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SÃO PAULO — Desde a divulgação da nova nota de R$ 200 feita pelo Banco Central para atender a demanda por dinheiro vivo, que cresceu durante a pandemia, discussões surgiram questionando os motivos para sua criação.
As principais inquietações exploram a questão da modernização do sistema financeiro, apontando que a criação de mais uma cédula em um cenário de eletronização do dinheiro seria um retrocesso.
Outros dizem ainda que a nova nota vai na contramão dos esforços das autoridades monetárias ao redor do mundo de restringir o uso de cédulas com alto valor nominal para dificultar os crimes de corrupção, como a lavagem de dinheiro.
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O procurador do Ministério Público de Contas, Júlio Marcelo de Oliveira, afirmou em sua conta no Twitter que as novas notas de R$ 200 favorecerão a corrupção. Para ele, malas e mochilas poderão carregar valores maiores de dinheiro de forma mais discretas. “No início do ano passado, cogitou-se retirar de circulação as notas de R$ 100 para dificultar transações ilícitas em espécie”, disse.
Segundo o BC, a nova nota deverá entrar em circulação a partir do final de agosto e 450 milhões de cédulas de R$ 200 serão impressas somente em 2020.
Embora o seu valor tenha como objetivo diminuir as transações com dinheiro em espécie, a nota de R$ 200, que terá como personagem o lobo-guará, não é a cédula com maior valor nominal em circulação no mundo atualmente.
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Países do sudeste asiático, como Brunei e Singapura, da Zona do Euro, dos Emirados Árabes e até a nota de US$ 100, maior cédula de dólar em circulação, valem mais que a nova nota do real na conversão direta.
10.000 dólares de Singapura (SGD)
O recorde mundial de maior valor de uma única nota é do dólar de Singapura (SGD). O país asiático possui uma cédula de 10 mil SGD que, convertido, vale R$ 38.630,80.
Com esse valor é possível comprar até oito aparelhos do iPhone SE (256GB), último lançamento da Apple no Brasil, a R$ 4.499. Ou dar entrada em metade de um modelo novo do Volkswagen T-Cross, SUV mais vendido do país, que custa a partir de R$ 69.999,00.
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O governo local parou de emitir a nota em 2014 e atualmente monitora as transações feitas com o papel-moeda para rastrear possíveis práticas criminosas. Porém, ela continua ativa e em circulação no país, mesmo com os bancos locais dificultando o acesso à nota.
10.000 dólares de Brunei (BND)
Também localizado no Sudeste Asiático, Brunei é um país de maioria islâmica que faz fronteira com a Malásia e é conhecido por suas grandes reservas de petróleo.
Sua moeda, o dólar de Brunei (BND), é emitida e controlada pela autoridade monetária do país e, por conta de um acordo de permutabilidade firmando na década de 1960, a moeda do Brunei é livremente alterável para dólares de Singapura. Ou seja, na conversão direta a moeda de 10 mil BND vale os mesmos R$ 38.630,80.
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A grande diferença entre as duas notas é que enquanto Singapura adotou medidas para eliminar a circulação gradual da sua própria nota de 10 mil, o Brunei continua a emitir cédulas com o mesmo valor nominal em seu território, facilitando a troca dessas notas nas casas de câmbio.
1.000 francos suíços (CHF)
A Suíça é um dos poucos países ocidentais que não seguiu a tendência de eliminar do seu sistema financeiro as notas de alto valor, mantendo sua nota de 1 mil francos suíços. O governo diz que não tem planos para retirar a sua cédula mais valiosa do mercado, que na conversão para o real é estimada em cerca de R$ 5.813.
Dados do Banco Central da Suíça (SNB, na sigla em inglês) revelam que existe mais de 48 milhões de notas desse tipo em circulação. Em meados do ano passado, a cédula ganhou um novo design inteligente, com recursos de segurança para impedir a falsificação, incluindo tinta reluzente, fio brilhante, recortes de janela, elementos ultravioleta e microtexto.
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Durante o lançamento da nova versão da nota, o vice-presidente do SNB, Fritz Zurbruegg, descreveu o dinheiro em espécie para os suíços como um fenômeno cultural e afirmou que a nota de mil francos é popular para compras de valor elevado e pagamento de contas nos correios, além de ser uma reserva de valor para parte da população.
1.000 dólares de Singapura (SGD)
Diferente da sua irmã de 10 mil, a nota de 1 mil dólares singapurianos é amplamente utilizada nas transações do país e facilmente encontrada nas casas de câmbio local.
Na cotação atual, uma nota vale aproximadamente R$ 3.879 – o suficiente para comprar sete cestas básicas na cidade de São Paulo, que em julho custaram R$ 547,03 a unidade, de acordo com dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos realizada pela Dieese.
500 euros (EUR)
A maior nota da zona do Euro segue com seus dias contados. O Conselho do Banco Central Europeu decidiu em maio de 2016 que os países deveriam parar de produzir as notas de 500 euros até o início de 2019.
A nota, que equivale a R$ 3.138, encontra dificuldade em ser usada, segundo a autoridade monetária local, porque a maior parte dos comércios não aceitava esse tipo de moeda por causa do alto valor e pela dificuldade em conseguir troco.
Evitar a lavagem de dinheiro e outros tipos de crime foram outras das justificativas alegadas para o fim da produção da nota europeia, que também possui uma cédula de 200 euros.
1.000 dihram dos Emirados Árabes (AED)
Com um grande volume de operações comerciais feitas em dinheiro, a nota de 1000 dihram dos Emirados Árabes Unidos (AED) é outra moeda com alto valor nominal sem previsão de sair de circulação. Convertida para o real, a nota vale cerca de R$ 1.454.
A moeda é pareada ao dólar americano, o que garante uma estabilidade ao papel e aumenta a facilidade de uso e negociação com casas de câmbio.
100.000 drams armênios (AMD)
A nota mais alta do dram armênio equivale a R$ 1.103 e é uma das maiores notas em valor nominal circulando pelo mundo.
Apesar de não existir um comunicado oficial do Banco Central do país sobre extinguir a produção da nota, em 2018 foi criada uma nova série para a moeda, que incluiu somente as de 1 mil a 50 mil drames, excluindo a cédula de maior valor.
1.000 dólares de Hong Kong (HKD)
Valendo um pouco mais que a nota US$ 100 na conversão direta para o real (R$ 693), o dólar de Hong Kong pode oferecer uma vantagem maior que a moeda americana por conta do seu potencial de valorização.
Com as tensões políticas que o país enfrenta, especialistas sugerem que, caso o território desvincule sua moeda do dólar americano, ou atrele futuramente ao renminbi, moeda chinesa, o dólar de Hong Kong poderá sofrer uma apreciação.
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