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(Bloomberg) – A velocidade da devastação social e econômica provocada pela pandemia de coronavírus tem levado bancos centrais a acelerar e expandir esforços no combate às mudanças climáticas.
Depois de passar os últimos três meses concentrados em combater a recessão mais grave em tempos de paz, a questão se volta para a agenda de políticas, com uma série de iniciativas de diversos países. Os projetos destacam novamente os estragos econômicos a longo prazo do aquecimento global e pressionam bancos para que estejam prontos para as ameaças aos negócios que inevitavelmente aparecerão.
“A pandemia de coronavírus mudou o foco de nossas mentes – mostra a rapidez com que as coisas podem mudar e a vulnerabilidade de nossas economias”, disse Sabine Mauderer, que faz parte do conselho do Bundesbank, em entrevista à Bloomberg. “Não haverá vacina para as mudanças climáticas”.
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Os investimentos verdes são um elemento-chave do fundo de recuperação de 750 bilhões de euros (US$ 841 bilhões) proposto pela União Europeia, que já anunciou planos de transformar o continente na primeira região neutra em carbono até 2050.
Embora governos possam promover mudanças por meio de investimentos e regulamentação, bancos centrais exercem influência com poderes de supervisão sobre o setor financeiro, bem como programas de compra de títulos em larga escala que podem ser usados para levar a uma mudança no comportamento das empresas. O trabalho nessa frente é coordenado pela Rede para a Ecologização do Sistema Financeiro, um grupo de 66 instituições, principalmente europeias, que publicou dois relatórios importantes nesta semana.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, indicou neste mês que uma revisão estratégica das políticas – suspensa temporariamente devido ao vírus – provavelmente resultará em novas regras para programas de compra de títulos com o objetivo de levar em consideração o combate às mudanças climáticas.
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Os perigos são reais. Andrea Enria, que comanda o braço de supervisão bancária do BCE, alertou neste mês que a exposição dos maiores bancos da zona do euro às empresas mais intensivas em carbono significa que uma transição abrupta para uma economia verde pode provocar aumento das perdas do sistema bancário de até 60%.