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SÃO PAULO – As criptomoedas acompanharam o mercado de ações e acumulam fortes perdas nesta segunda-feira (20). O Bitcoin (BTC), que abriu a menos de US$ 45.000, chegou a atingir cerca de US$ 42.600 nas primeiras horas do dia, e é negociado a US$ 43.185 às 16h10. Já outros ativos menores caem até 18%, caso do Near (NEAR).
O motivo dessa vez não é uma fala de Elon Musk ou a perseguição a mineradores na China – mas, vem do mesmo país. Assim como as ações, o mercado cripto reage à escalada da crise imobiliária chinesa, cuja gigante Evergrande registra fortes perdas novamente em meio a preocupações sobre a capacidade de pagamento de ao menos uma parcela da dívida de US$ 305 bilhões que vence na próxima quinta-feira (23).
Os temores sobre o impacto do caso Evergrande nas criptomoedas surgiram ainda na semana passada, quando começaram a circular rumores de que a Tether (USDT), emissora da maior stablecoin do mundo com capitalização de mais de US$ 69 bilhões, deteria papeis da companhia chinesa entre os ativos que serviriam de lastro para o criptoativo.
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A Tether, no entanto, logo esclareceu publicamente que não tem papel comercial ou qualquer título de dívida da Evergrande. A calma entre investidores, no entanto, não durou muito e foi incapaz de impedir que o selloff nas bolsas globais nesta abertura de semana afetasse o preço das criptomoedas.
“Há tempos já não é mais possível dizer que os criptoativos, em especial o Bitcoin, não fazem parte do universo de investimentos como um todo”, afirma Bruno Milanello, executivo de novos negócios do Mercado Bitcoin.
Segundo ele, as criptomoedas são de fato mais voláteis dada sua pouca idade, mas já acompanham movimentos macro de mercado e estão sujeitas a eventos que vão de discussões climáticas, regulatórias e sobre os juros a casos como o da Evergrande. “O Bitcoin deixou de ser algo de nicho. É um ativo verdadeiramente global”, afirma.
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Já Ricardo Dantas, CO-CEO da corretora Foxbit aproveita para lembrar que, nas últimas grandes quedas, as criptomoedas tiveram um retorno mais rápido do que ativos tradicionais. “Temos que lembrar que cada vez mais investimentos institucionais então vindo para cripto e isso também traz os mesmos receios e impactos para quem está operando”, diz.
Em momentos de instabilidade como o atual, o Bitcoin e demais criptos são vistos como arriscados demais e costumam ser liquidados pelo investidor mais cauteloso, que corre para ativos como ouro ou dólar. “Sempre quando há algum evento de grande importância, seja ele positivo ou potencialmente negativo, como o caso da Evergrande, os ativos considerados mais arriscados sofrem mais devido a procura por proteção bem como por ativos ‘porto seguros’ ou de maior qualidade”, explica Milanello.
Não por acaso o VIX, índice de volatilidade do S&P 500 que aponta o medo dos investidores, está em alta e já bate 26,71, nível visto pela última vez há quatro meses. Na mesma toada, o DXY, que mede o peso do dólar frente a uma cesta de moedas, sobe para 93,22, o maior desde 20 de agosto.
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O que esperar para o Bitcoin
Apesar da queda, especialistas ouvidos pelo InfoMoney afirmam que o momento não abala as expectativas de longo prazo para o Bitcoin. Embora acumule atualmente mais de 10% de perdas nos últimos 30 dias, a criptomoeda ainda entrega quase 300% de retorno no ano e, para os mais otimistas, deverá multiplicar esse número em breve.
“Em momentos de turbulência, é importante relembrarmos os fundamentos de um investimento e, até agora, os do Bitcoin, seguem intactos”, ressalta o executivo do Mercado Bitcoin. Já Dantas assegura que “o Bitcoin sempre tem que ser visto a longo prazo”, e entende que o cenário continua dentro do esperado, com forte expectativa que uma nova máxima, acima dos US$ 65.000 registrados em abril, poderá chegar ainda em 2021.
Vários analistas independentes apontam similaridades nos gráficos de preço de ciclos anteriores do Bitcoin e o atual, levantando a possibilidade de que a máxima de fato estaria longe. Projeções mostram que o alvo seria de, no mínimo, US$ 100 mil, e poderia vir até o final do ano caso haja um catalisador como a aprovação do ETF de Bitcoin nos Estados Unidos.
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