Bitcoin dispara 13% em dois dias e supera US$ 11 mil após quase um ano: o que explica esse movimento?

Movimentos técnicos aliados a notícias positivas recentes fizeram o Bitcoin subir forte desde o fim de semana

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Depois de passar quase três meses andando de lado, o Bitcoin ganhou força repentinamente no último fim de semana e nesta terça-feira (28) superou a marca de US$ 11 mil depois de quase um ano.

Em um movimento que teve início no domingo de manhã, a maior criptomoeda do mundo saiu do nível de US$ 9.780 para cerca de US$ 11.050 no início da tarde de hoje, uma valorização de 13% em dois dias.

Segundo Ricardo Da Ros, country manager da Ripio, não há como apontar uma causa específica para esta forte valorização do Bitcoin em tão pouco tempo, mas alguns fatores ajudam e entender o que aconteceu.

Entre as notícias positivas, os investidores se animaram com a autorização regulatória para que os bancos americanos possam custodiar criptomoedas, além de novidades sobre futuras operações da Visa e Mastercard com Bitcoin.

“Nos EUA, o Office of the Comptroller of the Currency (OCC) anunciou que os bancos tradicionais estão autorizados a realizar custódia de criptoativos para seus clientes. Além disso, tanto Visa como Mastercard anunciaram seus planos de utilizar Bitcoin e outros ativos em seu modelo de negócios. É o mundo financeiro tradicional entrando de vez no mundo do Bitcoin”, explica Da Ros.

Para os entusiastas de análise técnica, a quebra de diversas resistências também ajudam a explica a alta da criptomoeda, como destaca relatório da Binance Research.

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E além deste cenário mais positivo na última semana, especialistas também destacam a piora do cenário geopolítico, em especial com a questão entre Estados Unidos e China, com o fechamento de consulados em ambos os países.

“As perspectivas negativas para os mercados financeiros tradicionais fizeram os investidores recorrerem a moedas digitais descentralizadas, não soberanas e seguras, incluindo o Bitcoin”, explica Beibei Liu, CEO da NovaDAX.

Cada vez mais o Bitcoin é apontado como um ativo de “proteção” contra tensões geopolíticas e econômicas. Países como Venezuela e Argentina já registram usos altos de criptomoedas como forma da população fugir dos riscos da inflação e da crise pelas quais estes países passam.

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Além disso, no ano passado, o Bitcoin registrou movimentos fortes de alta enquanto o mercado tradicional sentia a pressão da guerra comercial entre EUA e China. Por ter essa forte descorrelação com o cenário econômico, investidores tem investido na criptomoeda como forma de proteger parte da carteira, da mesma forma que o ouro é usado.

Por fim, Da Ros lembra ainda do halving, que aconteceu em maio e cortou pela metade a oferta de novos bitcoins no mercado, o que tende a ter uma pressão positiva sobre os preços.

Apesar disso, especialistas ressaltam que este movimento de alta tende a não ser imediato e nas últimas duas vezes que aconteceu demorou pelo menos 12 meses para se refletir no preço. Por conta disso, investidores seguem otimistas de que novas altas devem seguir nos próximos meses.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.