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SÃO PAULO – Um dos destaques de 2020, com valorização de mais de 300% em dólar, em meio às incertezas provocadas pela pandemia, o Bitcoin voltou a ganhar o holofote dos mercados nos últimos dias após o investimento de US$ 1,5 bilhão da fabricante de carros elétricos Tesla.
Agora, a criptomoeda tem sido debate entre investidores com um grupo, que inclui o renomado gestor Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, defendendo que o Bitcoin pode ser considerado uma alternativa ao ouro. Mas há nomes de peso que refutam a ideia.
Em artigo publicado no jornal britânico Financial Times, Nouriel Roubini, economista turco-americano e professor da Stern School of Business da Universidade de Nova York, conhecido por “Doutor Catástrofe” devido às suas previsões mais pessimistas, criticou os diversos usos que o mercado tem dado ao Bitcoin. A moeda acumula, em dólar, ganhos da ordem de 60,3% em 2021.
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“Não é uma unidade de valor, não é um meio escalável de pagamento e não é legitimável por companhias para o pagamento de bens e serviços”, escreveu, ao afirmar que o Bitcoin não pode ser considerado uma moeda.
Aos que consideram o Bitcoin como o “novo ouro”, Roubini argumenta que a criptomoeda não é uma forma estável de reserva de valor, dado que a volatilidade pode apagar qualquer ganho em questão de horas.
A opinião vai contra a defendida por Dalio em carta aberta publicada no LinkedIn, na qual argumentou que o Bitcoin é um investimento alternativo semelhante ao ouro.
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“Como não há muitos desses depósitos de ativos de riqueza semelhantes ao ouro que podem ser mantidos em privacidade – e porque os tamanhos de seus mercados são relativamente pequenos –, existe a possibilidade de que o Bitcoin e seus concorrentes possam preencher essa necessidade crescente”, defendeu o fundador da Bridgewater, ao fim de janeiro.
Segundo Roubini, os ativos são ainda diferentes do sistema financeiro tradicional, tido como seguro e escalável. “Se a chave é roubada ou perdida, o investidor fica sem seus recursos”, escreve.
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Para o economista, o Bitcoin também não deve ser pensado como um investimento. “Muitos ativos têm uma fonte de renda (ações, títulos do governo, imóveis) ou uso (moradia) ou até outras utilidades, como ouro, que tem uso industrial e pode ser utilizado como reserva de valor, proteção contra a inflação e em cenário de grande incerteza.”
Na avaliação do professor, diante de um cenário de grande incerteza, com crises financeiras, riscos geopolíticos e políticas monetárias mais relaxadas, a demanda crescente por “portos seguros” deveria recair sobre ativos que forneçam hedge (proteção) contra a inflação, a depreciação cambial e outros riscos, o que seria o caso do ouro, de títulos públicos atrelados à inflação, commodities, imóveis e ações negociadas em bolsas.
“O Bitcoin, que é volátil e arrojado, não deve pertencer ao portfólio de investidores institucionais. Elon Musk pode estar apostando a casa na criptomoeda, mas isso não significa que você deva fazer o mesmo”, conclui.
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