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Em tempos tão difíceis, as crises sanitária e financeira provocadas pela pandemia da Covid-19 chacoalharam o cenário da filantropia no país. De um lado, vimos bastante gente precisando de apoio. De outro, muitas mobilizações e campanhas solidárias foram formadas.
Mas qual é o retrato do efeito da pandemia sobre a doação individual? A Pesquisa Doação Brasil 2020, promovida pelo IDIS (Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social), avaliou vários aspectos da percepção e prática de doação pelos brasileiros, e os principais resultados foram discutidos no 39º episódio do podcast Aqui Se Faz, Aqui Se Doa.
Essa foi a segunda edição do levantamento. Em 2015, a entidade coordenou a iniciativa para uma pesquisa em âmbito nacional que mapeasse o comportamento do doador individual no Brasil daquele ano. Os dados obtidos ajudaram o terceiro setor a se planejar melhor e a se aprimorar.
Nesta segunda-feira (23), foi a vez de a edição de 2020 ser divulgada. A diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, que também estava à frente do primeiro estudo, contou os detalhes do novo trabalho.
A crise da Covid-19 afetou o número de doadores no país, conforme indicou a pesquisa. Em 2015, foi registrado que 77% dos brasileiros fizeram algum tipo de doação (dinheiro, bens, tempo e outras formas). Em 2020, esse número caiu para 66%.
Um dos pontos observados pelo podcast sobre a pesquisa foi a percepção de um efeito gangorra: uma parcela da população mais pobre, que antes costumava doar, passou agora a precisar de doação. Enquanto os mais ricos passaram a apoiar mais.
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“A gente teve um impacto dramático da pandemia nas classes mais vulneráveis que deixaram de doar. A pesquisa de 2015 mostrou que o grande grupo de doadores no Brasil estava na classe C e D. O que a gente vê é uma retração da doação nessas classes. Mas a boa notícia é o aumento da doação nas classes mais privilegiadas, A e B”, disse Paula em entrevista ao Aqui Se Faz, Aqui Se Doa, programa produzido pelo Instituto MOL e pelo Movimento Bem Maior, com o apoio do InfoMoney. (ouça aqui)
Na classe das famílias com renda entre seis e oito salários-mínimos, houve um aumento de 51% para 58%, entre as duas edições da pesquisa. Na categoria com renda superior a oito salários-mínimos, a elevação foi de 55% a 59%. Já o grupo com renda de até dois salários-mínimos registrou uma queda de 32% para 25%.
Outra importante observação da pesquisa foi o aumento da confiança da população nas organizações do terceiro setor. Entre os doadores, o índice era de 74% em 2015 e passou para 93% cinco anos depois. Entre os não doadores, o motivo de não apoiar por não confiar nas instituições caiu de 17% para 4%.
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“A mensagem que a gente tira é a de um avanço na prática da cidadania, que é reflexo desse aumento na confiança nas ONGs. As pessoas percebem que o governo não vai dar conta, se mobilizam e passam a doar e passam a ter uma boa experiência com as organizações”, afirmou.
O estudo apontou que o perfil clássico do brasileiro doador em dinheiro em 2020 é: o de uma mulher, com idade média de 42 anos, com instrução superior, moradora do Nordeste ou Sudeste, com renda familiar superior a quatro salários-mínimos, que está satisfeita com a própria renda e que crê em alguma religião.
A pesquisa quantitativa contou com 2.103 entrevistas e foi feita entre os dias 16 de março de 2021 e 22 de maio. O questionário refere-se somente a ações do ano passado.
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