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SÃO PAULO – Os ADRs da Petrobras (PETR4;PETR3), recibos das ações negociados na Bolsa de Nova York, fecharam o after market com queda de 9,55% na noite de sexta-feira (19), cotados a US$ 9,09, após o presidente Jair Bolsonaro anunciar nas redes sociais a indicação do general Joaquim Silva e Luna para ser o novo presidente da estatal.
No pregão regular, os ativos da companhia registraram queda de 7,12%, cotados a US$ 10,05.
O sócio da Acqua Investimentos, Bruno Musa, destaca que o general Silva e Luna não tem experiência no setor de petróleo e gás, por isso a reação do mercado é ainda pior. “Interferência política nunca é bem vista pelo mercado e os investidores já estão refletindo isso”, afirma.
Já Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, diz que “não é exagero dizer que a Petrobras ficou uninvestable (não investível)”. Para ele, essa é uma situação de “perde-perde”.
“[A Petrobras] Não vai se beneficiar da recuperação dos preços do petróleo, independentemente do desfecho desse caso. E como não tem estratégia nenhuma em renováveis, muito pelo contrário, a tese de médio prazo fica comprometida”, avalia Attuch.
Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, essa é uma das atitudes mais negativas já tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro em relação à gestão da Petrobras.
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“A repercussão é muito negativa. Com certeza, na segunda-feira, a ação da Petrobras vai cair ainda mais porque fica evidente que essa decisão acontece pelo fato de que a Petrobras tem como seu sócio majoritário a União. Mas ela é também uma empresa de capital aberto, então ela deve satisfação ao mercado, ela tem que cumprir as regras de compliance”, diz Agostini.
“Fica clara e evidente a ingerência, principalmente na sistemática de reajuste de preços da Petrobras, que o presidente sempre foi contra. Vale lembrar que em 2018 Bolsonaro apoiou a greve dos caminhoneiros e depois teve um forte apoio dos caminhoneiros na eleição. Ele está de olho no apoio da categoria na eleição de 2022”, completa Agostini.
Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, ressalta que as últimas notícias sinalizam que a Petrobras está voltando a sofrer interferências políticas, como aconteceu no passado. “Nós já vivemos no passado a interferência no governo Dilma que trouxe enormes prejuízos para a empresa. O novo presidente vai ser chamado pelo mercado a fazer ajustes para a Petrobras não amargar mais queda do preço da ação no futuro”, diz.
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Agostini lembra ainda que Castello Branco foi uma indicação do ministro da Economia, Paulo Guedes. “Bolsonaro já queria trocar Castello Branco, mas o ministro Paulo Guedes o convenceu a mantê-lo, mencionando os problemas que ele teria se trocasse o comando da estatal. A gente sabe que o mercado de juros, câmbio e a Bolsa podem dar uma forte azedada na segunda-feira”, afirma.
Vale concorda que a troca no comando da Petrobras reforça a visão de que Guedes está enfraquecido e Bolsonaro está focado na reeleição. “Como o Bolsonaro vai reagir a isso? A alternativa de represar os preços o mercado já conhece e vai dar muito errado. Isso mostra também a fraqueza do ministro Guedes. Em 2019 ele conseguiu reverter essa indisposição, mas agora não. Isso tudo mostra também as dificuldades de gerenciamento do país nos próximos dois anos com um presidente focado na reeleição”, diz o economista da MB.
Veja no vídeo abaixo tudo sobre a crise que culminou na saída de Castello Branco do comando da Petrobras.
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