5 erros comuns na administração do dinheiro

Administrar o dinheiro parece ser uma tarefa fácil - até o momento em que as pessoas precisam gerenciar o fluxo de caixa e percebem que as variações de receitas, preços, taxas, câmbio e inflação não estão sob o seu controle

Eli Borochovicius

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

(Rmcarvalho/Getty Images)
(Rmcarvalho/Getty Images)

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Não muito raro, me deparo com profissionais das mais diversas áreas com bons salários, mas com uma situação financeira desconfortável pelo descontrole dos gastos.

Gosto muito de um jargão bem comum das finanças pessoais: não importa o quanto você ganha, mas como você gasta.

A questão é que existem outros fatores que ajudam nesse descontrole. Optei por trazer os cinco mais recorrentes, das conversas que tenho com familiares, amigos, alunos e ex-alunos.

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1) Tenho tudo guardado na cabeça

Por mais brilhante que a pessoa seja, é importante anotar as receitas e gastos. A ideia de ter tudo guardado na cabeça e acreditar que é possível gerenciar as informações financeiras com o uso da memória não costuma trazer bons resultados.

É importante simplificar as anotações para evitar erros ou frustrações. Os gastos com pequenos valores, por exemplo, podem ser limitados a uma verba orçamentária pré-estabelecida. Muitas pessoas aproveitam promoções, parcelam e acabam esquecendo-se da dívida do passado, acumulando gastos a ponto de perder o controle financeiro.

É recomendável que seja feito um controle por meio de aplicativo, sistema bancário, planilha eletrônica ou até mesmo em um papel, pois visualizar as entradas e saídas de caixa, em categorias e que permitam conhecer os lançamentos futuros, ajuda na administração do dinheiro.

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2) Tudo vai dar certo

Infelizmente. nem todo mundo arca com as suas responsabilidades. Vivemos em um país com taxa de inadimplência altíssima e, convenhamos, o brasileiro não é conhecido pela sua pontualidade (inclusive de pagamento).

Assim, um dos erros mais comuns é contar como certo aquilo que é incerto. Popularmente, conhecemos isso como “contar com o ovo da galinha”.

Não se deve fazer um financiamento de carro, casa, eletrodoméstico ou até mesmo de um calçado com poucas parcelas, contando com a entrada do salário no final de cada mês, principalmente se os valores comprometerem parcela significativa da renda.

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Imprevistos acontecem, tanto de receitas, como de despesas. Desta forma, não se deve comprometer um alto percentual do salário com custos ou despesas obrigatórias. O otimismo exagerado pode causar danos. Então, é melhor prevenir do que remediar.

3) Eu sei

Leitura é informação, mas não necessariamente conhecimento. Informar-se sobre o mercado bancário e de capitais não é o mesmo que vivenciar as operações.

É sempre recomendável ouvir especialistas antes de sair por aí se aventurando com os investimentos. É mais comum do que se imagina encontrar investidores que acreditam realmente não precisarem de formação, já que leram diversos livros sobre o assunto.
As pessoas contam sempre sobre os sucessos, mas poucos têm a humildade em admitir seus erros e fracassos. Achar que sabe tudo é errar pelo excesso de confiança.

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4) Vou ficar rico em pouco tempo

É verdade que algumas pessoas acabam conquistando o seu primeiro milhão muito antes do que imaginavam, mas isso não é uma regra.

Cair na armadilha do dinheiro fácil é ingenuidade ou desespero. As famosas pirâmides financeiras continuam funcionando porque ainda há quem acredite que seja possível enriquecer da noite para o dia.

É possível que algumas pessoas tenham tido o seu dia de sorte, mas prefiro sugerir que contem menos com ela e mais com a inteligência financeira.

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5) Acompanho bons investidores

Cada pessoa tem um objetivo diferente de vida e, portanto, para o uso do dinheiro, assim como os apetites ao risco dificilmente são comuns.

É um erro acompanhar os investimentos de outra pessoa considerando que as estratégias utilizadas por ela servem para você também. É importante que cada um escolha os seus ativos alinhados com as suas expectativas.

As mudanças macro ambientais sugerem planejamento com distintos cenários, potencializando a complexidade nas decisões financeiras e, definitivamente, os fatores elencados tendem a prejudicar os resultados almejados.

Existem muitos outros erros, como acreditar que a poupança seja um produto seguro de investimento, mesmo considerando remuneração com taxa inferior à inflacionária e que a bolsa de valores seja uma grande casa de apostas, mas quem sabe, estes e outros erros, também comuns, eu apresente em outra oportunidade.

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Eli Borochovicius

Eli Borochovicius é docente de finanças na PUC-Campinas. Doutor e Mestre em Educação pela PUC-Campinas, com estágio doutoral na Macquarie University (Austrália). Possui MBA em gestão pela FGV/Babson College (Estados Unidos), Pós-Graduação na USP em Política e Estratégia, graduado em Administração com linha de formação em Comércio Exterior e diplomado pela ADESG. Acumulou mais de 20 anos de experiência na área financeira, tendo ocupado o cargo de CFO no exterior. Possui artigos científicos em Qualis Capes A1 e A2 e é colunista do quadro Descomplicando a Economia da Rádio Brasil Campinas