iFood, Uber Eats e Rappi: qual o futuro dos aplicativos de delivery no mercado de alimentação?

Avanço do delivery na alimentação fora do lar é tema de vídeo da série Do Zero ao Futuro. Confira as tendências

Letícia Toledo

Publicidade

SÃO PAULO – Aplicativos de delivery de refeições viram seus números disparem por todos os lados desde o início da pandemia. O líder entre os aplicativos, iFood, aumentou sua base em mais de 40 mil novos restaurantes desde março. E, no mercado como um todo, a demanda dos consumidores cresceu cerca de 250% no período de pandemia — segundo dados da consultoria Food Consulting.

Diante deste cenário, o futuro do delivery de refeições é tema do segundo vídeo da série Do Zero ao Futuro — criada pelo podcast Do Zero ao Topo.

Antes da pandemia, os aplicativos de delivery já vinham em crescimento acelerado — de mais de 100% ao ano — mas este grande crescimento estava relacionado sobretudo à substituição do delivery tradicional. Desde março, no entanto, o mercado de delivery online cresceu pautado por duas mudanças de consumo.

A principal foi o aumento da recorrência.  O que aumentou desde que o coronavírus obrigou as pessoas a ficar mais em casa não foi tanto o número de novos usuários pedindo e sim aquelas pessoas que já tinham o aplicativo e começaram a pedir comida no almoço, no café da manhã ou no café da tarde.

“Geralmente, as pessoas faziam essas refeições no caminho do trabalho ou no escritório, mas passaram a pedir também essas refeições via delivery”, afirmou Diego Barreto, diretor-financeiro do iFood em entrevista recentemente.

O outro pronto que vem impulsionando o crescimento do delivery é o aumento do ticket médio nos pedidos. Apesar de muitos brasileiros estarem focados na redução de gastos, o valor das refeições aumentou porque os pedidos passaram a atender uma família inteira e não só um membro ou outro da família que ficava em casa.

Continua depois da publicidade

Como estes dois vetores de crescimento do delivery estão extremamente ligados à mudanças temporárias feitas durante a pandemia, a expectivativa é que o delivery não tenha mais um crescimento tão acelerado daqui para frente.

Com isso, a Food Consulting espera que o delivery online tenha um crescimento de cerca de 150% em 2020 relação a 2019. Caso esta estimativa se cumpra, o delivery como um todo passará a representar cerca de 15% a 16% do mercado de alimentação fora do lar. Em 2019, esta participação girava em torno de 8%.

“As notícias levam a gente a formar um sentimento de que o delivery passou a ser o grande segmento da alimentação fora do lar, mas isso não é verdade”, afirma Sergio Molinari, sócio da Food Consulting.

Continua depois da publicidade

Para continuar avançando no delivery, os principais aplicativos do país vão precisar melhorar a as relações com dois grupos centrais do setor. O primeiro são os restaurantes, que cobram taxas menores e acesso a dados dos clientes. Um levantamento da Associação de Bares e Restaurantes de São Paulo revela que 80% dos restaurantes que atuam no delivery estão insatisfeitos com o atendimento de aplicativos.

A outra relação que precisa melhorar é dos aplicativos com os entregadores. Uma categoria que vem se unindo para demandar melhores condições de trabalho.

Enquanto lidam com estes problemas no modelo de negócios, aplicativos como iFood, Uber Eats e Rappi estão cada vez mais ocupando outros espaços que não apenas o da entrega e tendem a olhar o ecossistema de alimentação como um todo. Prova disso é que o IFood, Uber Eats e Rappi vem crescendo na entrega de alimentos de supermercado, enquanto o Rappi investiu na construção de cozinhas voltadas 100% para o delivery.

Letícia Toledo

Repórter especial do InfoMoney, cobre grandes empresas de capital aberto e fechado. É apresentadora e roteirista do podcast Do Zero ao Topo.