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SÃO PAULO – A mudança recente no discurso do Banco Central indicando um uso mais incisivo da política monetária para reagir ao impacto econômico do coronavírus, levou a um novo dia de forte alta do dólar, que chegou a superar os R$ 5,41 no intraday. O dólar comercial fechou com alta de 1,887%, a R$ 5,4089 na compra e R$ 5,4094 na venda.
Além disso, houve uma forte queda dos contratos de vencimento mais curtos de juros futuros, interrompendo o recente movimento de desinclinação da curva, também em meio às indicações de que será menos incisivo na compra de títulos a ser autorizada pelo Congresso.
O contrato de juros futuros com vencimento em janeiro de 2021 caiu 18 pontos-base, para 2,65%, o DI para janeiro de 2022 foi de 3,37% para 3,18%, o de janeiro de 2023 teve baixa de 18 pontos-base, para 4,19%. Já o de janeiro de 2025 teve queda menos expressiva, de 6 pontos, para 5,90%.
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Na última segunda-feira, em live feita pelo jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizou um novo corte na taxa básica de juros, ao apontar que consegue enxergar agora com mais clareza o cenário que antes estava muito nebuloso.
Na live o presidente do BC disse que está “muito distante” no Brasil a situação em que a política de juros não faz mais efeito na economia. Essa era uma das preocupações dos investidores, que cobravam nas últimas semanas um corte da Selic diante do cenário de recessão da economia.
“Ele está mais aliviado com o fato de as medidas de liquidez e crédito começarem a surtir efeito. Isso dá tranquilidade para pensar a política monetária mais tradicional, ainda mais que a volatilidade dos mercados está mais baixa”, disse Fábio Akira, economista-chefe da BlueLine Asset, que acompanhou a live.
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Em relatório, o Barclays apontou que as mudanças na comunicação com o mercado sugerem que o Banco Central pretende fazer um corte maior do que o precificado anteriormente na curva. Assim, agora, o banco espera que a taxa Selic seja reduzida em pelo menos 0,75 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária de 6 de maio, para 3,00%, sem descartar um corte de 1 ponto, caso as condições financeiras sejam favoráveis.
Um corte maior também dependeria do comportamento ordenado do câmbio, avalia. Por outro lado, um risco significativo para a expectativa de corte da Selic viria da política fiscal, caso o Congresso aprove medidas novas e inesperadas que tragam pressão para as contas públicas.
Esse movimento leva a uma alta do real uma vez que juros menores no Brasil diminuíram o diferencial em relação às taxas de juros dos EUA, atualmente na faixa de 0% a 0,25%, cortando ainda mais os ganhos com carry trade, que ocorre com a combinação entre fazer uma posição vendida em moeda com taxa de juros mais baixa e outra comprada em moeda com juro mais alto. Além da diferença entre os juros, o investidor também lucra com a variação cambial implícita.
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Em relatório, o Credit Suisse também apontou que continua projetando queda para o real, podendo testar os R$ 5,50 no curto prazo. O banco suíço ainda reforçou que os últimos dias foram dominados pelo cenário de forte queda do preço do petróleo, o que afeta o sentimento de risco em relação aos países emergentes. Além disso, vale destacar, a baixa da commodity joga a inflação de curto prazo para baixo, abrindo espaço para mais cortes da Selic.
Com relação aos juros futuros, vale destacar que, nos últimos dias, o movimento de desinclinação da curva era motivado pela expectativa de que o BC usaria mais as compras de títulos públicos e privados no combate à crise, ao invés do corte de juros.
Contudo, também na segunda-feira, Campos Neto indicou que fará uso mais específico da compra de títulos e atuará na ponta longa quando houver disfuncionalidade, da mesma forma em que o BC atua no mercado de câmbio.
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Ele também afirmou que uma estratégia de desaperto quantitativo, como a realizada pelos principais bancos centrais pelo mundo, tem mais eficiência quando os juros já atingiram o piso. E esse não é o caso do Brasil. Segundo Campos Neto, o país está longe da perda de potência da política monetária, quando movimentos como QE se fazem mais necessários.
(Com Agência Estado e Bloomberg)
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