Combate à corrupção terá menos impacto nas eleições de 2022, e campanha na televisão será mais importante do que foi em 2018, dizem analistas

Nova edição do Barômetro do Poder mostra que todos os 14 analistas políticos consultados veem peso menor do combate à corrupção sobre decisão do voto

Marcos Mortari

Teclado da Urna Eletrônica (Foto:Nelson Jr./ASICS/TSE)
Teclado da Urna Eletrônica (Foto:Nelson Jr./ASICS/TSE)

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Três anos após as últimas eleições que consagraram a vitória de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, analistas políticos acreditam em uma disputa diferente em 2022, com novas preocupações dos eleitores e distintos impactos dos instrumentos normalmente utilizados pelas campanhas.

É o que indica a 31ª edição do Barômetro do Poder, iniciativa do InfoMoney que compila mensalmente as expectativas de consultorias de análise de risco político e analistas independentes sobre assuntos em destaque na política nacional.

A julgar pelas apostas dez meses antes do pleito, os meios tradicionais de se fazer uma campanha, como o uso do horário de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, deverão ter um peso maior desta vez.

O levantamento mostra que, em uma escala de 1 a 5, considerando nota 3 para o impacto que tais instrumentos tiveram na disputa de 2018, 77% dos especialistas consultados agora atribuem nota 4 para eles nas próximas eleições. Apenas 8% esperam um peso menor desta vez.

Clique aqui para ter acesso à íntegra do levantamento.

Confirmada a avaliação da maioria, isso pode indicar maiores incentivos aos candidatos na construção de coligações mais robustas em busca de mais tempo de exposição nos meios tradicionais.

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Essa foi uma das apostas de Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, na corrida pelo Palácio do Planalto em 2018.

O então candidato tucano construiu uma coligação com nove partidos (PSDB, PTB, PP, PR, DEM, Solidariedade, PPS, PRB e PSD), que lhe garantiu muito mais tempo no rádio e na televisão para propaganda do que seus adversários dispunham.

O esforço, no entanto, não rendeu os frutos esperados, e Alckmin terminou a disputa com aliados abandonando o barco da campanha e apenas 5.096.350 votos (4,76% dos votos válidos). Um desempenho a ser esquecido pelo PSDB.

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Bolsonaro venceu aquela eleição com apenas 8 segundos de campanha a cada programa eleitoral no primeiro turno, mas uma ampla exposição midiática sobretudo após o atentado a facada da qual foi vítima em Juiz de Fora (MG).

Mas a chave de sua estratégia foram os meios digitais, como redes sociais e aplicativos de mensagens ‒ ambiente em que outros candidatos não se prepararam para navegar com a mesma competência naquela disputa.

Na avaliação da maioria dos analistas políticos consultados pelo Barômetro do Poder, as redes sociais devem manter relevância em 2022.

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Para 46%, o peso desses meios deve ser o mesmo do pleito anterior, e 23% apostam em um impacto ainda maior. Outros 31% esperam perda de relevância na comparação entre as disputas.

Em 2018, a pauta do combate à corrupção foi alçada ao rol das principais preocupações dos eleitores, no embalo das revelações da Operação Lava Jato. Hoje, analistas políticos esperam um peso menor para essa pauta na próxima disputa.

Em uma escala de 1 a 5, considerando nota 3 para o impacto do assunto no pleito anterior, 29% atribuem nota 1 para o peso esperado em 2022. Outros 64% dão nota 2.

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Isso significa que, caso as projeções se confirmem, os candidatos terão de calibrar esse discurso com demandas mais latentes do eleitorado, como a perda de renda, o desemprego, a inflação e problemas relacionados à Saúde e à Educação.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.