As 10 profissões que devem estar em alta pós-pandemia (e as habilidades para consegui-las)

Tecnologia, finanças e saúde estão entre as áreas de destaque; busca deve ser maior por profissionais seniores e com habilidades socioemocionais

Giovanna Sutto

SÃO PAULO – A pandemia teve um impacto significativo sobre as empresas, que diante de quedas bruscas nas vendas e receitas tiveram que demitir parte do quadro de funcionários. Mas mesmo entre aqueles que mantiveram seus empregos, muitos se depararam com reduções de salário e jornada de trabalho, e tiveram que se adaptar ao home office, que foi adotado em grande escala.

Diante do cenário complexo, muitos profissionais buscam entender como podem se tornar peças-chave para suas organizações, para garantir o emprego e alcançar novos patamares na carreira.

Pensando nisso, o InfoMoney conversou com alguns especialistas em recrutamento e seleção, recursos humanos e da área de educação para entender quais profissões vêm ganhando destaque nesse período de transformação e quais devem seguir em alta pós-pandemia.

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Lucas Papa, gerente sênior da empresa de recrutamento Michael Page, explica que nesse momento é difícil definir quais serão os destaques do mercado de trabalho depois que a crise passar.

“Tudo está mudando muito rápido, são muitas transformações. O que sabemos é que poucas funções serão iguais daqui para frente. Ainda é cedo para falar com precisão quais serão os cargos de importância, mas já vemos algumas tendências. Em todas as áreas, os profissionais precisarão flexibilizar ideias e se preparar para o impacto da tecnologia”, diz.

Sofia Esteves, fundadora da Companhia de Talentos, diz que os perfis criativos farão muita diferença. “É preciso pensar em inovar, mas mais do que isso, é preciso criar porque problemas novos surgirão. O termo inovação estava em alta, mas requer investimento e tempo, recursos que agora as empresas não têm. Por isso, profissionais criativos, resilientes e que se adaptam rápido ganharão espaço antes do que se era imaginado”, explica.

Confira a seguir a lista das dez profissões que devem ficar em alta pós-pandemia, segundo os especialistas consultados pelo InfoMoney:

Profissão  Área 
Profissional de cibersegurança Tecnologia
Profissional customer experience Tecnologia
Especialista em nuvem (ou cloud) Tecnologia
CFO (ou diretor financeiro) Finanças
Diretor Comercial Finanças
Gerente de tesouraria Finanças
Planejador financeiro Finanças
Assessor de investimentos Finanças
Profissional de Recursos Humanos RH
Enfermeiros e técnicos de enfermagem Saúde

Tendências

Papa diz que três áreas vão se destacar ainda mais daqui para frente: tecnologia, finanças e saúde. “A primeira já vinha em alta, praticamente todas as profissões serão requeridas em diversas etapas da cadeia de produção das empresas – como cibersegurança, customer experience (especialistas em experiência do usuário) e especialista em nuvem, responsável pelos aspectos como conectividade e fluxo de dados, por exemplo”, diz.

Segundo ele, a migração para o online é inevitável e toda empresa terá um volume enorme de dados para processar. Assim, cibersegurança passará a ser um pilar e um serviço primordial para todas as empresas. Os usuários também estão usando mais plataformas online para consumir, por isso proporcionar uma boa jornada de compra é o que vai definir quem vai vender mais.

Além disso, hospitais devem buscar mais enfermeiros e técnicos em enfermagem para compor seus times dado que os efeitos da pandemia ainda devem perdurar. Na área de finanças, que também é abrangente, os diretores financeiros (CFO) são o grande destaque, segundo Papa.

Mais experiência

O gerente de recrutamento da Michael Page também acredita que outra tendência será a busca por profissionais mais seniores. “Nesse momento, quem está sofrendo mais é a base da pirâmide, a parte operacional. Vimos muitas vagas de analistas sendo suspensas na pandemia porque a empresa queria focar em contratações estratégicas. Agora e na retomada é preciso combater os problemas com muita ênfase e profissionais mais experientes tendem a ser observados mais de perto por, geralmente, terem uma capacidade de análise mais acurada, por terem passado por outras crises e pela visão de longo prazo”, diz.

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Nesse sentido, um diretor financeiro (CFO), que é a cadeira número um da área, é uma peça fundamental. “Toda empresa quer ter um CFO preparado e sênior, que consiga entender o momento, administrar expectativas e com experiência para incluir olhar técnico”.

Sofia concorda. “O papel do CFO em um momento de alta é investir e rentabilizar. Mas agora é necessário um profissional que saiba controlar o caixa, administrar a redução de custos, e que consiga equilibrar mais pratos na mão – e isso exige experiência”, afirma.

O gerente de tesouraria também está entre os destaques de Papa. “É essa pessoa que vai capitanear o contato com o banco, olhar para estrutura da dívida, renegociar crédito, é esse profissional que dá vazão para as pendências financeiras. Em um momento de retomada pós-crise é um papel crucial”, explica.

As posições de desenvolvimento de novos negócios voltados para o cliente também serão importantes, como diretor comercial, segundo Sofia. “O formato tradicional de venda está sofrendo uma forte transformação e posicionar o produto de maneira correta e oferecê-lo da forma adequada faz toda a diferença”, diz. Afinal, passada a fase de sobrevivência é preciso retomar o volume de receita.

Dinheiro na mira

Nesse cenário tão incerto, Rebeca Toyama, especialista em desenvolvimento humano e liderança, ressalta que as carreiras relacionadas à gestão de dinheiro também ganharão espaço.

“A pandemia evidenciou que uma reserva de emergência  é necessária caso um imprevisto aconteça. E esse período está mudando os padrões de consumo. Por isso, planejadores financeiros e assessores de investimentos serão muito importantes nessa nova fase. Em um momento em que os recursos estão escassos, saber administrar e ganhar dinheiro é o que grande parte das pessoas almeja”, explica.

No setor de saúde, ela afirma que as áreas de biotecnologia, biomedicina e biogenética também vão ganhar espaço. “Depois da pandemia, os profissionais de saúde, que não estão na linha de frente também vão ganhar espaço, com pesquisa e desenvolvimento de projetos, vacinas, entre outros”, explica Rebeca.

Futuro antecipado

Para Cynara Bastos, supervisora de carreiras do Ibmec, a pandemia antecipou a importância de algumas profissões, como as de tecnologia. “Se o profissional achava que tinha tempo, não tem e precisa se adaptar. A revolução tecnológica provoca uma revolução das competências e a principal delas é a alfabetização digital. O profissional precisa virar um caçador de novas habilidades para não perder espaço no mercado”, afirma.

Segundo ela, mesmo os profissionais de áreas como administração, direito e saúde precisam entender como a linguagem digital vai impactar as suas funções. “Não importa se eu sou psicóloga, advogada ou engenheira, preciso entender quais programas, plataformas e conceitos estão em alta para eu desempenhar melhor a minha função. É o desenvolvimento das tech skills – do pacote office ao programa de software – e será útil em todas as áreas de acordo com as respectivas especificidades”, explica.

Rebeca Toyama diz que algumas habilidades que seriam prioridade só daqui a dez anos passaram a ser cruciais desde março deste ano: Inteligência emocional, que é a capacidade de se relacionar consigo mesmo e com o outro; pensamento crítico, não basta absorver informação, é preciso analisá-la e filtrá-la; e a criatividade, já que o mundo mudou abruptamente e precisamos ter capacidade de criar novas soluções. Além disso, as pessoas precisam entender que a crise é uma constante, e que precisam desenvolver novas habilidades para o próximo cenário desafiador”, afirma.

Cynara acrescenta que parte desse processo de assimilação das mudanças é entender quais são as competências que o profissional já tem e como e onde elas podem ser úteis. “É entender como a disrupção tecnológica pode impactar a própria carreira.”

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Giovanna Sutto

Responsável pelas estratégias de distribuição de conteúdo no site. Jornalista com 7 anos de experiência em diversas coberturas como finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira.