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SÃO PAULO – O avanço do novo coronavírus pelo mundo está fazendo com que diversos países se mobilizem para encontrar, o mais rápido possível, uma vacina para o vírus. Empresas privadas e laboratórios independentes também estão na corrida pelo medicamento. Nesse contexto, uma nova aliada pode ajudar nas pesquisas e na produção de uma vacina: a indústria de tabaco.
Pode parecer improvável que fabricantes de cigarros ajudem a evitar a escalada de uma doença respiratória, mas a Philip Morris International e a British American Tobacco, duas das maiores companhias do setor no mundo, que controlam marcas como Lucky Strike e Malboro, estão tentando criar uma defesa contra o coronavírus através da folha de tabaco.
A British American Tobacco afirmou na última quarta-feira (01) que está realizando seus testes pré-clínicos – testes feitos em animais – de uma vacina com base na planta do tabaco por meio da Kentucky BioProcessing, uma subsidiária biofarmacêutica da companhia nos EUA. A Philip Morris, por sua vez, disse que a Medicago, sua unidade de pesquisa e desenvolvimento biotecnológico, espera iniciar testes em humanos para uma potencial vacina entre junho e agosto.
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A British American Tobacco disse que, embora a unidade seja um negócio comercial, seu trabalho com a vacina da Covid-19 será sem fins lucrativos.
“O desenvolvimento de vacinas é um trabalho desafiador e complexo, mas acreditamos que fizemos um avanço significativo em nossa plataforma tecnológica para plantas de tabaco e estamos prontos para trabalhar com os governos e todas as partes interessadas para ajudar a vencer a guerra contra a Covid-19”, afirmou Dr. David O ‘ Reilly, diretor da equipe de pesquisa científica da British American Tobacco em comunicado.
O’Reilly ainda acrescentou que a empresa está trabalhando com a Food and Drug Administration (FDA), agência governamental responsável por regulamentar e fiscalizar alimentos e medicamentos nos EUA, e buscando orientação sobre os próximos passos a serem seguidos. Ele disse que a British American Tobacco também estava envolvida com as autoridades de saúde do Reino Unido para acelerar o desenvolvimento da vacina.
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Segundo uma nota oficial no site da Philip Morris International, a Medicago, sua empresa de biotecnologia, já teve progressos significativos na produção de uma vacina experimental à base da planta do tabaco para a Covid-19.
“A nossa empresa biofarmacêutica com sede no Canadá está usando uma partícula semelhante a vírus cultivada nas folhas da Nicotiana Benthamiana, parente próximo da fábrica de tabaco, para desenvolver uma vacina potencial contra a doença de coronavírus que agora atingiu um nível global de pandemia”, informa a nota da Philip Morris International.
“É um exemplo de quão rapidamente a ciência e a inovação podem alcançar resultados positivos para a sociedade, independentemente de quem a está financiando”
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Histórico em medicamentos
Não é a primeira vez que a industria do tabaco entra na corrida do desenvolvimento de vacinas.
A Kentucky BioProcessing, da British American Tobacco, se envolveu no desenvolvimento do ZMapp, um medicamento contra o Ebola, com a Mapp Biopharmaceutical, farmacêutica americana, em 2014 – ainda que essa vacina nunca tenha sido finalizada.
Os laboratórios da companhia clonaram recentemente uma parte da sequência genética da Covid-19, o que levou a uma substância que induz a produção de anticorpos para o vírus. O antígeno foi então inserido nas plantas de tabaco para reprodução. A utilização de folhas de tabaco é um processo comum na indústria farmacêutica.
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A unidade americana da British American Tobacco, a Reynolds American, comprou a Kentucky BioProcessing em 2014 planejando usar sua tecnologia de extração de tabaco para desenvolver alternativas menos nocivas aos cigarros. Segundo a Bloomberg, a empresa agora está explorando parcerias com agências governamentais dos EUA para levar a vacina experimental a estudos clínicos.
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