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SÃO PAULO – A Binance, maior bolsa de criptomoedas do mundo por volume negociado, vai abandonar seu modelo de operação descentralizada para adotar um sistema mais clássico de hierarquia com sede física. O movimento é admitidamente voltado para agradar reguladores de órgãos que supervisionam o mercado de capitais em diversos países, e que têm mirado na corretora de origem asiática nos últimos três meses.
“Como administramos uma bolsa centralizada, percebemos que precisamos ter uma entidade centralizada para trabalhar bem com os reguladores. Precisamos ter registros claros da propriedade das partes interessadas, transparência e controles de risco”, disse Changpeng Zhao em entrevista ao China Morning Post nesta quinta-feira (16).
Zhao já se gabou várias vezes da estrutura descentralizada da Binance, à qual confere o sucesso para contratar especialistas pelo mundo e para entregar novos produtos com rapidez. No entanto, o executivo diz que a companhia passa por um novo momento, e que precisa aprender a lidar com reguladores da maneira com a qual as agências estão acostumadas.
A mudança se soma à várias outras anunciadas pela Binance recentemente para driblar a forte pressão regulatória que forçou a empresa a suspender saques na zona do euro e a reforçar o bloqueio a produtos derivativos em países onde a oferta requer uma licença especial, como é no caso do Brasil. Alvo de alerta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2020, a Binance só passou a impedir ativamente o acesso de brasileiros aos produtos de margem e futuros em agosto de 2021.
Pressão regulatória
O movimento de pressão de reguladores contra a Binance começou em junho, quando Autoridade de Condução Financeira (FCA), do Reino Unido, emitiu um alerta contra a subsidiária britânica Binance Markets e mencionou a Binance Global em comunicado oficial. Foi o suficiente para desencadear uma série de restrições à corretora por parte de bancos, como Barclays e Santander, que passaram a impedir transações de clientes com a bolsa – na prática, não era mais possível fazer depósitos ou saques em euros por meio da Binance.
Outros países aproveitaram a deixa e acompanharam a FCA, alertando consumidores contra serviços não licenciados oferecidos pela empresa em países como Itália, Austrália, Lituânia e Hong Kong. A partir daí, o Zhao passou a se dedicar integralmente em pivotar a empresa para um modelo mais aceito por governos, o que exigiu forte investimento em pessoal de compliance, além de mudanças de regras para usuários.
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Trades de margem foram encerrados nos pares de criptomoedas com o euro, e as negociações de margem começaram a ser completamente revogadas em alguns países da Europa. Além disso, a companhia aumentou as exigências de verificação de identidade, impedindo que contas anônimas acessem recursos básicos na plataforma.
Tudo isso, segundo o próprio CEO, faz parte de um plano para tornar a Binance altamente regulada e conseguir a aprovação para uma abertura de capital nos EUA, nos moldes da Coinbase. A primeira bolsa de criptomoedas a estrear na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) alcançou valor de mercado de US$ 100 bilhões na abertura, valor considerado apenas uma fração do potencial da Binance.
O motivo é a receita astronômica da empresa de Zhao por seu alto volume de negociações: enquanto a Coinbase registra cerca de US$ 5 bilhões em volume diário, a Binance chegaria à média de US$ 200 bilhões movimentados diariamente.
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