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O Santander Brasil (SANB11) fechou o primeiro trimestre de 2022 com lucro líquido gerencial (que desconsidera o ágio de aquisições) de R$ 4,005 bilhões, alta de 1,3% em relação ao mesmo período de 2021. Ante o quarto trimestre de 2021, o crescimento foi de 3,2%. O número foi em linha com as projeções da Refinitiv, que projetavam um lucro de R$ 4,026 bilhões.
Contudo, os números no geral não foram bem recebidos pelos analistas de mercado. As units SANB11 caíram 4,55%, a R$ 32,10, também em meio ao ambiente de aversão ao risco do mercado. Um ponto-chave que estava sendo monitorado de perto pelos analistas em suas prévias de balanço, a deterioração da qualidade dos ativos foi percebida nos números do banco, que estreou a temporada do setor no Brasil.
A instituição financeira viu suas margens se expandirem no trimestre, diante de um aumento na chamada margem com produtos, e também expandiu sua receita com serviços, o que sustentou a alta do resultado líquido.
Por outro lado, o Santander gastou mais com provisões e viu despencar os resultados com tesouraria. O balanço é o primeiro do período de gestão do novo CEO do banco no País, Mario Leão. Ele assumiu o cargo na virada do ano.
As provisões para créditos de liquidação duvidosa atingiram R$ 4,612 bilhões, alta de 45,9% na comparação anual.
Já a margem financeira bruta foi de R$ 13,938 bilhões no período entre janeiro e março, alta de 3,8% em termos anuais, mas uma queda de 1,5% em termos trimestrais.
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O desempenho foi puxado pela margem com produtos, que reflete o resultado do banco com operações para empresas ou pessoas físicas, e foi de R$ 13,161 bilhões, alta de 24,8% no espaço de um ano. A margem com clientes foi de R$ 13,854 bilhões, expansão de 29,6%.
A instituição atribuiu o resultado a maiores volumes e também a uma mudança no mix de crédito e dos spreads nas captações, beneficiados pela alta dos juros. O banco, assim como seus pares, migrou ao longo de 2021 para empréstimos mais rentáveis, em busca, justamente, de uma expansão das margens.
Já a margem com mercado, que reflete os resultados do Santander com tesouraria, caiu 96,9% em um ano, para R$ 84 milhões. O resultado veio de “nossa conhecida sensibilidade negativa a movimentos de alta da curva de juros”, afirma o Santander. No ano passado, os números da tesouraria da instituição foram impulsionados pela volatilidade do mercado de capitais brasileiro, e ajudaram a elevar o lucro do banco.
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A inadimplência de pessoa física subiu no trimestre a um ritmo mais forte do que o observado nos trimestres passados e retomou os níveis de março de 2020, início da pandemia. O índice de inadimplência superior a 90 dias avançou 0,9 ponto percentual (p.p.) no ano, para 4%. Já o índice total de inadimplência superior a 90 dias teve alta de 0,77 p.p. no ano e atingiu 2,9% em março de 2022.
O banco destacou que isso está alinhado com a expansão da carteira de crédito, do mix de produtos e do cenário macro. Atenção ainda para o avanço da inadimplência entre 15 e 90 dias, que foi de 3,5% em dezembro de 2021 para 4,2% em março de 2022. Na pessoa física, foi de 5% para 5,9%.
O Goldman Sachs destacou esperar reação negativa das ações aos resultados. Na avaliação dos analistas do banco, o lucro líquido recorrente, de R$ 4,0 bilhões, foi 3% acima das estimativas do banco, enquanto o retorno sobre patrimônio líquido (ROE) recorrente subiu para 20,5%, de 19,7% em 4T21 e 20,2% no 1T21. Contudo, isso se deveu principalmente a uma alíquota efetiva mais baixa, que compensaram o aumento do custo do risco enquanto os índices de inadimplência (NPLs, na sigla em inglês) voltaram aos níveis pré-pandemia.
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De fato, o lucro antes de impostos caiu 14% abaixo das projeções do banco, com baixa de 3% na base trimestral e de 12% na base anual. Também destaca uma desaceleração na originação de crédito, uma vez que os volumes cresceram apenas 6% na base anual, ante 12% no quarto trimestre de 2021 na mesma comparação. O Goldman tem recomendação neutra para os ativos SANB11, com preço-alvo de R$ 36, ou potencial de valorização (upside) de 7% em relação ao fechamento da véspera.
Também para os analistas do Bradesco BBI, foi apresentado um conjunto fraco de resultados, destacaram em relatório de título “qualidade dos ativos deteriorou significativamente”.
O BBI deu destaque para os índices de inadimplência sofreram uma deterioração significativa, além das expectativas, com uma alta de 0,7 ponto percentual do índice no trimestre sugerindo, para 4,2%, ainda uma deterioração adicional nos próximos trimestres.
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Além disso, o banco se beneficiou do efeito de valor agregado CIP e de outras linhas de receita/despesa, que analistas do BBI consideram de menor qualidade. De fato, o mix mais arriscado trouxe maior margem com os clientes, mas as provisões também aumentaram e devem continuar se expandindo caso a qualidade dos ativos se deteriore.
O banco mantém classificação neutra para a unit do banco, e preço-alvo de R$ 40, ou upside de 19% frente o fechamento de segunda.
O UBS BB destacou que “a margem com clientes foi boa, mas com resultados comerciais muito fracos”, ressalta a análise. Além disso, o banco acredita que a maior rentabilidade do banco é temporária, “o que não deve justificar um prêmio para seus pares”. Os analistas também possuem recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 38 (ou upside de 13%).
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O Itaú BBA ainda se disse cauteloso com Santander, ressaltando que “os desafios do 1T22 em termos de originação e qualidade de crédito provavelmente permanecerão no 2T22”. “Combine isso com baixos índices de cobertura e renegociações elevadas, e vemos uma pressão crescente nas estimativas de consenso”.
“Atualmente, projetamos uma queda de 5% no lucro do ano fiscal de 2022 para R$ 15,6 bilhões, o que não é um bom presságio”, reforça. A classificação para a unit é market perform (performance na média do mercado), com preço-alvo sugerido de R$ 39 (upside de 16%).
A equipe de análise da Genial Investimentos também destacou que o lucro veio em linha com consenso e suas expectativas, mas o resultado foi impactado pela elevação das provisões e baixo crescimento da margem financeira.
Analistas estão menos otimistas para o Santander do que para demais grandes bancos, dado o menor índice de cobertura (que representa a proporção que a provisão para risco de crédito é capaz de cobrir os créditos inadimplentes) para fazer frente a elevação da inadimplência e expectativa de crescimento de lucro modesto próximo a 5% em 2022.
Para a Ativa Investimentos, os números reportados foram mistos. De positivo, destacam o crescimento de 12,9% em relação ao trimestre anterior na margem financeira com clientes, em função de maiores spreads e aumento no volume, a expansão de 5,7% anual na receita com serviços, impulsionada pelas operações de cartões, e menores despesas operacionais, em função da queda de 30,2% na linha “Outras Receitas/Despesas Operacionais”.
Por outro lado, houve queda expressiva na receita com operações com o mercado, aumento no custo de crédito acima das projeções e deterioração nos indicadores de qualidade de crédito.
Melhora no radar?
Como não poderia deixar de ser, o aumento das provisões e a inadimplência foram temas recorrentes na teleconferência de resultados do banco com analistas.
Questionada sobre o assunto, diretoria do Santander afirmou que já adotou as medidas que achava necessárias e corretas há entre seis ou oito meses. No quarto trimestre, a empresa viu crescimento na carteira de crédito.
No momento, o Santander afirma que as provisões refletem a realidade anterior, e a carteira cresce em um ritmo mais lento. Nos próximos trimestres, a diretoria diz que espera uma recuperação, como um reflexo das decisões já tomada. Os custos do risco e do crédito devem refletir essas medidas no segundo semestre do ano.
Sobre a perspectiva de fechamento de agências, a diretoria do Santander afirmou que a independência dos canais físicos é um de seus objetivos. Isso será buscado com a possibilidade de unir algumas agências e redirecioná-las para mais próximo do fluxo de pessoas. Isso implica uma redução de códigos de agências pequenas registrados junto ao Banco Central, em um patamar maior do que a de pontos de lojas físicas.
(com Estadão Conteúdo)
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