Sem ter mais a Petrobras como sócia, o que esperar da BR Distribuidora? Analistas destacam perspectivas positivas para a empresa

Expectativa do mercado está em torno dos ganhos com a nova gestão da BR Distribuidora, que está sob o comando de Wilson Ferreira Júnior

Estadão Conteúdo

Posto de combustíveis da Petrobras
Posto de combustíveis da Petrobras

Publicidade

A rede de postos de combustíveis BR Distribuidora (BRDT3), historicamente ligada à Petrobras (PETR3;PETR4), não tem mais a estatal como sócia. A petroleira encerrou ontem a venda dos 37,5% que ainda detinha na empresa por meio de uma oferta subsequente de ações (follow-on) na B3, a Bolsa brasileira. A operação, que movimentou R$ 11,36 bilhões, é a maior deste ano até aqui. A oferta veio para encerrar um processo de venda das ações da BR que começou há cerca de quatro anos. A privatização de fato da empresa ocorreu em 2019, quando a petroleira deixou o controle do negócio.

Na oferta desta quarta-feira, 30, que contou com a participação relevante de investidores estrangeiros, a ação da BR Distribuidora foi fixada em R$ 26, conforme fontes – pequeno desconto em relação ao fechamento do papel no pregão de ontem, que se encerrou em R$ 26,68, após alta de 1,44%.

Nessa oferta de ações nenhum dinheiro foi para o caixa da empresa, visto que a oferta foi apenas secundária, aquela em que o acionista vende suas ações e precisa ser recompensado. A transação foi coordenada pelos bancos Morgan Stanley, BofA, Citi, Goldman Sachs, Itaú BBA e JP Morgan, além da corretora XP.

Agora com o capital completamente pulverizado na Bolsa brasileira e sem a presença de um sócio do setor público, a expectativa do mercado está em torno dos ganhos com a nova gestão da BR Distribuidora, que está sob o comando de Wilson Ferreira Júnior, que assumiu o leme em março, depois de deixar a Eletrobras (ELET3;ELET6).

Com novo perfil, a empresa tende a ganhar musculatura para manter a disputa pelo primeiro lugar nesse mercado. Conforme o último boletim de abastecimento, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a BR possui cerca de 23% de participação, seguida de perto da Raízen (20,5%) e da Ipiranga (19,3%).

A saída da Petrobras do capital da distribuidora de combustíveis tem sido bem recebida por analistas, já que na visão do mercado retira qualquer risco político em torno da empresa, além de ampliar as expectativas de que o negócio se modernize mais rapidamente. “A saída da estatal desvincula, em parte, a BR dos riscos oriundos de seu atual acionista majoritário”, comenta Ilan Arbetman, analista de pesquisa da Ativa Investimentos.

Continua depois da publicidade

Já analistas do Credit Suisse apontam que as perspectivas para a BR são positivas, na esteira da recuperação econômica, que deve ficar ainda mais em evidência com o avanço da vacinação, segundo relatório. Os analistas veem o preço-alvo para a ação da BR a R$ 43, potencial valorização de mais de 60% ante o fechamento de ontem.

A BR Distribuidora possui cerca de 8 mil postos de serviços e 1,1 mil lojas de conveniência da marca BR Mania. No processo de transição energética, a expectativa é de que a companhia passe a atuar em outros mercados, como comercialização de energia elétrica, gás natural e etanol.

Longa despedida

A largada para a Petrobras vender as ações de sua própria distribuidora de combustíveis se deu no fim de 2017, momento em que a BR fez sua oferta inicial de ações (IPO, pela sigla em inglês) – na época, a estatal vendeu 30% de sua participação, em transação que movimentou R$ 5 bilhões.

Continua depois da publicidade

Em 2019, veio uma nova oferta, quando a Petrobras vendeu mais 30% da BR, uma operação dessa vez de R$ 8 bilhões. Com os R$ 11,4 bilhões movimentados ontem, a estatal colocou R$ 24,4 bilhões no caixa ao se desfazer da área de distribuição.

Curso gratuito mostra como iniciar carreira no mercado financeiro começando do zero, com direito a certificado. Inscreva-se agora.