Crise chega até ao “inatingível” mercado de veículos de luxo no Brasil

Neste ano, por enquanto, o sofrimento do pessoal que revende carros de luxo está maior do que a média do mercado

Raphael Galante

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Caros leitores, digníssimas leitoras: quem fizer uma busca rápida aqui no blog (quem segue a gente já sabe) vai perceber que sempre falamos do adorável mercado de veículos de luxo.

Em geral, o público que consome esse tipo de produto é aquele que habita o “mundo de Caras”.

E o lado “mais melhor de bom” desse segmento era (perceba o verbo no passado) o fato deles estarem imunes à crises – ou, pelo menos, sofriam menos do que o resto do mercado.

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Como o nosso “crássico” exemplo de sempre, mencionamos a Porsche, que registrava um crescimento médio de quase 30% ao ano, nos últimos cinco anos.

Então, amiguinhos… deu ruim!

Infelizmente, a atual pandemia nos faz lembrar daquele nosso cunhado que: nada produz; acaba com a comida da geladeira (nossas economias) e não vai embora nunca de casa!

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E neste ano, por enquanto, o sofrimento do pessoal que revende carros de luxo está maior do que a média do mercado.

Se neste primeiro bimestre o setor automobilístico registra retração de quase 15%, o mercado de luxo registra queda de 17%.

Atualmente no mercado nacional, temos marcas que estão dando uma lavada nos concorrentes, como o grupo Stellantis (Fiat, Jeep, Peugeot e Citroen), que registrou crescimento de 18% neste primeiro bimestre – em grande parte pelo estrondoso sucesso da Fiat “pato” Strada.

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Mas olhando o mercado de luxo marca por marca, notamos o sofrimento do pessoal.

O nosso Top 3 de marcas de luxo, ranqueadas por volume de vendas, é composto pelas três marcas alemãs: BMW, Mercedes Benz e Audi.

A BMW registrou queda de 4%, o que não é ruim, visto que o mercado se encontra com retração de 15%. Além disso, ela é a marca de luxo com maior volume de vendas.

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Mas, passando para as outras duas marcas alemãs, parece que o chucrute do pessoal azedou.

A Mercedes registrou queda de 33% nas vendas no primeiro bimestre. A Audi, que fecha o nosso TOP 3, teve retração de 10,4% e é a marca que mais preocupa, já que parou de produzir veículos e pode seguir os passos da Ford aqui no Brasil.

A Volvo, quarta marca entre os veículos de luxo, que vem forte na eletrificação completa de seus produtos, registrou queda de 14%.

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Já a RAM, fechando o nosso top 5, é a única que registrou crescimento nas vendas: alta de 6,6%. Afinal de contas, a única coisa que vai razoavelmente bem no Brasil é o agronegócio – e aí os “agroboys” vão às compras atrás da sua picape/caminhão.

E a Porsche?

Se ela vinha crescendo quase 30% ao ano nos últimos cinco anos, neste primeiro bimestre o tombo dela é de 27%. Foram 372 carros da Porsche emplacados neste primeiro bimestre, contra 510 no mesmo período do ano passado.

E se a gente decidir aumentar um pouco a nossa régua de corte no nosso adorável mundo de Caras, com produtos ainda mais exclusivos?

Aí teríamos a Jaguar com retração nas vendas de 77%; a Lamborghini com retração de 75%; a Lexus com 74,5%; a Maserati com queda nas vendas de 50%; e, por fim, os milionários carros da McLaren, que sequer tiveram uma única unidade emplacada neste ano.

MENÇÕES HONROSAS

1º: Temos que destacar que a Subaru (com carros entre R$ 150 mil a R$ 280 mil), registrou crescimento de quase 195% nas vendas. Mas a marca é meio que “café-com-leite”, pois está sobre a tutela do Dr. Carlos Alberto “Midas” de Oliveira Andrade (Grupo CAOA). Em geral, o que ele toca vira ouro.

2º: Se você pegar a “nata da nata” do mundo de Caras, vai perceber que a venda da Ferrari aumentou em 50% no primeiro bimestre.

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui. Ou me segue lá no Facebook, Instagram, Linkedin e Twitter.

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva