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SÃO PAULO – Após 14 meses no cargo e em meio a desgastes acumulados dentro e principalmente fora do governo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, comunicou, nesta quinta-feira (18), que deixará a pasta. Ele é o segundo ministro a cair do MEC e o sétimo a deixar o governo em menos de dois anos.
O anúncio foi feito por vídeo divulgado nas redes sociais e ocorre em meio a um desgaste acumulado com o Supremo Tribunal Federal (STF), depois da revelação do conteúdo da reunião ministerial realizada em 22 de abril, no Palácio do Planalto. No encontro, Weintraub chamou os magistrados de “vagabundos” e defendeu a prisão deles.
“A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais… o povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. O povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, disse na ocasião.
No vídeo em que comunica sua saída do MEC ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Weintraub diz que, após um período de transição na pasta, passará a atuar como diretor do Banco Mundial, a convite do presidente. Ele agradece os apoiadores e o mandatário e afirma seguir apoiando o governo.
“É um momento difícil, todos os meus compromissos de campanha continuam de pé. Busco implementá-lo da melhor forma possível. A confiança você não compra, você adquire. Todos que estão nos ouvindo agora são maiores de idade, sabem o que o Brasil está passando. E o momento é de confiança. Jamais deixaremos de lutar por liberdade. Eu faço o que o povo quiser”, afirma Bolsonaro no vídeo.
Agradeço a todos de coração, em especial ao Presidente @jairbolsonaro
O melhor Presidente do Brasil!
LIBERDADE!https://t.co/zYLGh4hntI— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) June 18, 2020
Membro da chamada “ala ideológica” do governo, ligada ao astrólogo Olavo de Carvalho, Weintraub assumiu o MEC após a saída de Ricardo Vélez Rodríguez e acumulou uma série de polêmicas e desafetos.
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Sua situação na pasta tornou-se insustentável após a revelação da gravação de reunião ministerial – citada pelo ex-ministro Sérgio Moro como prova no inquérito que apura suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.
Além de insultos a membros do STF na reunião gravada, a participação do ministro em manifestações em Brasília no último fim de semana agravou a situação.
O ministro é alvo do inquérito das fake news, que tramita no Supremo sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, e também de uma investigação no tribunal por racismo após uma publicação sobre a China. No primeiro caso, ele teve negado, ontem (17), por ampla maioria, pedido de habeas corpus para ser excluído das investigações.
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No Legislativo, o quadro também era de fragilidade para o ministro. Na semana passada, o presidente do Congresso Nacional, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidiu devolver de ofício uma medida provisória que dava poderes ao ministro da Educação para nomear reitores de universidades federais temporariamente durante a pandemia. Após a derrota, Bolsonaro revogou a proposição.