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SÃO PAULO – As ações da Cielo (CIEL3) chegaram a subir forte, quase 10%, após os resultados. Após trimestres bastante conturbados, a companhia voltou a mostrar progresso nos seus números, apesar de analistas de mercado seguirem reticentes sobre até onde vai essa recuperação.
A maior adquirente da América Latina reportou um lucro líquido de R$ 211,9 milhões no balanço do terceiro trimestre deste ano, um desempenho 111% acima do registrado um ano antes. Em meio aos bons resultados, os ativos chegaram a subir 9,91%, a R$ 2,55, mas amenizaram em meio à piora dos ativos em geral e fecharam com ganhos de 1,29%, a R$ 2,35.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) consolidado totalizou R$ 692,8 milhões, um aumento de 44,3% sobre o mesmo trimestre de 2020.
A receita líquida consolidada totalizou R$ 3,009 bilhões, acréscimo de 4,4% em relação ao 3º trimestre de 2020, enquanto o volume financeiro de transações totalizou R$ 179,8 bilhões, alta de 8,5%.
O volume total transacionado (TPV) atingiu R$ 179,7 bilhões, uma melhora de 8,5% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. O número de clientes ativos teve queda de 11,1% na comparação anual. No entanto, os clientes do segmento de varejo, foco da companhia, tiveram crescimento de 6,9% no mesmo período.
O Credit Suisse destacou que os resultados foram bons nas duas divisões, Cielo Brasil e Cateno. O Bradesco BBI apontou que a Cateno foi o grande destaque do trimestre, com lucro líquido de R$ 128 milhões, contra R$ 96 milhões no segundo trimestre, sustentado por um sólido crescimento de receita de 18,1% no trimestre e redução de 35% no trimestre nas despesas operacionais (principalmente relacionadas a perdas operacionais menores do Ourocard). Ainda com uma nota positiva, os volumes também apresentaram boa recuperação, com alta de 13,8% no trimestre.
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A Levante Ideias de Investimentos também destacou que os números foram ligeiramente acima do que esperavam, mostrando que o esforço da companhia em melhorar seu mix de produtos e clientes e reforçar seus controle de custos tem surtido efeito, ainda que com algumas consequências.
“A Cielo, líder do mercado, vem perdendo consistentemente participação no mercado. Para conseguir se manter competitiva a companhia teve de ajustar seus preços para baixo sucessivamente nos últimos anos, a receita extraída por volume transacionado (revenue yield) que chegou a 1,17% no primeiro trimestre de 2017 caiu para 0,70% neste trimestre. E o cenário competitivo deve continuar avançando nos próximos meses”, apontam os analistas da casa.
O Credit também destacou que a intensa competição no negócio de adquirência e o aumento das taxas do CDI devem ser obstáculos persistentes nos próximos trimestres, ainda que já previsse uma reação positiva ao resultado nesta sessão.
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A Levante também avalia que o avanço no cronograma do open banking, deve se mostrar um grande desafio nos próximos trimestres, trazendo vantagens competitivas para empresas mais desenvolvidas do ponto de vista de tecnologia. “Dito isso apesar dos resultados terem sido uma surpresa positiva, acreditamos que o legado tecnológico da companhia deve dificultar ganho de mercado e rentabilidade nos próximos anos”, aponta.
O Bradesco BBI, por sua vez, avalia que houve melhorias operacionais em seus negócios principais (Cielo Brasil e Cateno), enquanto não vê as ações da Cielo com valuation esticado a 6,7 vezes a relação de preço sobre o lucro (P/L) esperado para 2022, embora reconheçam que “o mercado pode exigir melhorias operacionais mais fortes para que uma reavaliação substancial se materialize”.
Já o Bank of America aponta que o valuation da Cielo parece atrativo e os lucros estão indo na direção certa. “No entanto, argumentamos que resolver as questões estruturais (grupo de controle duplo com interesses conflitantes) são necessárias para sustentar uma reclassificação das ações”.
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O BBI tem recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 3,90, o que configura um potencial de alta de 68% em relação ao fechamento da véspera. As recomendações neutras para o ativo predominam, como é o caso também do Credit, (com preço-alvo de R$ 4,80), Bank of America (com preço-alvo de R$ 5,80) e Itaú BBA (marketperform, com preço-alvo de R$ 5,20).
De acordo com compilação da Refinitiv, de 13 casas que cobrem o papel, só 1 recomenda compra, 9 recomendam ficar neutro no papel, enquanto 3 recomendam venda, ainda que o preço-alvo médio seja de R$ 4,08, representando um potencial de valorização significativo de 76% em relação ao fechamento da véspera.
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