Tesouro Direto: alta das taxas ameniza na tarde desta 2ª; papéis de inflação pagam até 5,34% ao ano

Redução nas projeções inflação e PIB se destacam na agenda econômica; governo planeja lançar título público específico para aposentadoria

Mariana Segala

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A última semana de 2021 começou com os juros dos títulos públicos negociados pelo Tesouro Direto em alta.

Na agenda econômica, a revisão das projeções dos economistas para o PIB e a inflação se destaca. Segundo o relatório semanal Focus, publicado nesta segunda-feira (27) pelo Banco Central, a expectativa agora é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) termine este ano acumulando avanço de 10,02%, ante previsão de 10,04% na última semana. Já o PIB, na visão dos economistas, deve avançar 4,51%, abaixo 4,58% trazidos boletim anterior.Rend

É o que parece se desenhar na prática, ao menos considerando outros indicadores de inflação que vêm sendo divulgados. O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), calculado pela  Fundação Getulio Vargas (FGV), por exemplo, desacelerou em seis das sete capitais pesquisadas na terceira quadrissemana de dezembro, na comparação com a segunda quadrissemana. Os dados também foram divulgados hoje.

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No Tesouro Direto, a alta dos juros oferecidos por alguns títulos públicos amenizou nesta tarde, em comparação com as taxas verificadas na abertura dos negócios pela manhã.

As taxas dos papéis prefixados com vencimento em 2031, que chegaram a alcançar 10,74% ao ano pela manhã, haviam recuado para 10,70% à tarde. Já os juros do Tesouro Prefixado 2024, que subiram até os 10,86% ao ano pela manhã, recuaram para 10,84% à tarde.

Os recuos foram menores entre os títulos indexados à inflação. O Tesouro IPCA+ com vencimento em 2055 oferecia juros de 5,35% ao ano nesta manhã, taxa que à tarde era de 5,34% ao ano. Os títulos de inflação com vencimento em 2026, os de prazo mais curto disponíveis atualmente, por sua vez, tinham juros de 4,97% ao ano nesta tarde, levemente inferiores aos 4,99% da manhã.

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (27):

Taxas do Tesouro Direto na tarde de 27.12.21
Taxas do Tesouro Direto na tarde de 27.12.21 (Fonte: Tesouro Direto)

Novo título público específico para aposentadoria

O governo prepara o lançamento de um título público negociado pelo Tesouro Direto voltado especificamente para a aposentadoria individual dos investidores, afirmou o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, em entrevista publicada nesta segunda-feira (27) no jornal O Estado de S. Paulo.

Os estudos sobre o Tesouro Direto-Previdência, como foi batizado o papel, estão em andamento para que ele esteja disponível ao longo de 2022.

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Segundo informou Valle ao jornal, o título deverá prever um período de acumulação, de 30 anos a 40 anos, durante qual o investidor não receberia os juros oferecidos pelo papel. Ao fim desses anos, o investidor passaria a ter direito a pagamentos mensais, como se fosse uma aposentadoria.

“Hoje, o mercado de previdência fala muito da rentabilidade. Não fica claro qual é a renda que o poupador vai ter. Temos que mirar a renda”, disse Valle na entrevista. Segundo o jornal, se o investidor quiser ter uma renda de R$ 5 mil após 40 anos de acumulação, saberá qual a quantidade de títulos que precisará comprar para garantir na aposentadoria essa renda mensal por 20 anos, por exemplo.

Indicadores econômicos

O último relatório Focus publicado neste ano tem como destaques a diminuição das projeções do mercado para a variação da inflação e do produto interno bruto (PIB) brasileiros em 2021.

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Agora, os especialistas ouvidos pela autoridade monetária brasileira consideram que o IPCA deve fechar 2021 com uma variação de 10,02%, abaixo dos 10,04% verificados na última semana. Não houve mudanças na projeção para o indicador em 2022, permanecendo um avanço esperado de 5,03% nos preços.

Já o PIB, segundo os economistas ouvidos pelo Banco Central, deve avançar 4,51% em 2021. A projeção dessa semana é mais baixa que a de 4,58% indicada no último relatório.

Também houve redução na projeção do PIB para 2022. Agora, os principais gestores e analistas veem a economia brasileiro crescendo 0,42% no próximo ano. Há uma semana, a projeção era de 0,50% de crescimento. A tendência se repete também para 2023, com a expectativa de crescimento caindo de 1,85% para 1,80%.

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Não houve mudança na expectativa para taxa básica de juros, a Selic, mantida em 11,50% ao ano ao final de 2022. Há um mês, projeção era de que a taxa alcançasse 11,25% ao ano.

Na última reunião de 2021, realizada no início de dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 1,50 ponto porcentual, para 9,25% ao ano, e também sinalizou nova alta de mesma magnitude na próxima reunião, marcada para o começo de fevereiro.

Também foi divulgado hoje o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que mostrou uma desaceleração na alta dos preços em seis das sete capitais pesquisadas na terceira quadrissemana de dezembro, na comparação com a segunda quadrissemana.

Segundo a FGV, o IPC-S subiu 0,83% na terceira leitura do mês, após registrar alta de 1,07% na segunda. A alta acumulada em 12 meses é de 9,62%, menor do que os 9,89% vistos no período até a segunda quadrissemana. Dentre as capitais, o alívio mais significativo foi registrado em Brasília, onde a inflação desacelerou de uma alta de 1,80% para 1,06%.

No front fiscal, a semana do mercado começa ecoando as últimas falas do presidente Jair Bolsonaro sobre o Orçamento de 2022.

Na semana passada, o Congresso Nacional aprovou o Orçamento de 2022 com reserva de R$ 1,7 bilhão para reajuste a forças federais de segurança e cerca de R$ 800 milhões para agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias.

Mas segundo Bolsonaro afirmou em sua transmissão semanal pelas redes sociais, na última quinta-feira (23), os recursos não estão reservados para o reajuste de policiais. Ele disse que o governo esperará a situação se acalmar para definir como será distribuído o dinheiro.

Na sexta-feira (24), em entrevista em frente ao Palácio do Planalto, o presidente afirmou: “Me coloco no lugar deles. Os [cerca de] R$ 2 bilhões, vai ser decidido para quem ir. Pode ser que parte vá para o pessoal da Receita [Federal], pode ser para pessoal dos policiais, para ninguém, ou dar menos de 1% para todo mundo. Deixa acalmar um pouquinho aí que a gente toma a melhor decisão”.

Bolsonaro disse ainda que sancionará a proposta aprovada pelo Congresso que prorroga até o final de 2023 a desoneração da folha de pagamento para vários setores e afirmou que o Ministério da Economia deveria ter atendido a uma reivindicação de servidores da Receita Federal antes que eles aprovassem uma greve.

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Mariana Segala

Diretora de Redação do InfoMoney