Ibovespa fecha em queda de 1,6% e volta aos 100 mil pontos com preocupações pela área fiscal; dólar cai a R$ 5,36

Mercado encerra o dia com fortes perdas e volta a níveis próximos de 100 mil pontos devido à piora no cenário político

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (13) pressionado principalmente por blue chips como Petrobras e Vale em dia de desvalorização das commodities no mercado internacional.

No radar macroeconômico, mesmo depois do presidente Jair Bolsonaro renovar voto de confiança no ministro da Economia, Paulo Guedes, os investidores seguem preocupados com a condução do ajuste fiscal por conta da demissão dos secretários Salim Mattar e Paulo Uebel.

Já em Wall Street, as bolsas terminaram em queda devido à impaciência dos investidores com o impasse entre republicanos e democratas para aprovar um pacote de estímulos contra os efeitos econômicos do coronavírus. As negociações já duram mais de duas semanas. Mais cedo, as bolsas subiam graças ao dado de pedidos de seguro-desemprego nos EUA, que ficou abaixo de um milhão pela primeira vez desde março.

O Ibovespa registrou queda de 1,62% a 100.460 pontos com volume financeiro negociado de R$ 32,823 bilhões. Também fez preço hoje a temporada de resultados, com altas expressivas da Via Varejo. Frigoríficos, por sua vez, começaram o pregão com ganhos, mas notícias da identificação de coronavírus em exportações de frango brasileiras acabaram invertendo a tendência. Para mais destaques de ações clique aqui.

O dólar comercial caiu 1,56% a R$ 5,366 na compra e a R$ 5,3675 na venda. Enquanto isso, o dólar futuro para setembro tem baixa de 1,36% a R$ 5,365 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu 11 pontos-base a 2,81%, o DI para janeiro de 2023 registrou ganhos de 13 pontos-base a 3,99% e o DI para janeiro de 2025 avançou 18 pontos-base a 5,80%.

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No Brasil, a principal preocupação é com as medidas de cunho fiscal. O ministro da Economia, Paulo Guedes, quer evitar que a regra do teto de gastos seja flexibilizada, embora ocorra, dentro do governo, uma pressão para o aumento de gastos como forma de lidar com a pandemia do novo coronavírus.

Outra agenda de Guedes é a criação da carteira de trabalho verde amarela, que permitiria a contratação de trabalhadores pelo regime de horas. O objetivo é estimular a criação de novas vagas.

Vale destacar que, na véspera, Bolsonaro reuniu-se com Guedes e os presidentes da Câmara e do Senado para mostrar apoio ao ministro e defender o teto de gastos, em uma iniciativa após a reação negativa do mercado à debandada de secretários, diante do receio de desidratação da agenda liberal.

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Entre os indicadores nacionais, o volume de serviços cresceu 5% em junho na comparação mensal e caiu 12,1% na base anual, mostrou a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ajuste fiscal

Para lidar com a pressão para mudanças no testo de gastos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e lideranças do Congresso querem acelerar a votação de uma proposta que permite ao governo acionar em 2021 medidas de contenção dos gastos já previstas na Constituição, além de criar novos freios para as contas públicas, segundo reportagem do jornal “O Estado de São Paulo“.

Entre as medidas que poderiam ser adotadas estão a proibição de criação de despesas obrigatórias (como salários e o pagamento de benefícios da Previdência), criação de novos cargos, ampliação de benefício tributário (como isenções dadas a empresas e famílias) e corte de renúncias já concedidas.

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Essas medidas corretivas seriam adotadas pelo governo automaticamente, já no ano que vem, e evitariam o estouro do teto de gastos – a regra que impede o crescimento das despesas acima da inflação.

Apesar da tentativa de Guedes de manter o ajuste fiscal, há uma demanda, inclusive dentro do governo, para a expansão dos gastos públicos como resposta à crise da pandemia da Covid-19.

Carteira Verde Amarela

O governo federal quer afrouxar as regras de contratação de trabalhadores permitindo que até metade dos empregados sejam pagos por hora trabalhada e não por um salário mensal. Essa forma de contratação seria a base da proposta da carteira verde e amarela, segundo reportagem publicada pelo portal UOL.

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O objetivo do governo seria estimular a criação de novas vagas, sendo que o valor básico por hora trabalhada será baseado no salário mínimo (R$ 1.045 atualmente).

As mudanças na lei trabalhista, feitas em 2017, permitem o pagamento por hora no regime de trabalho intermitente. No entanto, nesse regime, o trabalho não pode ser contínuo.

Segundo a reportagem, a ideia do ministro da Economia, Paulo Guedes, é que esse regime não desse direito a férias remuneradas, 13º salário e recolhimento ao FGTS, mas técnicos da equipe econômica alertaram que esses benefícios são constitucionais e a proposta sofreria grande oposição dos parlamentares.

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Radar corporativo

A Marfrig registrou lucro líquido de R$ 1,59 bilhão no segundo trimestre, ante apenas R$ 86,5 milhões em igual período do ano passado. Segundo a empresa, um melhor desempenho operacional e a demanda chinesa garantiram esse resultado.

O Ebitda ajustado entre abril e junho ficou em R$ 4,1 bilhões, alta de 266% no comparativo anual. A receita líquida consolidada foi de R$ 18,9 bilhões, avanço de 54% na comparação com igual período de 2019. Esse avanço contou com a ajuda das exportações da América do Sul para a Ásia, que subiram 145% no trimestre.

A empresa informou ainda que o preço médio de seus produtos subiu 18%, ante 11% do mercado.

Já a Ultrapar registrou lucro líquido de R$ 50 milhões no segundo trimestre do ano, uma queda de 60% na comparação com igual período do ano passado. Esse resultado é explicado pela queda de 18% das vendas de combustíveis na rede de postos Ipiranga, um dos setores afetados pelas medidas de distanciamento social adotadas para frear o avanço da Covid-19.

O Ebitda ajustado da companhia foi de R$ 611 milhões, queda de 14%.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
VVAR3 3.46916 18.79
KLBN11 2.97716 25.25
HAPV3 2.12037 62.61
NTCO3 1.9734 47.54
TAEE11 1.90611 28.87

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
BRFS3 -8.28194 20.82
BRML3 -7.27101 9.82
ELET3 -6.35629 33.59
MULT3 -5.8497 22.05
ELET6 -5.14132 35.24

Ainda na temporada de balanços, a Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, registrou lucro líquido de R$ 65 milhões no segundo trimestre do ano, ante prejuízo de R$ 162 milhões em igual período de 2019.

A receita líquida da empresa entre abril e junho foi de R$ 5,2 bilhões, queda de 12,4% no comparativo anual. Já o Ebitda ficou em R$ 532 milhões, uma alta de 71,7%.

E a varejista ainda vai entrar nos índices acionários MSCI, incluindo o Global Standard. A revisão trimestral contou com a entrada da Via Varejo e a exclusão da brMalls.

No MSCI Global Small Caps, considerando apenas as mudanças nos papéis brasileiros, foram incluídas as ações de brMalls e excluído o papel da Via Varejo.

Essas mudanças entram em vigor no dia 31 de agosto.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.