Estas duas ações dispararam com as techs na pandemia de coronavírus, mas escaparam de uma correção

FedEx e UPS receberam recomendações otimistas de analistas e já sobem mais de 50% cada uma em 2020

Anderson Figo

Operadores na NYSE usando máscaras para se proteger do coronavírus, em março de 2020
Operadores na NYSE usando máscaras para se proteger do coronavírus, em março de 2020

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SÃO PAULO — Duas ações de Wall Street dispararam junto com as techs na pandemia de coronavírus, mas escaparam da correção recente que esses papéis sofreram. As empresas de entregas FedEx e UPS alimentam boas perspectivas de analistas e receberam recentemente uma nova rodada de upgrade em recomendações.

Desde o início do ano, os papéis da FedEx acumulam ganho de 78,7% na Bolsa de Nova York (NYSE), enquanto os da UPS sobem 50,3% no mesmo período. Somente nos últimos dois meses, as ações subiram 45,6% e 17,8%, respectivamente. Aqui no Brasil, os BDRs (recibos de ações) da FedEx e da UPS disparam 143% e 104,6% em 2020.

O Deutsche Bank elevou na semana passada a recomendação para as ações da FedEx de manutenção para compra, aumentando o preço-alvo para os papéis de US$ 243,00 para US$ 318,00 — o que configura um potencial de valorização de 18,7% sobre o fechamento de ontem.

Foi a quinta casa de análise que promoveu um upgrade na recomendação para as ações da FedEx desde julho. Segundo o analista do Deutsche, Amit Mehrotra, os resultados da empresa no primeiro trimestre fiscal nos Estados Unidos, encerrado em 31 de agosto, ajudaram a demonstrar que a companhia pode navegar o boom do e-commerce causado pela pandemia.

A FedEx reportou lucro líquido ajustado 60% maior do que o visto um ano antes, totalizando US$ 1,28 bilhão, ou US$ 4,87 por ação. Já a receita líquida da empresa cresceu 13,5%, para US$ 19,3 bilhões. Os analistas esperavam ganho por ação de US$ 2,69 e receita de US$ 17,55 bilhões, segundo a Reuters.

O analista do Deutsche já tinha recomendação de compra para a UPS, com preço-alvo de US$ 160,00. “Vemos os próximos resultados para ambas as empresas como tendo potencial para gerar um poder de precificação [das ações] muito forte, cujos benefícios provavelmente ainda estão sendo subestimados”, disse Mehrotra.

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A a UPS teve sua recomendação elevada de neutra para compra pela corretora americana KeyBanc Capital Markets, com preço-alvo de US$ 190,00 — o que configura um potencial de valorização de 8,6% sobre o fechamento de ontem.

O analista Todd Fowler ressaltou a tendência positiva para a companhia. “Esperamos uma cadência constante de comentários favoráveis ​​em torno de preços e rendimento, eficiência e iniciativas de implantação de capital”, disse.
Allison Landry, analista do Credit Suisse, elevou a recomendação da UPS para outperform (desempenho acima da média do mercado) com um preço-alvo de US$ 192,00, ante US$ 147,00. Landry disse que os catalisadores são claros e atraentes, incluindo que o poder de precificação doméstica mudou de forma tangível para as operadoras e que o Capex provavelmente começará a cair depois de vários anos em alta.

A analista também observou que a UPS está agora sendo liderada por um líder com histórico comprovado de execução em desempenho de custo, ganhos de eficiência, disciplina de capital e melhores retornos.

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Múltiplos e fundos

Segundo a Dow Jones, dois terços dos analistas que cobrem as ações da FedEx têm recomendação de compra para os papéis. Já para a UPS o número fica em cerca de 50%.

Atualmente, as ações da FedEx são negociadas com múltiplo de 16 vezes o valor esperado de lucro para a empresa nos próximos 12 meses. No caso da UPS, a relação é de 22 vezes o lucro projetado.

Embora os analistas estejam otimistas com as ações das empresas de entregas nos Estados Unidos, o número de hedge funds investindo nesses papéis tem diminuído.

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Os fundos com posição comprada nas ações da FedEx passaram de 50 para 47 no último trimestre, enquanto que aqueles com posição comprada em UPS foram de 48 no fim de março para 37 no fim de junho.

O Third Avenue é um dos que estavam apostando pesadamente na FedEx recentemente. Em carta para os cotistas no primeiro trimestre fiscal dos Estados Unidos, o gestor do fundo enfatizou que ela é uma das maiores empresas de logística do mundo.

“Apesar de seu histórico de criação de valor extraordinário para os acionistas ao longo de décadas, a FedEx enfrentou uma série de obstáculos operacionais nos últimos anos. Primeiro, a expansão e evolução de seus serviços de entrega terrestre para atender à demanda de comércio eletrônico em rápido crescimento exigiu investimentos caros e criou ineficiências na rede FedEx Ground no curto prazo”, escreveu.

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“Em segundo lugar, em 2016, a FedEx adquiriu a TNT para expandir suas operações europeias e aumentar a escala dentro de sua linha de negócios FedEx Express. Este é um negócio que já era inerentemente menos lucrativo e mais intensivo em capital do que seu negócio FedEx Ground”, completou.

O gestor disse que sua visão é de que os investimentos substanciais da FedEx para continuar a “supremacia por décadas” em um mercado de comércio eletrônico em evolução são “sensatos e estratégicos”.
“Também acreditamos que os custos associados à integração com a TNT serão dissipados nos próximos trimestres e que a administração da FedEx está posicionando estrategicamente a companhia para manter seu status crítico no oligopólio secularmente crescente de entrega de pacotes”, disse.

“Com o tempo, esperamos que a FedEx retorne aos níveis históricos de lucratividade e retorno sobre o capital, além de aumentar significativamente o volume geral de negócios no futuro. Nossas estimativas sugerem que isso também deve resultar em um preço das ações substancialmente mais alto”, concluiu.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.