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SÃO PAULO – Resultados excepcionais e mais iniciativas de eficiência foram evidenciados nos números da BR Distribuidora (BRDT3) no primeiro trimestre de 2021, fazendo com que as ações disparassem até 9% na sessão desta quarta-feira (12), enquanto o Ibovespa registrou fortes perdas. Os papéis BRDT3 subiram 5,06%, a R$ 25,13, sendo uma das poucas altas do índice.
O lucro líquido ficou em R$ 492 milhões, uma alta expressiva de 110% em relação ao primeiro trimestre de 2020, mas outros números se destacaram ainda mais.
O primeiro trimestre foi o primeiro em que houve um ganho forte de rentabilidade, mesmo com volume de vendas em patamares ainda aquém da capacidade total da companhia, destaca a equipe de análise da Levante Ideias de Investimentos.
O volume total de vendas foi de 9,337 milhões de metros cúbicos, 1,6% superior ao primeiro trimestre, porém 9,2% abaixo do quarto trimestre do ano passado, com os segmentos mais relevantes (rede de postos e grandes consumidores – B2B) apresentando quedas próximas a 10% no volume total apresentado nos últimos três meses de 2020.
Já o crescimento anual no volume de óleo combustível foi de de 67,4%, um indicador da volta da indústria em geral, além do maior volume de diesel (9,5% de alta na base anual), ainda que compensados por menores volumes de aviação (12% de queda na comparação ano a ano) e coque (queda de 35,6%).
Além disso, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado por efeitos não recorrentes, alcançou R$ 1,18 bilhão, com uma margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) por metro cúbico de combustível distribuído de R$ 127, em linha com os melhores patamares de rentabilidade histórica de seus pares diretos e inclusive acima de um dos principais concorrentes, a Ultrapar (UGPA3).
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Com tantos números positivos, Regis Cardoso e Marcelo Guimero, do Credit Suisse, apontaram que a BR Distribuidora vem com tamanha força de crescimento que os próprios analistas não têm mais títulos otimistas suficientes para seus relatórios sobre a companhia. O documento do banco suíço que comenta o resultado traz o título “Quando você pensava que não poderia ficar melhor…” (em tradução livre), com os analistas apontando não haver mais maneira de dizer para os investidores comprarem o papel, dado os múltiplos descontados e expectativa de ganhos.
O Ebitda da companhia ficou 11% acima das projeções do banco suíço, com anúncios para o futuro cheio de estimativas promissoras.
Segundo a administração da empresa, o Ebitda elevado foi mais um passo importante em direção ao fechamento da diferença de margens que historicamente distanciava a companhia do restante do setor. “Continuamos a ambicionar patamares de rentabilidade que nos coloquem em posição compatível com nossa escala e participação de mercado, através de uma permanente busca por eficiência que entendemos ainda oferecer oportunidades adiante”, escreveram os executivos no comunicado de resultados.
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Conforme destaca o Bradesco BBI, com mais iniciativas para maior eficiência e intenção de gradualmente mudar sua matriz para energias renováveis, o novo CEO da companhia, Wilson Ferreira Jr – que está no cargo desde março após uma passagem bastante elogiada pela Eletrobras -, já está deixando as suas marcas. Os analistas elevaram o preço-alvo para a ação de R$ 28 para R$ 31, com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado),
Além da expectativa de ganhos de margem adicional de cerca de 18 metros cúbicos para 2022, o Credit também destacou os ganhos inesperados de R$ 353 milhões, após a companhia assinar acordo de renegociação de dívida com a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), que poderá gerar um impacto positivo nesse montante no resultado da distribuidora de combustíveis.
Cardoso e Gumiero apontam que, com as ações negociando a R$ 24 por ação, ou cerca de R$ 28 bilhões de valor de mercado, o múltiplo de preço sobre o lucro (P/L) é de 17 vezes, assumindo uma estimativa de lucro de R$ 1,6 bilhão para 2021. Porém, com Ebitda de R$ 3,7 bilhões e uma margem de R$ 93 por metro cúbico, “as estimativas estão claramente conservadoras comparadas com os resultados entregues do primeiro trimestre”, avaliam.
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Fazendo uma série de análises, o Credit aponta que o lucro da empresa pode ir, “realisticamente”, para R$ 2,4 bilhões, implicando em um P/L mais baixo, de 11,5 vezes, bem abaixo do múltiplo de 20 vezes dos seus pares na Bolsa.
Conforme aponta a Levante, a estratégia comercial e sistema de precificação mais eficiente permitiram à companhia praticar preços em linha com os aumentos observados nas refinarias neste trimestre, obtendo margens recorrentes superiores e em patamares recordes em relação ao histórico da companhia.
Além disso, a BR Distribuidora já distribuiu cerca de R$ 2,3 bilhões em remuneração aos seus acionistas no ano de 2021, relativos aos resultados de 2020, um equivalente a 10,8% de retorno em proventos, um dos maiores patamares do mercado.
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“Ainda há espaço para mais pagamento de dividendos em 2021, se considerarmos uma melhora gradual dos volumes daqui em diante, continuidade da implementação de medidas de eficiência operacional, que segundo a companhia, ainda tem cerca de R$ 450 milhões em despesas anuais a serem economizadas, além da aceleração do sistema de precificação com potencial de adição de mais 100 milhões de reais em lucro bruto, ainda neste ano de 2021”, avalia a equipe de análise.
Futuro mais renovável e de mais expansão
Olhando para o futuro da companhia, o Credit destaca ainda o compromisso para a mudança de matriz energética, assim como de desenvolvimentos regulatórios e transformação digital. “A companhia está envolvida em uma revisão estratégica que irá guiar o futuro do seu capital nos próximos anos. (…) Estamos confiantes que a BR Distribuidora está bem posicionada para sair como uma das vencedoras desse processo de transição energética nos próximos anos, mesmo com o impacto negativo baseado no seu atual modelo de distribuição de combustíveis líquidos”, avaliam Cardoso e Gumiero.
A Levante aponta ainda que há o potencial de expansão mais forte na frente de receita e margem bruta nos segmentos de aviação, ainda muito abaixo dos volumes pré-pandemia. Também chama a atenção para a parceria com a Lojas Americanas (LAME3/LAME4 e BTOW3) para a operação de lojas de conveniência, com potencial de trazer cada vez mais tráfego e fluxo para a rede de postos da BR.
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“O momento segue bastante favorável para a companhia, que ainda vê espaço para ganhar tanto na receita, como na margem”, destacam os analistas da casa de research.
O Bradesco BBI aponta ainda como possível catalisador a venda das ações que a Petrobras detém (a estatal ainda possui 37,5% do capital da distribuidora). Ainda que essa possível venda afete os papéis da companhia no curto prazo por conta da entrada de um grande número de ações no mercado, a expectativa é positiva por conta da saída da estatal (e dos seus riscos embutidos) na empresa, além de haver uma projeção de maior liquidez.
Agora, contudo, o BBI aponta que não está claro se a Petrobras continuará com a venda com a administração de Joaquim Silva e Luna na petroleira. Sobre o assunto, Ferreira Jr. afirmou que a venda de ações da BR pela Petrobras será um dos temas tratados em uma reunião entre os presidentes de ambas as companhias que deverá ocorrer entre esta e a próxima semana.
“Porém, na pior das hipóteses em que a venda não aconteça, a BR Distribuidora tem a aprovação da CVM para prosseguir com a recompra de ações. Portanto, acreditamos que os riscos são direcionados para o lado positivo”, avalia o BBI, reforçando as iniciativas para diversificar a matriz energética da empresa e os esforços contínuos para cortar custos.
Um risco fundamental no radar está relacionado à perda recente dos contratos de distribuição de coque com a Petrobras, o que poderia custar à empresa aproximadamente R$ 200 milhões em Ebitda anual, segundo estimativas do BBI. “Mesmo assim, a empresa está bem posicionada para entregar cerca de R $ 4 bilhões em Ebitda em 2021, crescendo à medida que a mobilidade se recupera”, apontam os analistas.
As expectativas são majoritariamente positivas, conforme aponta compilação da Refinitiv com casas de análise que cobrem o papel. De quatorze, onze possuem recomendação de compra e três neutra, com preço-alvo médio de R$ 27,92, ou potencial de valorização de 17% em relação ao fechamento da véspera. Algumas casas, como o Credit, têm projeções ainda mais positivas, com preço-alvo de R$ 32, enquanto o Morgan Stanley tem preço-alvo de R$ 30,50. Para os analistas, a maré positiva está só começando para a companhia.
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