Vamos (VAMO3): contratos atuais são suficientes para compensar inflação; ações sobem após balanço

Executivo da empresa afirmou que o aumento dos preços de caminhões deve ser significativo em 2023, superando 20% ou 25%

André Cabette Fábio Felipe Alves

Vamos Seminovos (Foto: Divulgação)
Vamos Seminovos (Foto: Divulgação)

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O CEO da Vamos (VAMO3), Gustavo Couto, disse nesta quinta-feira (28) que os reajustes previstos atualmente em contratos são suficientes para compensar a alta dos preços de insumos, de maneira a não impactar negativamente a rentabilidade da empresa.

“Estamos bem tranquilos com os repasses dos eventuais efeitos inflacionários”, disse o executivo durante teleconferência com analistas para comentar os resultados do primeiro trimestre da empresa.

Segundo ele, na maioria dos contratos há cláusula de reajuste anual com base em índices como IGP-M e IPCA, que vêm sendo o suficiente para recompor custos com pneus e outros componentes e peças.

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As ações da companhia valorizavam-se 3,21%, por volta das 13h15, cotadas a R$ 12,83.

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Preços dos caminhões deve subir até 25% em 2023

Couto afirmou ainda que o aumento dos preços de caminhões ainda deve ser significativo em 2023, superando 20% ou 25%.

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A previsão se baseia em conversas com montadoras e o impacto de mudanças advindas das novas especificações de produção da norma Euro 6, que regulamentam a emissão de veículos movidos a diesel.

Isso deve apreciar os ativos já alugados e reduzir a taxa de depreciação desses ativos. O CFO Moscatelli afirmou que não vê motivo, porém, para a redução da margem bruta nos próximos dois anos.

Couto disse acreditar que há uma demanda reprimida no atendimento aos pedidos de compras, e que o patamar de vendas de caminhões deve se manter similar àquele de 2021, que foi de 140 mil caminhões. Em 2022, deve se manter em entre 130 mil e 140 mil.

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Com o aumento de 2023, pode haver queda no volume de vendas, algo que as montadoras estimam em 10%. Mas Couto diz avaliar que a queda pode ser menor por conta da dificuldade de atendimento da demanda dos últimos dois anos.

Sinergias com Truckvan

O CEO da Vamos afirmou ainda que a recém-adquirida HM Empilhadeiras se beneficiará do caixa da empresa, abrindo espaço para ampliar o atendimento a clientes.

Sobre a compra da Truckvan, recém-aprovada pelo Cade, afirmou que a companhia continua independente. As maiores sinergias com a compra devem ser na área de implementos, disse.

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Ele afirmou que as fusões e aquisições são focadas em crescimento orgânico, e que não há meta de compra de nenhuma empresa no momento.

Backlog de R$ 9 bilhões

Ainda na teleconferência, Couto afirmou que o backlog (volume de pedidos) da empresa é atualmente de R$ 8,9 bilhões. Assim, houve alta de 111,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Normalmente, os volumes contratados em um trimestre são entregues no próximo. Mas o prazo de alguns setores mais dependentes de importações são maiores.

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O executivo reforçou ainda que, no primeiro trimestre de cada ano, há um “efeito safra”, em que a empresa negocia máquinas com o setor sucroalcooleiro. Os contratos com este setor não têm, normalmente, manutenção das máquinas incluídas, o que reduz o yield (rendimento).

Além disso, as negociações são com contratos mais longos, o que também leva a yields menores. Isso torna o yield do primeiro trimestre normalmente menor do que o do trimestre imediatamente anterior.

O CFO Gustavo Moscatelli afirmou que no primeiro trimestre 100% dos contratos do setor sucroalcooleiro não incluíram manutenção.

A rentabilidade preserva, no entanto, os valores normais, afirmou Couto. Esses contratos são de cerca de 35% do Capex de R$ 1,6 bilhão.

Balanço da Vamos (VAMO3)

A Vamos (VAMO3) reportou lucro líquido recorde de R$ 121,9 milhões no primeiro trimestre de 2022 (1T22). O resultado foi 66,4% maior do que o mesmo período do ano anterior, quando a empresa lucrou R$ 73,2 milhões.

O resultado, segundo a empresa, foi impactado pelo forte crescimento orgânico nos principais segmentos de negócio da companhia.

A receita líquida da Vamos (VAMO3) foi de R$ 945,2 milhões nos três primeiros meses de 2022. Ou seja, 81,6% maior do que os R$ 520,4 milhões do 1T21.

Já o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente foi de R$ 361,5 milhões no 1T22, contra R$ 204,0 milhões no 1T21. Ou seja, tal de 77,2%.

O lucro antes de juros e impostos (Ebit) recorrente registrado no 1T22 foi de R$ 295,4 milhões, representando um crescimento de 125,3% frente os R$ 131,2 milhões do 1T21.

Receita de locação tem alta de 45%

O segmento de locação da Vamos (VAMO3) registrou alta de 45,6% na receita líquida do 1T22. O resultado foi de R$ 352,5 milhões no setor de locação no período contra R$ 242,1 milhões no 1T21.

O Ebitda do segmento de locação reportou alta de 64% no comparativo anual. Assim, subiu de R$ 174,9 milhões (1T21) para R$ 286,8 milhões (1T22).

No primeiro trimestre de 2022 houve uma aceleração do Capex contratado, mudando de patamar a escala da companhia.

O Capex contratado do segmento de locação subiu 58,4% no 1T22, para R$ 1,568 bilhão. Nos três primeiros meses de 2021 o Capex foi de R$ 990 milhões. Segundo a empresa, o Capex realizado garante o crescimento com reflexo muito positivo nos resultados para os próximos períodos.

Já o Capex implantado subiu de R$ 484 milhões (1T21) para R$ 846 milhões (1T22). Ou seja, crescimento de 74,8%. Segundo a Vamos, o estoque tem se demonstrado um grande diferencial competitivo com os clientes e grande gerador de valor no modelo de negócios.

Concessionárias dobram receita

A rede de concessionárias de caminhões e máquinas também apresentou alta no 1T22. A receita líquida do segmento dobrou de tamanho no comparativo anual. Desta forma, cresceu de R$ 278,4 milhões (1T21) para R$ 578,2 milhões (1T22). Ou seja, alta de 107,7%.

Já o Ebitda da rede de concessionárias saltou 150,3%, para R$ 73 milhões.
O resultado, segundo a empresa, foi excelente, com destaque para a participação crescente no agronegócio.

Dívida da Vamos aumenta 119%

Por outro lado, a dívida líquida da Vamos (VAMO3) também dobrou de tamanho. O indicador subiu de R$ 1,482 bilhão no 1T21 para R$ 3,247 bilhões no 1T22. Assim, houve alta de 119,1% na dívida líquida.

A alavancagem (Dívida líquida/Ebitda) passou de 2,1x no 1T21 para 2,7x no 1T22.

A posição de caixa é de R$ 3,028 bilhões, suficiente para cobrir a dívida até 2026 e R$ 645 milhões em linhas compromissadas disponíveis, segundo a empresa.

De acordo com a Vamos, a estrutura de capital é sólida e está preparada para suportar um ciclo de crescimento acelerado.

Análise do balanço da Vamos

Analistas da XP destacaram os fortes resultados operacionais com o negócio principal (locação), mostrando continuidade do momento positivo, bem como concessionárias recuperando níveis de margem para próximo do recorde histórico.

Assim, a XP reitera visão positiva para Vamos, sendo a top-pick no setor de Transportes.

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney