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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira (16) em meio a uma “tempestade” de más notícias nos âmbitos nacional e internacional. Foram dados fracos da economia chinesa, tomada do Afeganistão pelo Talibã, e, por aqui, o presidente Jair Bolsonaro prometeu apresentar pedidos de impeachment contra os ministros Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na China, as vendas no varejo cresceram 8,5%, abaixo da expectativa de 11,5% de analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Reuters. Já a produção industrial se expandiu em 6,4% no mesmo período, abaixo da expectativa de 7,8%, também segundo analistas ouvidos pela Reuters.
Entre os fatores para o desempenho abaixo da expectativa, o Escritório Nacional de Estatísticas da China citou o impacto de incertezas externas, a pandemia de Covid na China e enchentes, e também afirmou que “a recuperação econômica é instável e desigual”.
Sobre o Afeganistão, o grupo considerado terrorista retomou o controle do país aproveitando a retirada das tropas americanas, que foi prometida pelo presidente Barack Obama, planejada pelo presidente Donald Trump após negociações de paz com o grupo, e efetivada pelo presidente Joe Biden.
Segundo Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, a principal consequência do novo cenário para os mercados é que pode enfraquecer Biden e tornar mais difícil a aprovação de medidas como o pacote trilionário de investimentos em infraestrutura do democrata. Já Jennie Li, estrategista de ações da XP, acredita que o medo do terrorismo vai aumentar com a vitória do grupo fundamentalista. Ambas as análises estão no canal do Telegram do InfoMoney.
Ainda no exterior, o índice de atividade industrial Empire State, que mede as condições da manufatura no Estado de Nova York, recuou do nível recorde de 43 em julho para 18,3 em agosto, segundo pesquisa divulgada nesta segunda pelo Federal Reserve de Nova York. O resultado veio abaixo da previsão já pessimista de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que esperavam baixa do indicador a 29 neste mês.
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Leia também: Dados fracos da China podem ser só começo de desaceleração maior e impactam mercado de petróleo e minério
Na política nacional, as ameaças de Bolsonaro ao STF se fortaleceram depois que Alexandre de Moraes determinou a prisão de Roberto Jefferson (PTB-RJ) por ameaças contra a democracia no âmbito do inquérito sobre milícias digitais.
Segundo Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores, é preocupante a escalada das tensões e conflitos entre os Poderes. “Com essa decisão de levar pessoalmente ao Senado pedidos de impeachment contra Barroso e Moraes, Bolsonaro leva o Congresso para esse ambiente de crise institucional”, defende o analista.
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Ribeiro prevê que Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e o Senado não darão andamento às ações, mas a atitude vai servir para exacerbar o antagonismo das forças bolsonaristas contra o Supremo, o que mostra o fracasso das “forças apaziguadoras”.
Para o analista, matérias como as nomeações de Augusto Aras para um novo mandato no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) e de André Mendonça, para o STF, e até a Reforma do Imposto de Renda, devem enfrentar dificuldades no Senado.
Já a XP Política alerta que a pressão jogada por Bolsonaro sobre Pacheco amplia a distância entre o Executivo e o Senado, reforçando as dificuldades que o governo tinha para avançar sua agenda no Congresso.
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A Arko Advice, por fim, avalia que a tensão política continue aquecida, visto que Bolsonaro é alvo de quatro inquéritos no STF e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de modo que cada processo acende o risco de novos embates.
O Ibovespa teve queda de 1,66%, a 119.180 pontos com volume financeiro negociado de R$ 33,889 bilhões. Foi a maior baixa do benchmark desde 30 de julho, quando o índice recuou 3,08% e o menor patamar de fechamento desde 04 de maio, quando o Ibovespa fechou cotado a 117.712 pontos.
De acordo com Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, a baixa de hoje, apesar de muito forte, não foi um típico movimento de aversão a risco, mas um fluxo mais local de vendas. “Na sexta passada, a Bolsa brasileira praticamente zerou os ganhos no ano. Então, os investidores começam a questionar se, com os juros subindo, vale ficar aplicado em renda variável e não deixar o dinheiro na renda fixa”, comentou.
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Enquanto isso, o dólar comercial subiu 0,68% a R$ 5,28 na compra e a R$ 5,281 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em setembro registra valorização de 0,57% a R$ 5,284.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu dois pontos-base a 6,63%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de seis pontos-base a 8,40%, o DI para janeiro de 2025 avançou 16 pontos-base a 9,55% e DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de 20 pontos-base a 9,99%.
Voltando ao exterior o Produto Interno Bruto (PIB) japonês avançou 0,3% no segundo trimestre em comparação com o trimestre imediatamente anterior, quando contraiu 0,9%, segundo dados oficiais preliminares divulgados na segunda, acima da estimativa de alta de 0,2% prevista por analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Reuters.
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Relatório Focus
Os economistas do mercado financeiro elevaram mais uma vez suas projeções para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021, mostrou o Relatório Focus do Banco Central. De um avanço de 6,88%, agora espera-se que o indicador encerre o ano em um crescimento de 7,05%. Já o IPCA para 2022 foi revisado de 3,84% para 3,90%.
Em relação ao PIB, as previsões foram revisadas para baixo, saindo de expansão de 5,3% para 5,28% em 2021. Para 2022, as expectativas oscilaram de 2,05% para 2,04%.
Para o dólar, as estimativas se mantiveram em que a moeda encerre este ano cotada a R$ 5,10 e 2022 termine com um dólar valendo R$ 5,20.
Sobre a taxa básica de juros, Selic, as projeções para 2021 foram elevadas de 7,25% ao ano para 7,50% ao ano. Para 2022, a expectativa é de que os juros se mantenham nesse patamar de 7,5%.
Covid no Brasil
No domingo (16), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 860, queda de 11% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 385 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.
A média móvel de novos casos em sete dias foi de 28.379, o que representa queda de 19% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 13.810 casos.
Chegou a 114.867.227 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 54,25% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 49.622.252 pessoas, ou 23,43% da população.
No sábado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o governo federal pretende antecipar a aplicação da segunda dose de vacinas da Pfizer a partir de setembro deste ano, quando todas as pessoas com mais de 18 anos já tiverem tomado ao menos uma dose de vacinas.
“À medida em que a gente avance na primeira dose, já se rediscutiu colocar a Pfizer no intervalo de 21 dias. Aí a gente avança na segunda”, afirmou Queiroga. “Nós já temos 70% da população acima de 18 anos com uma dose.”
A bula das vacinas da Pfizer indica a aplicação da segunda dose 21 dias depois da primeira, mas o governo brasileiro decidiu estender o prazo para três meses inicialmente por temor sobre o cronograma de chegada dos imunizantes ao país.
Em um evento em Brasília, Queiroga aproveitou também para criticar a decisão do governo de São Paulo de entrar na Justiça para receber doses de vacinas que, de acordo com a Secretaria de Saúde paulista, o ministério deve ao estado e não entregou.
Queiroga insiste que São Paulo retirou doses a mais da CoronaVac diretamente do instituto Butantan, e que as doses de Pfizer não entregues seriam uma equalização.
Bolsa Família, contas públicas e política
Em live promovida pela XP Investimentos na sexta (13), o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, afirmou que os últimos cálculos da Receita Federal eram de perda de R$ 20 bilhões em arrecadação com o texto da reforma do Imposto de Renda.
“Muda muito”, afirmou ele. “Se não me engano era alguma coisa em torno de R$ 20 bilhões em termos de perda”, disse.
Ele afirmou que, nesse cenário, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios é tida como crucial para abrir espaço no Orçamento de 2022 para acomodar dentro da regra do teto de gastos o Auxílio Brasil, novo programa de transferência de renda do governo Jair Bolsonaro.
Encaminhada nesta semana ao Congresso, a PEC propõe dividir em dez parcelas o pagamento dos precatórios com valor de mais de R$ 66 milhões.
O texto também impõe uma limitação provisória dos pagamentos anuais de precatórios a 2,6% da receita corrente líquida, o que também sujeitará precatórios entre R$ 66 mil e R$ 66 milhões a eventual parcelamento.
Caso a PEC não prospere, Funchal afirma que o plano B seria a redução de gastos tributários. “Qual seria o plano B, o que a gente tem discutido? A gente precisa enviar um plano, a gente vai enviar até meados de setembro um plano de redução de gastos tributários”, afirmou.
“Aí o volume dessa compensação daria a base de compensação para o novo programa.” De acordo com Funchal, o plano vai mirar uma redução de R$ 15 bilhões em gastos tributários para 2022.
“Eu imagino que o presidente tem em mente reforma do IR para um (financiamento do novo Bolsa Família) e esse plano para o diesel”, destacou o secretário.
Segundo Funchal, a expansão do Bolsa Família para que passe a contemplar 17 milhões de famílias com um benefício médio de R$ 280 a R$ 300 demandará entre R$ 26 bilhões e R$ 28 bilhões adicionais. Atualmente, o orçamento do programa é de cerca de R$ 34,9 bilhões, alcançando 14,7 milhões de famílias e com benefício médio de R$ 190.
Em entrevista reproduzida na sexta na Rádio Jovem Pan, o ministro da Economia Paulo Guedes defendeu a proposta de parcelar os precatórios, uma medida que foi criticada em governos anteriores.
Ele disse que ministros que o antecederam negociaram com os credores o pagamento dos chamados superprecatórios, de valores mais elevados, em condições que não são conhecidas. Ele citou os ex-ministros Pedro Malan, Guido Mantega e Henrique Meirelles.
“Eu pelo menos fiz algo à luz do dia, transparente e para todos, a regra se aplica a todos”, afirmou Guedes, ressaltando que a medida dará previsibilidade a um gasto que tem crescido aceleradamente.
“Em vez de resolver o meu problema, porque falta só um ano, eu preferi dar previsibilidade fiscal para os próximos dez, quinze anos, não haverá mais saltos”, afirmou.
Ele negou que a mudança na regra tenha tido relação com despesas previstas para o Bolsa Família para 2022, ressaltando que o programa já estava orçado para o ano que vem quando “de repente” chegou uma conta de R$ 90 bilhões de precatórios, quando a previsão era que o gasto ficaria em R$ 58 bilhões.
Ele reiterou que não poderia pagar esse valor sem ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal e que sua obrigação é tornar o Orçamento exequível, por isso a proposta de parcelar os precatórios.
Em entrevista publicada nesta segunda no jornal Valor, Guedes afirmou que, sem a adoção de regras que permitam parcelar os precatórios, o governo poderia ter de recorrer à suspensão do funcionamento de alguns órgãos públicos, e mesmo de salários do funcionalismo. “Portanto, não se trata de acomodar as despesas para poder pagar o novo Bolsa Família”, assegurou.
Em fala durante o 4º Encontro Folha Business em Vitória (ES) na sexta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o sentimento de mercado virou em meio a preocupações mais recentes com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, incertezas sobre o financiamento do novo Bolsa Família e concessão de incentivos para setores específicos.
Ele afirmou que o compromisso com a sustentabilidade das contas públicas é crucial para o trabalho da autoridade monetária, num momento em que as taxas longas de juros voltam a atingir o patamar de dois dígitos, guiadas pelo temor dos agentes com a elevação dos gastos públicos. E disse que é impossível para qualquer Banco Central do mundo fazer o trabalho de segurar expectativas de inflação com o quadro fiscal descontrolado.
Sobre a inflação, Campos Neto avaliou que alta de preços no país foi influenciada “um pouco” pela desvalorização do real, mas citou a contribuição paralela de “vários outros fatores”, como o aumento dos custos da energia pelo problema hídrico.
Destaque ainda para a entrevista do Secretário do Tesouro, Jeferson Bittencout, ao Estadão, na qual ele reconhece os riscos de retirar os gastos financiados pela venda de ativos da União do resultado primário, inclusive para o pagamento dos chamados “dividendos sociais”. O secretário defende que a criação do fundo para abatimento das dívidas com precatórios pode servir de incentivo à desestatização e não acredita em decisão contrária do STF à PEC. Quanto ao Orçamento de 2022, diz que o governo deve enviá-lo até o final do mês, com os R$ 89 bilhões de precatórios pagos à vista e um Bolsa Família de R$ 34,8 bilhões, pois a PEC não terá tempo suficiente de tramitar até lá.
Já no sábado, um dia depois da prisão do presidente do PTB, Roberto Jefferson, o presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para afirmar que irá pedir ao Senado a abertura de processo contra os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso e ameaçou o país com uma “ruptura institucional”.
“Todos sabem das consequências, internas e externas, de uma ruptura institucional, a qual não provocamos ou desejamos. De há muito, os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, extrapolam com atos os limites constitucionais”, escreveu o presidente em suas redes sociais.
“Na próxima semana, levarei ao Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um pedido para que instaure um processo sobre ambos, de acordo com o art. 52 da Constituição Federal”, acrescentou.
Radar corporativo
A temporada de resultados chega na sua reta final. Na noite de sexta-feira, foram divulgados os dados da CVC (CVCB3). A operadora de viagens reportou prejuízo líquido de R$ 175,570 milhões no segundo trimestre deste ano, perda 30,4% menor que a registrada um ano antes, de R$ 252,129 milhões (veja mais clicando aqui).
A Cosan (CSAN3) teve lucro líquido ajustado de R$ 750 milhões entre abril e junho, forte alta frente o ganho de R$ 23,4 milhões registrado em igual período de 2020.
A Boa Safra Sementes (SOJA3) teve alta de 314,6% do lucro líquido, a R$ 11,700 milhões no 2º trimestre de 2021.
Maiores altas
Ativo | Variação % | Valor (R$) |
---|---|---|
QUAL3 | 3.85021 | 19.69 |
CPFE3 | 2.04391 | 26.96 |
SUZB3 | 1.58423 | 57.71 |
BRAP4 | 1.38374 | 71.07 |
SBSP3 | 1.16106 | 33.98 |
Maiores baixas
Ativo | Variação % | Valor (R$) |
---|---|---|
CVCB3 | -8.55928 | 17.2 |
EMBR3 | -6.44541 | 19.45 |
VIIA3 | -6.10619 | 10.61 |
COGN3 | -6.0241 | 3.12 |
LAME4 | -5.69514 | 5.63 |
No segundo trimestre, a Vivara (VIVA3) viu seu lucro líquido atingir R$ 81,7 milhões, mais do que dobrando em relação ao mesmo período de 2019, ainda antes da pandemia. Na comparação com 2020, a companhia conseguiu reverter um prejuízo.
O Enjoei (ENJU3) teve alta do prejuízo em 10,9 vezes no segundo trimestre, para R$ 30,040 milhões. A Tecnisa (TCSA3) registrou prejuízo líquido de R$ 54 milhões no trimestre, alta de 33%.
Já a Ânima (ANIM3) teve lucro ajustado de R$ 18,7 milhões. Ambipar (AMBP3) e Méliuz (CASH3) também divulgaram seus números nesta segunda-feira antes da abertura da Bolsa. Após o fechamento, IRB (IRBR3), Cemig (CMIG4), entre outras companhias, divulgarão seus números.
Ainda em destaque, a Ultrapar (UGPA3) fechou acordo para vender 100% de sua empresa de químicos especiais Oxiteno para o grupo tailandês de produtos químicos Indorama Ventures por US$ 1,3 bilhão, informaram as companhias nesta segunda-feira.
(com Reuters e Estadão Conteúdo)
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