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SÃO PAULO – A trégua durou pouco e o Ibovespa devolveu quase todo o ganho acumulado na sessão de segunda-feira (25). Hoje, o principal índice do mercado acionário brasileiro foi pautado por preocupações com o avanço da inflação um provável aumento dos juros a patamares ainda maiores que o esperado. A reunião do Comitê Política Monetária (Copom) começa com apostas diferentes e cada vez mais altas sobre a Selic, enquanto os índices de preços continuam acelerando e surpreendendo.
A prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA-15, avançou 1,2% no mês de outubro em relação a setembro, maior variação desde 1995 e acima do que os economistas esperavam. No ano, o IPCA acumula alta de 8,3%; em 12 meses, de 10,34%. Após a divulgação do dado, diversas instituições financeiras revisaram suas projeções para a inflação neste e no próximo do ano e crescem as apostas de que os juros podem subir 1,5 ponto percentual ou até mais na reunião do colegiado do Banco Central.
“Além de fazer isso para tentar controlar a inflação elevada, o Banco Central precisa remunerar mais em dinheiro brasileiro para lidar com a fuga de capitais do país. Dessa forma, ao aumentar a rentabilidade desse dinheiro que fica no Brasil, se evita fuga ainda maior e um dólar que poderia ultrapassar a casa de R$ 6”, afirma João Beck, economista e sócio da BRA.
A percepção de juros maiores começou a se firmar na semana passado, com a discussão em torno do Teto de Gastos público, que deve sofrer ajustes para acomodar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. Amanhã, na Câmara dos Deputados, deve começar a votação da PEC dos precatórios, que além propor a limitação do pagamento de dívidas judiciais da União, propõe um ajuste no teto do Orçamento.
O Ibovespa fechou a terça-feira em queda de 2,11% aos 106.419 pontos. A pontuação do fechamento de hoje só não foi pior que a da última sexta-feira. O volume negociado ficou em R$ 27,1 bilhões. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro de 2021 recuava 2,24% aos 107.180 pontos.
“As empresas que têm valor muito grande para capturar na perpetuidade, como as de tecnologia, consumo e de grande crescimento costumam ser mais afetadas. Então esse aumento dos juros impacta especialmente essas empresas”, afirma Alexandre Brito, gestor da Finacap.
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No entanto, ele chama atenção para os resultados das companhias no terceiro trimestre, que já começaram a temporada trazendo resultados bons. “É possível que com a divulgação dos resultados, os mercados passem a olhar mais para os fundamentos das empresas”, afirma Brito.
Hoje, porém, nenhuma boa notícia foi capaz de trazer o investidor às compras. Nem mesmo a arrecadação de R$ 149,1 bilhões em setembro, acima do consenso do mercado.
“Olhando para frente, esperamos que a receita continue trazendo notícias positivas. No entanto, contar com a inflação como aliada nunca é uma boa ideia, e as surpresas positivas não devem chegar perto o suficiente para compensar os riscos crescentes do lado dos gastos”, afirma Caio Megale, economista-chefe da XP.
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O dólar chegou a tocar o patamar dos R$ 5,60, mas terminou o dia em alta de 0,32% a R$ 5,572 na compra e R$ 5,573 na venda. O dólar futuro para novembro de 2021 é negociado a R$ 5,577, com alta de 0,27% no after market.
Mais uma vez, o mercado de juros futuros precificou os próximos passos que devem ser tomados pelo Copom e os contratos tiveram mais um dia de alta expressiva. O DI para janeiro de 2023 avançou 43 pontos-base, a 11,59%; DI para janeiro de 2025 subiu 25 pontos-base 11,92%; e o DI para janeiro de 2027 teve variação positiva de 13 pontos-base, a 11,96%.
“O cenário pode mudar após a definição de alta da Selic. A curva de juros futuros que está subindo pode começar a cair a partir dessa definição”, afirma Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.
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Bolsas americanas batem novo recorde
As Bolsas em Nova York bateram mais um recorde de pontuação hoje. Dow Jones e SP&500 renovaram máximas históricas e a expectativa é que os balanços das empresas continuem dando fôlego aos negócios, com resultados melhores do que o esperado. O destaque da semana são as big techs, como Microsoft e Alphabet, dona do Google.
O Dow Jones fechou em leve alta de 0,04%; o S&P avançou 0,18%; e o Nasdaq com variação positiva de 0,06%.
Após o fechamento dos mercados, saíram os resultados trimestrais de algumas Big Techs. A Microsoft reportou lucro líquido de US$ 20,5 bilhões no período, alta de 38%. A Alphabet, dona do Google, teve lucro de US$ 18,94 bilhões enquanto o Twitter teve prejuízo de US$ 537 milhões.
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O Stoxx 600, índice que mede o desempenho de companhias europeias em 17 setores, fechou em alta de 0,75%, impulsionado por Wall Street e balanços positivos das empresas da região.
Os preços do petróleo voltaram a ganhar fôlego. O Brent para dezembro de 2021 avançou 0,44% a US$ 86,38 o barril. O WTI, no mesmo vencimento, sobe 1,01% a US$ 84,61 por barril.
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