Profissional de baixa instrução trabalha 12,9% menos e com nível superior, 11,7% mais

Trabalhadores com menor nível de instrução foram os mais prejudicados pelo choque provocado pela pandemia no mercado de trabalho

Estadão Conteúdo

Ilustração sobre desemprego
Ilustração sobre desemprego

Publicidade

Os trabalhadores brasileiros com menor nível de instrução foram os mais prejudicados pelo choque provocado pela pandemia de covid-19 no mercado de trabalho, aponta um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

No primeiro trimestre de 2021, o número de horas trabalhadas pelos profissionais com ensino fundamental incompleto despencou 12,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Por outro lado, as pessoas com ensino superior completo trabalharam 11,7% mais horas que no mesmo período do ano anterior.

O levantamento mostra perda no número de horas trabalhadas também para quem tinha o ensino fundamental completo (-6,0%) e ensino médio completo (-4,1%). As informações têm como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo faz parte do cálculo do Índice de Qualidade do Trabalho (IQT), que começa a ser divulgado pelo Ipea, combinando informações de mercado de trabalho com dados de escolaridade e experiência de trabalhadores. O objetivo é acompanhar a evolução da produtividade do trabalho no País.

“Com base nesse indicador, analisamos as mudanças de composição do trabalho no Brasil de 2012 a 2020, que apresentam um viés de melhora mais acentuada nos momentos de crise econômica – período em que os trabalhadores menos qualificados estão mais expostos ao desemprego”, explica o Ipea, na Carta de Conjuntura divulgada nesta segunda-feira, 14.

Houve crescimento médio de 2,31% ao ano na qualidade da população ocupada no mercado de trabalho brasileiro durante entre o segundo trimestre de 2012 até o primeiro trimestre de 2021. O resultado tem influência da melhora no nível educacional da população em idade ativa, mas é também puxado pela saída acelerada de trabalhadores com grau de instrução mais baixo em períodos de crise econômica.

Continua depois da publicidade

O Índice de Qualidade do Trabalho (IQT) cresceu 2,7% ao ano na comparação entre o primeiro trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2016, e 11,9% ao ano na comparação entre o quarto trimestre de 2019 e o segundo trimestre de 2020, auge do impacto econômico provocado pela crise sanitária.

“Já nas fases de expansão econômica, o crescimento médio ficou entre 0,90% a.a. (ao ano) e 1,5% a.a. (ao ano) – bem inferior às variações dos períodos recessivos. Assim, concluímos que a participação relativa dos grupos demográficos mais qualificados aumentou em decorrência da maior perda líquida de vagas dos trabalhadores de baixa qualificação em períodos de turbulência econômica”, apontou o Ipea.

Analista Wilson Neto apresenta os segredos das 5% das pessoas que são bem sucedidas no day trade. Inscreva-se no curso gratuito Desafio dos 5%.