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A Netflix (NFLX34) registrou um lucro por ação de US$ 3,53 no primeiro trimestre de 2022, número acima do consenso de US$ 2,89, calculado pela Refinitiv. O destaque do balanço, contudo, ficou para o fato de a companhia ter registrado, pela primeira vez em dez anos, um recuo do seu número de assinantes – as ações caem mais de 20% no aftermarket em Nova York.
A receita da plataforma de streaming, por sua vez, também frustrou levemente, ficando em US$ 7,78 bilhões, pouco aquém dos US$ 7,93 bilhões esperados.
“No curto prazo não estamos aumentando a receita tão rápido quanto gostaríamos. A Covid-19 nublou as nossas projeções, aumentando significativamente nosso crescimento em 2020”, aponta a companhia em carta aos acionistas publicada no fim da tarde desta terça-feira (19).
Segundo a plataforma de streaming, o fato de o crescimento da receita estar desacelerando está relacionado com “fatores não controlados diretamente”. O número de casas com TVs inteligentes, o compartilhamento de contas e o avanço da concorrência no setor seriam os principais freios para o crescimento da companhia – a companhia afirma, em carta aos acionistas, que focará em resolver os dois últimos problemas no futuro próximo.
Netflix registra primeira baixa de usuários em dez anos
A Netflix fechou o primeiro trimestre com 221,6 milhões de assinantes pagos, alta de 6,74% na base anual. Contudo, pela primeira vez em dez anos, a companhia registrou uma queda do número de assinantes na base trimestral, perdendo cerca de 200 mil usuários, frustrando o seu guidance, uma vez que a empresa havia afirmado para acionistas que esperava adicionar 2,5 milhões de novos assinantes entre janeiro e março deste ano. O mercado, por sua vez, esperava uma adição líquida de 2,7 milhões de assinantes.
Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, contudo, pontua que a queda do número de usuários se dá parcialmente também pelo fato de a Netflix ter anunciado sua saída da Rússia. “Na Europa houve queda de 700 mil, mas, na prática, se não fosse a guerra, haveria adição líquida de 500 mil, número ainda muito abaixo do guidance”, pontua. “Houve queda, contudo, no Estados Unidos, na Europa e na América Latina, três mercados chave para a companhia”.
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Companhia pretende manter margens, a despeito de queda de usuários
A queda do número de usuários vem mesmo com a Netflix tendo, recentemente, aumentado seus gastos com conteúdo, com foco nos originais. Do outro lado, para sustentar os gastos, a companhia elevou o preço dos seus serviços em todo o mundo.
No Brasil, em julho do ano passado houve aumentos de 18% a 22%, com o plano básico agora custando R$ 25,90 e o premium, R$ 55,90. Nos Estados Unidos e no Canadá houve reajustes em janeiro deste ano – no primeiro país, por exemplo, o plano básico saiu de US$ 1 para US$ 9,99 e o premium saiu de US$ 17,99 para US$ 19,99.
A margem de lucro operacional da Netflix, apesar da alta dos preços, ficou em 25,1%, ante 27,4% no mesmo período do ano passado. “Enquanto trabalhamos para reacelerar o crescimento de nossa receita – por meio de melhorias em nosso serviço e monetização mais eficaz do compartilhamento multifamiliar – estaremos mantendo nossa margem operacional em torno de 20%”, afirmou a empresa.
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“Em alguns países, a Netflix está se propondo a manter a margem final na casa de 20%. É a primeira vez que a companhia estabelece isso como meta, além de manter o teto do endividamento em US$ 15 bilhões”, pontua Thiago Lobão.
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