Disparada da bolsa nos EUA não dá espaço para descrença

Gestores que migraram para aplicações seguras de curtíssimo prazo quando a pandemia estourou foram forçados a voltar para as ações

Bloomberg

(Reprodução: Bloomberg)
(Reprodução: Bloomberg)

(Bloomberg) — Entre investidores profissionais ou juízes do mercado, está ficando quase impossível manter o pessimismo diante da disparada das ações dos EUA.

Gestores de fundos que migraram para aplicações seguras de curtíssimo prazo quando a pandemia estourou foram forçados a voltar para as bolsas, levando as métricas de posicionamento a níveis históricos.

Analistas de Wall Street – incluindo alguns que desistiram de fazer previsões quatro meses atrás – estão subindo preços-alvo a cada dia. Até o Goldman Sachs Group, que chegou a alertar que inadimplência e dividendos em queda poderiam provocar um segundo tombo do mercado, agora projeta alta adicional de 6% para o S&P 500.

Embora mostre a pressão sobre profissionais que deixaram de aproveitar um ganho de US$ 12 trilhões, a unanimidade se tornou um dos maiores fatores de risco nos mercados atualmente, com excesso de posições iguais à medida que todos são forçados a comprar.

Um indicador customizado de sentimento compilado pelo Citigroup mostrou que a “euforia” atingiu seu maior nível desde a febre das empresas de internet.

“Um novo fechamento recorde certamente seria encorajador, mas nem sempre é a aceleração que parece”, alerta Jonathan Krinsky, principal técnico de mercado da Bay Crest Partners. “Há muito otimismo por aí, o que muitas vezes dificulta sustentar as rupturas.”

O medo de ficar de fora deu origem à alta e agora está totalmente desenfreado após as bolsas encenarem uma forte recuperação após o mercado ter entrado no território pessimista na maior velocidade já vista.

Com um ganho de mais de 50% em menos de seis meses, o S&P 500 está a caminho da recuperação mais rápida em registro, superando brevemente o recorde atingido em fevereiro, de 3.386,15 pontos, em três dos últimos quatro pregões.

Gestores de recursos estão apostando na retomada das bolsas depois de reduzir a exposição a níveis historicamente baixos durante a queda do mercado, de acordo com uma pesquisa da Associação Nacional de Gestores de Investimentos Ativos. O índice de exposição do grupo, que acompanha consultores de investimento de 200 instituições que supervisionam mais de US$ 30 bilhões, subiu para o maior patamar em dois anos. Mesmo os entrevistados mais pessimistas estão 50% comprados em ações, algo que não se via desde o final de 2017.

“Conclusões a partir das discussões com investidores institucionais sinalizam conforto significativo com a disposição dos bancos centrais de manter os juros baixos por um período prolongado”, escreveu Tobias Levkovich, estrategista-chefe de ações dos EUA do Citigroup, em nota divulgada na semana passada. “É uma mudança significativa em relação aos comentários ouvidos um ou dois meses atrás e reflete o sentimento complacente/entusiasmado do investidor e uma racionalização para a disparada incessante.”

Estrategistas de Wall Street, que se apressaram a cortar os preços-alvo para o S&P 500 durante a derrapada de março, agora tentam tirar o atraso para aproveitar um movimento de ganhos que foi contra a maioria das previsões. Mais da metade dos estrategistas acompanhados pela Bloomberg elevou projeções desde junho, quando as mesmas estavam bem abaixo do mercado.

Curso gratuito do InfoMoney ensina como lucrar na Bolsa fazendo operações que podem durar poucos minutos ou até segundos: inscreva-se!

ACESSO GRATUITO

CARTEIRA DE BONDS