Verde Asset aumenta aposta em ações brasileiras, apesar de mercado precificar “cenário inóspito” para Bolsa

Em sua tradicional carta mensal, a gestora informou ainda que está subindo gradativamente a posição em juros reais locais

Bruna Furlani

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SÃO PAULO – Embora as projeções do mercado para o Ibovespa ao fim deste ano tenham passado por uma série de revisões ao longo do último mês, a renomada gestora de fundos Verde Asset disse que está aproveitando o momento para selecionar ativos com “disciplina” e “aumentar a posição” em ações brasileiras.

“Acreditamos que uma série de boas empresas estão negociando a valores bastante interessantes, e temos, seletivamente e com disciplina, aumentado posição neste mercado”, destacaram os analistas da casa na sua tradicional carta mensal.

Para a gestora, essa seleção é ajudada pelo fato de que hoje o mercado acionário no Brasil parece precificar um cenário “inóspito” – consequência, na visão da casa, da dinâmica de fluxo que até recentemente era bastante favorável às ações, mas que agora sofre com o aumento da Selic e a má performance recente das empresas que vieram a mercado.

Além de aumentar as posições em Bolsa, a Verde Asset disse ainda que está subindo gradativamente a posição em juro real local. A justificativa, segundo a gestora, é que as curvas de juros e o próprio Banco Central estão muito focados na inflação corrente.

Na visão da Verde, ambos estariam “ignorando uma provável desaceleração econômica em curso, fruto da perda de renda real do consumidor, ainda antes que o efeito completo da alta de juros tenha sido sentido”.

Economia global

Ao comentar sobre o mercado de juros nos Estados Unidos e na Europa, os analistas da casa afirmaram que seguem acreditando que a direção das taxas é para cima, com novas altas pela frente. Porém, estão indo com calma. “Reduzimos um pouco as posições. Há que se ter cuidado para não exagerar na dose pensando em 2022”.

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A cautela é adequada porque o cenário mundial segue “oscilando à mercê de desequilíbrios múltiplos”, na visão da gestora. Segundo a casa, o mundo vive hoje um enorme ciclo de “reestocagem”, ou seja, há uma tentativa de formação de novos estoques.

O problema, de acordo com eles, é que isso parece ocorrer ao mesmo tempo em que há uma série de dificuldades ao longo da cadeia produtiva. “O crescimento em várias indústrias parece maior do que de fato é, exacerbando os efeitos no preço de muitos bens (e ativos) e dificultando a projeção para a frente”, apontaram os analistas.

Retorno

Na carta, a gestora destacou ainda que o fundo teve ganhos nas posições tomadas (apostando na alta) em juros nos mercados desenvolvidos, e na posição de juro real no mercado local. Já as perdas vieram das posições em ações brasileiras.

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Em setembro, o fundo Verde FIC FIM, carro-chefe da casa, teve perdas de 0,12%, enquanto a taxa do CDI (principal referência de desempenho da renda fixa) avançou 0,44%. No acumulado do ano, o fundo também rende abaixo do benchmark, com ganhos de 1,49%, contra variação de 2,51% do CDI.