SÃO PAULO – Após uma das maiores quedas mensais da Bolsa na história do mercado, em meio às incertezas sobre o impacto do coronavírus na economia global, deve ser esperada uma retomada mais rápida do que muitos podem imaginar. Esse ao menos é o prognóstico dos gestores do fundo Verde, da asset de mesmo nome fundada por Luis Stuhlberger.
A enorme injeção de liquidez para estimular a economia real, junto aos enormes esforços feitos por todos os governos e sociedade para combater a pandemia, como o isolamento social e o desenvolvimento de testes e medicamentos, contribuem para a visão positiva dos gestores do Verde, que esperam por uma retomada de preços bastante potente.
Além disso, a política monetária global em níveis extraordinariamente estimulativos é apontada como outra razão para que o investidor não fique excessivamente pessimista com os preços das ações. “O juro zero no mundo desenvolvido veio para ficar no longo prazo, o que deixa como alternativas de investimento relevantes apenas os mercados acionários e de crédito”, diz a carta do fundo, referente ao mês de março.
Foco em tecnologia
E como diz o ditado, enquanto uns choram outros vendem lenços. Em meio à pandemia, as grandes empresas americanas de tecnologia despontam dentre as maiores beneficiárias das mudanças de hábito estruturais geradas pelo confinamento, escrevem os gestores do fundo.
Com uma ampla gama de nomes de tecnologia à disposição, o mercado acionário americano representa hoje a melhor oportunidade para tirar proveito do ciclo de recuperação previsto, na avaliação dos profissionais da Verde. “O mercado já precificou uma brutal queda de lucratividade das empresas”, escrevem os gestores do fundo.
E embora o quadro negativo de fato seja provável no curto prazo, a tendência é de reversão ao longo dos próximos anos, preveem os profissionais da Verde.
“Conforme os horizontes de investimento forem se alongando, os preços desses ativos vão voltar, mais rápido do que muitos imaginam”, avaliam os especialistas.
Pressionado pela maior queda mensal do Ibovespa desde 1998, próxima de 30% em março, o fundo Verde encerrou o mês passado com desvalorização de 11,46%, o que levou a uma baixa no primeiro trimestre de 14,15%.
Segundo a gestora, o fundo teve perdas significativas da posição em ações brasileiras, assim como a exposição global também trouxe resultado negativo, porém menor. As perdas em juro real foram parcialmente compensadas por hedges no prêmio prefixado, enquanto o livro de moedas gerou pequenos ganhos no mês.
Fundo de ações
A Verde também divulgou hoje a carta mensal referente à estratégia de ações. O CSHG Ações teve perdas de 32,63% em março e de 36,93%, no trimestre.
Com alocação praticamente máxima dos fundos em ações em dezembro e com bastante exposição a setores que se beneficiariam de uma esperada aceleração do crescimento, a Verde conta ter reduzido alguns investimentos que poderiam ser mais afetados pela crise a partir de 21 de fevereiro, como aviação e saúde, assim como a exposição a ações.
Com as quedas históricas da Bolsa nas semanas seguintes e com a avaliação de que a epidemia seria um choque temporário, que não deveria alterar a história de longo prazo do país e das boas empresas, a Verde viu a oportunidade de aumentar novamente a posição dos fundos em ações até a exposição máxima.
“Hoje, sabemos que subestimamos o impacto que a Covid-19 teria nas economias globais. Alguns países vizinhos da China, tais como Japão, Cingapura, Hong Kong e Taiwan, conseguiram manter um nível razoável de atividade econômica sem que houvesse uma disparada dos casos da doença. Mas foram exceções: a realidade global tem se mostrado muito mais difícil. Tudo indica que teremos um longo período de oscilação da atividade econômica em função do crescimento do número de novos casos da doença.”
Ainda que acredite que 2021 será um ano marcado por balanços financeiros ruins, a Verde conta ter encontrado empresas muito sólidas a preços bastante atrativos na Bolsa. As principais aquisições do fundo ao longo das últimas semanas foram de ações de BR Distribuidora, Localiza, Natura, Magazine Luiza, Vivara, Vale, Petrobras e Sabesp.
“Com maior ou menor impacto, essas empresas têm condições de atravessar esse período turbulento e gerar bons retornos sobre suas ações”, aponta a gestora.
Empresas de plano de saúde, como Intermédica, Hapvida e SulAmérica, continuam com peso significativo na carteira, assim como o setor elétrico, com destaque para Equatorial. “Por ser considerado defensivo, este segmento ajuda a proteger a carteira.”
Por fim, a Verde assinala que a B3 é outro investimento que navega bem neste cenário, com a desvalorização dos papéis da Bolsa compensada pelo aumento do giro de ativos, de forma que os montantes negociados permanecem elevados.
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