Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos sobem com aumento das projeções de inflação e à espera da Super Quarta

Mercado aposta em um aperto monetário maior e por mais tempo; prefixados pagam até 12,69%

Bruna Furlani Katherine Rivas

(Shutterstock)
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As taxas dos títulos públicos operam em alta nesta segunda-feira (14), refletindo um momento de cautela do mercado.

Cristiane Quartalori, economista do Banco Ourinvest, explica que esse movimento na curva de juros se deve a dois fatores: um deles são os investidores acompanhando novos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que parece não encontrar solução.

E o segundo é a expectativa do mercado frente à Super Quarta, com o Comitê de Política Monetária (Copom) e o Federal Reserve (Fed) reajustando juros no dia 16 de março.

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“Parece que as apostas de um aperto maior por aqui começaram a aparecer por conta do avanço da expectativa da inflação”, aponta Cristiane.

Segundo o último Boletim Focus, as projeções para a inflação em 2022 passaram de 5,65% para 6,4%. Uma alta de 0,80 ponto percentual.

No exterior, o rendimento dos Treasuries  (títulos públicos americanos) voltou a subir, puxando também os juros brasileiros. Perto das 13h40, o título americano de dez anos avançava 12,7 pontos-base para 2,124%.

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Dentro do Tesouro Direto, a maior alta era do título prefixado de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 entregava uma rentabilidade anual de 12,69%, superior aos 12,42% registrados na sexta-feira (11).

Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com pagamento de juros semestrais, apresentavam um retorno anual de 12,57% e 12,61%, acima dos 12,35% e 12,39% vistos na sessão anterior.

Nos títulos atrelados ao IPCA, a maioria das taxas avançavam 3 pontos-base. O melhor desempenho ficou por conta do Tesouro IPCA+ 2055, com juros semestrais. O título público oferecia um retorno real de 5,89%, superior aos 5,85% vistos na sexta-feira.

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (14): 

Relatório Focus

O foco dos agentes financeiros está no Relatório Focus. Com a forte revisão nos dados projetados para a inflação oficial deste ano, a projeção do mercado está cada vez mais fora da meta do Banco Central, que é de 3,5% com tolerância de 1,5 ponto percentual.

Apesar de as revisões para cima nas estimativas de inflação e de Selic para este ano, o mercado aumentou as projeções de alta para o Produto Interno Bruto (PIB), que agora estão em 0,49%, contra 0,42% uma semana antes.

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Os economistas também preveem um dólar mais barato em dezembro, com as projeções para a moeda americana recuando de R$ 5,40 para R$ 5,30.

No ano que vem, a situação também está mais delicada. O mercado reajustou para cima as suas projeções para a inflação de 2023 e 2024: a do próximo ano subiu de 3,51% para 3,70%, e a do ano seguinte, de 3,10% para 3,15%.

As instituições consultadas também reduziram a estimativa de alta do PIB de 2023, de 1,50% para 1,43%, e da cotação do dólar em relação ao real em 2023 e 2024 (de R$ 5,30 para R$ 5,21, e de R$ 5,30 para R$ 5,20), respectivamente.

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Aperto monetário

O banco Itaú prevê ciclo de aperto mais intenso do Copom, após o começo da guerra na Ucrânia.

“Antes da guerra na Ucrânia, esperávamos aumentos de 100 bps [1,0 ponto percentual] em março, 50 bps [0,50 ponto percentual] em maio e 25 bps [0,25 ponto percentual] em junho, mas agora prevemos um ciclo de aperto mais intenso, com aumentos de 100 bps em março, 75 bps em maio, e 50 bps em junho, com a taxa Selic atingindo 13,00% e permanecendo nesse nível até o final do ano”, diz a análise.

O banco ainda espera que o comitê destaque a maior incerteza para o cenário global e observe que pressões adicionais de choques de preços de commodities resultarão em inflação significativamente mais alta ao longo deste ano.

Para o Itaú, o aperto monetário deve avançar ainda mais em território significativamente contracionista, “até que não apenas o processo de desinflação seja consolidado, mas também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

A Selic está hoje em 10,75% ao ano, após uma alta de 1,5 ponto percentual no começo de fevereiro.

Auxílio Brasil

O Ministério da Economia considera aumentar Auxílio Brasil de forma temporária. Segundo a CNN, o benefício sairia de R$ 50 para R$ 100 e modificação seria para remediar o aumento do preço dos combustíveis – a ideia é que, com isso, se torne desnecessária a criação do “Auxílio Diesel”.

Ainda de acordo com o site da rede de televisão, a mudança só poderá ser imposta no caso da implementação de um estado de emergência, por conta da Lei Eleitoral.

Radar externo

Os Estados Unidos garantem que China se ofereceu para apoiar militarmente a Rússia na guerra.

Financial Times cita “autoridades familiarizadas” com conhecimento de “telegramas diplomáticos” enviados pelo Departamento de Estado dos EUA a aliados na Europa e na Ásia. Tais telegramas não diziam se a China havia sinalizado que ajudaria a Rússia no futuro ou se já havia começado a fornecer apoio militar. Tampouco disseram em que ponto do conflito Pequim parecia aberta a oferecer ajuda.

Mais cedo, porém, Pequim já havia negado essas suposições, chamando “as alegações sobre o assunto” como “informações falsas”.

“Se a China optar por apoiar materialmente a Rússia nesta guerra, provavelmente haverá consequências para a China”, disse um oficial de defesa norte-americana. “Vimos a China basicamente dar aprovação tácita ao que a Rússia está fazendo, recusando-se a aderir às sanções, alegando que eles queriam ver um resultado pacífico, mas essencialmente não fazendo nada para alcançá-lo”.

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