Publicidade
No final do mês de março, a bilionária Mackenzie Scott anunciou mais uma grande doação que agitou o terceiro setor. Dessa vez, foram mais de U$ 3,8 bilhões para 465 organizações da sociedade civil ao redor do mundo. E o Brasil entrou no mapa, com 16 organizações contempladas, que juntas somam U$ 17 bilhões recebidos.
Mackenzie iniciou suas doações em 2019, e a forma desprendida da destinação de recursos chama a atenção das organizações e investidores sociais. Suas doações sem indicações de como, quando e onde o dinheiro será aplicado é, em partes, inovadora por aqui. Afinal, o modelo irrestrito de investimento em organizações, independente de projetos, ainda não é tão comum no Brasil e esse movimento pode incentivar uma ampliação da conversa, não apenas sobre doação de pessoas físicas milionárias, mas também de grandes corporações.
Para Mariana Almeida, superintendente da Fundação Tide Setubal, apesar de a pandemia ter trazido sentimento de mobilização coletiva muito importante com as grandes doações individuais, a filantropia brasileira ainda é muito conservadora. “Eu acredito que estejamos caminhando para a confiança, mas ainda estamos longe. Mesmo que tenha papel mais livre, ainda vejo a filantropia brasileira tradicionalmente muito avessa ao risco, agindo com uma lógica privada”, comenta em entrevista ao podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa! produzido pelo Instituto MOL.
Continua depois da publicidade
Ela destaca a importância de o setor assumir riscos na hora de destinar recursos a projetos e organizações. “Alguém tem que cumprir esse papel de poder se surpreender e a filantropia brasileira ainda tropeça muito em relação a isso. A pandemia trouxe a importância de ouvir o que as pessoas precisam e oferecer a autonomia para as organizações sobre forma de alocar o recurso. Quando você faz essa doação mais flexível você também está oferecendo para as organizações esse item adicional, que é silencioso, que é muito importante, que é a confiança e a autonomia”, completa.
O podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa é produzido pelo Instituto MOL com apoio do Movimento Bem Maior, Morro do Conselho Participações e Ambev, e divulgação do Infomoney. Para conferir, acesse o link.