Credit Suisse reduz recomendação para ação da Vivo (VIVT3) e reforça preferência por TIM (TIMS3) no setor

Analista do banco suíço destaca o valuation mais "esticado" para os papéis da Vivo, que têm uma performance bem superior ao Ibovespa no acumulado do ano

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Passado o leilão do 5G, o Credit Suisse revisou as suas estimativas para o setor de telecomunicações, reforçando a sua preferência pela ação da TIM (TIMS3), possuindo recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado). Por outro lado, reduziu a recomendação para a Telefônica Brasil, dona da Vivo (VIVT3), para neutra, principalmente por conta do valuation.

Daniel Federle, analista do banco suíço, ressalta que a Vivo teve um desempenho 25 pontos percentuais acima do Ibovespa neste ano, já estando de volta ao nível pré-pandemia, apesar do maior custo de capital (ou Ke, medida que mostra as projeções de retorno dos recursos próprios investidos na empresa, calculada com base em taxas de juros de mercado e no risco). O preço-alvo foi reduzido de R$ 61 para R$ 54 por ação (ou um potencial de alta de 6,3% em relação ao fechamento da véspera) basicamente em função do aumento de 200 pontos-base no Ke (para 13,5%).

O analista avalia que a Vivo tem um bom desempenho operacional e elevou a projeção do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) esperado para 2022 em 8%, refletindo a incorporação da Oi Móvel no modelo. Por outro lado, a projeção de lucro líquido foi cortada em 4% em razão da perspectiva de maiores custos financeiros.

O maior risco, avalia, é a possibilidade de a empresa não conseguir repassar os preços em linha com a inflação. O analista vê a ação da Vivo negociando a uma relação de 4,8 vezes o valor da firma sobre o Ebitda (EV/Ebitda) e a 15 vezes o preço sobre o lucro (P/L) esperado para 2022.

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Isso se compara aos múltiplos mais baixos da TIM, negociada a um EV/Ebitda de 4,2 vezes e um P/L esperado para 2022 de 11 vezes. Federle também aponta que a recomendação equivalente à compra pode ser justificada pela boa expectativa para o 5G e a recomendação de pequenos remédios pela Superintendência do Cade para a compra de fatia da Oi Móvel. Por outro lado, o risco de repasse de preços também está no radar. O preço-alvo do Credit para a TIM é de R$ 16, ou um potencial de alta de 25% em relação ao fechamento de segunda-feira.

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O analista do banco ainda destacou que o leilão de 5G, ocorrido na semana passada, em que os principais players levaram um número significativo de blocos, foi positivo para as duas empresas e também para a Claro por três fatores principais.

Em primeiro lugar, não houve um novo nome na frequência 3,5 GHz, eliminando o risco de um novo participante com cobertura de 5G nacional; 2) as três operadoras conseguiram adquirir 100 MHz na banda 3,5 GHz (aparentemente a melhor para 5G); 3) as três operadoras conseguiram blocos de 2,3 GHZ que devem melhorar a capacidade de 4G com um custo baixo.

“As empresas menores acabaram levando vários blocos, mas não nos preocupamos com essa competição basicamente por estarem em cidades de menor porte, pela dificuldade de construir uma rede de qualidade com somente 2,3 GHz e dificuldade de ganhar participação de mercado em um mercado maduro”, avalia.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.