de contribuir para o avanço do tema, o CLP lança em agosto deste ano a segunda edição do Ranking de Competitividade dos Estados. O levantamento analisa a capacidade competitiva dos 27 entes federados e conta novamente com camadas de análise a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e dos critérios ESG, a partir de mais de 30 bases de dados públicas brasileiras e sua relação com os critérios internacionais.
Continua depois da publicidade
Ainda que num movimento iniciado em países ricos, já com desdobramentos mundo afora, a temática ESG chega no setor público com a mesma premissa que rege o setor privado: a inovação em busca de um crescimento sustentável! Em março deste ano, o XI Congresso de Gestão Pública do Consad (Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração), enfatizou o papel dos governos subnacionais neste caminho sem volta. Do outro lado, multiplicam-se as empresas que têm assumido compromissos sustentáveis e que gradualmente passam a balizar a tomada de decisão sobre onde investir.
Ao mesmo tempo que a produção de riqueza dá-se na iniciativa privada, é o setor público que arbitra os mercados, direciona investimentos, aplica a justiça e distribui os recursos recolhidos pela tributação.
Como eu costumo dizer, o setor público precisa furar bolhas. Aos poucos, o Brasil começa a aproximar-se de exemplos internacionais bem-sucedidos. É a inovação que, além de beneficiar, em última instância, os cidadãos, é um efetivo caminho para o desenvolvimento e o progresso do país.