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SÃO PAULO – A semana foi negativa para o minério de ferro, com a commodity fechando em baixa de cerca de 6% na Bolsa de Commodities de Dalian, na China, na segunda maior perda semanal até agora este ano.
O motivo para tanto foi a continuidade das medidas na China para restringir as operações altamente poluentes das siderúrgicas e reduzir a capacidade de produção, que pesaram sobre o ânimo dos investidores com a commodity.
Na segunda-feira, o minério de ferro spot, matéria-prima para a fabricação do aço, chegou a ser negociado a US$ 176 por tonelada, perto de máxima de US$ 179,50 na semana passada, recorde desde 2012, segundo dados da SteelHome.
Contudo, no mesmo dia, o Ministério da Ecologia e Meio Ambiente da China pediu que Tangshan, a principal cidade siderúrgica do país, reprima aqueles que violam as regras de qualidade do ar, depois que quatro usinas não conseguiram implementar restrições à produção durante dias de forte poluição. Assim, Tangshan instou as empresas industriais pesadas, como siderúrgicas e usinas de coque, a cortar a produção.
Os efeitos do anúncio foram sentidos imediatamente no mercado, uma vez que a cidade, situada na província de Hebei, responde por um quarto da produção de aço no país, maior produtor global.
Apenas na terça-feira (9), os futuros do minério negociados na Bolsa de Dalian chegaram à baixa máxima de 10%, a 1.031,50 iuanes, ou US$ 157,98, revertendo em parte os ganhos registrados anteriormente com o otimismo do mercado sobre um aumento na demanda após Ano Novo Lunar. Nesta sexta, o contrato futuro negociava a 1.059 iuanes, US$ 163,11, fechando a semana em queda de 6%.
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Apesar do noticiário ter também levado a uma baixa das ações de companhias do setor, notoriamente da Vale (VALE3), com queda de cerca de 3% na semana, os analistas de mercado seguem otimistas com as ações de mineração e siderurgia. A expectativa já era de baixa dos preços do minério, considerados a valores não sustentáveis depois da disparada em 2020 por conta da restrição da oferta e a demanda forte da China na ocasião. Contudo, a resiliência do minério de ferro, mesmo com a queda recente da cotação, leva inclusive a revisões positivas para os papéis do setor.
A XP Investimentos apontou nesta semana que, em seus modelos, projeta um preço de US$ 120 a tonelada ao final do ano para o minério de ferro. “Nossa preferência no setor segue por Vale, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 122 por ação”, apontam os analistas.
Em relatório desta sexta-feira, os analistas do Bradesco BBI inclusive elevaram a projeção para o preço médio do minério de ferro em 2021, de US$ 130 a tonelada para US$ 140 a tonelada, enquanto a perspectiva para 2022 passou de US$ 90 para US$ 100. Assim, a expectativa é de queda para o minério de ferro, mas ainda a patamares bastante sustentáveis para as companhias.
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Com isso, reforçou também a recomendação outperform (desempenho acima da média) para os ADRs (American Depositary Receipts) na NYSE e para as ações da Vale negociadas na B3, elevando o preço-alvo de US$ 24 para US$ 25 e de R$ 120 para R$ 133, respectivamente.
A recomendação outperform também foi reforçada para Usiminas (USIM5), com o preço-alvo sendo elevado de R$ 20 para R$ 22 e com o BBI reforçando a companhia como top pick entre as siderúrgicas, mas com preferência pela Vale também ao considerar as mineradoras. A visão também é positiva para a Gerdau (GGBR4), com preço-alvo indo de R$ 31 para R$ 33.
“Os preços dos metais surpreenderam nossas expectativas já positivas até agora neste ano, enquanto a demanda pelo aço
continua com suporte no Brasil, EUA e México e provavelmente não devendo esfriar antes do terceiro trimestre”, avaliam.
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Enquanto os preços do minério de ferro e do aço internacional superaram as estimativas dos analistas no primeiro trimestre, o real se desvalorizou ainda mais, deixando espaço para aumentos adicionais nos preços do aço no Brasil. Além disso, as siderúrgicas negociaram contratos anuais com montadoras.
Os analistas citaram as restrições à produção de aço chinesa em 2021, mas também ainda esperam que o mercado de minério de ferro permaneça deficitário (estimativa é de um déficit de 60 milhões de toneladas). A avaliação é de que a demanda ainda deva apresentar forte desempenho em 2021 (impulsionado pela atividade manufatureira e de construção), não apenas na China, mas em outras grandes economias, à medida que o mundo sai da pandemia do coronavírus.
Durante a semana, ao avaliarem as atuações recentes na China com potencial de conter a produção de aço em 2021, os analistas do BBI apontaram que isso não significaria necessariamente a ruína para a demanda de minério de ferro, uma vez que a demanda geral de aço de uso final ainda deve crescer, uma grande parte da indústria já estava adaptada aos padrões de emissão mais baixa e eles não viam a China recuar significativamente no mercado. Além disso, apontaram, a produção pode ser mais forte em outras partes do gigante asiático, potencialmente compensando as perdas em Tangshan.
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Cabe destacar ainda que a Vale tem uma vantagem competitiva: sua mina de Cajarás no norte do Brasil possui o minério de ferro de maior qualidade em qualquer lugar do mundo, com 65% de ferro (versus o padrão no mercado internacional de 62%), o que é um diferencial, ainda mais levando em conta a luta da China contra a poluição.
A expectativa do BBI é de que a Vale tenha um forte desempenho em 2021, com a projeção de que a mineradora gere um lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações de US$ 32 bilhões (12% acima do consenso de mercado) e com um Fluxo de Caixa Livre para o Patrimônio Líquido (FCFE) de US$ 15 bilhões. A projeção é de dividendos totais de US$ 10 bilhões, ou um dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) de cerca de 11%.
Assim, apesar do revés recente do minério de ferro, as expectativas seguem positivas. De acordo com as projeções compiladas pela Refinitiv, de 9 casas que cobrem os ativos VALE3, apenas 1 delas não recomenda compra para os papéis, com recomendação neutra para os ativos.
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