Bolsonaro perde para governadores em avaliação sobre postura contra a crise, diz Datafolha

Segundo levantamento, 35% veem conduta do presidente ótima ou boa, ao passo que governadores têm aprovação média de 54% no combate ao coronavírus

Equipe InfoMoney

O presidente Jair Bolsonaro em coletiva de imprensa (Foto: Carolina Antunes/PR)
O presidente Jair Bolsonaro em coletiva de imprensa (Foto: Carolina Antunes/PR)

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SÃO PAULO – Uma pesquisa feita pelo instituto Datafolha, publicada nesta segunda-feira (23) pelo jornal Folha de S.Paulo, mediu como a população avalia o desempenho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de governadores e do Ministério da Saúde na condução da crise envolvendo o avanço do novo coronavírus.

Segundo o levantamento, que ouviu 1.558 pessoas por telefone entre os dias 18 e 20 de março, 35% dos eleitores veem o desempenho do presidente como ótimo ou bom, ao passo que 26% veem como regular e 33% como ruim ou péssimo. A margem máxima de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para cima ou para baixo.

O desempenho de Bolsonaro é pior do que o do Ministério da Saúde, pasta comandada por Luiz Henrique Mandetta e a média dos governadores – geral ou por região. Para 55%, a pasta tem tido desempenho ótimo ou bom, enquanto 31% atribuem avaliação média e 12% negativa.

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Do lado dos chefes de governos estaduais, a média geral de aprovação é de 54%, sendo maior na região Sul (61%) e menor no Nordeste (51%). Vale ressaltar, no entanto, que, a despeito dos recentes enfrentamentos travados entre o presidente e os governadores, não necessariamente a aprovação à condução da crise por um dos lados corresponde a desaprovação ao outro.

O papel de Bolsonaro na gestão da crise tem sido polêmico. Primeiro, durante viagem oficial nos Estados Unidos, chamou o avanço da doença e seus impactos de “fantasia”. Na volta ao Brasil, mais de 20 pessoas que participaram da comitiva foram diagnosticados com a Covid-19.

Depois, insuflou manifestações populares a seu favor – atos que depois sugeriu o adiamento, em função da pandemia e as recomendações dadas por autoridades de saúde. Em 15 de março, contrariando suas próprias recomendações e desrespeitando o isolamento que estava cumprindo, Bolsonaro acompanhou parte das manifestações e foi ao encontro de apoiadores em frente ao Palácio do Planalto.

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O presidente ainda chamou a crise de “histeria” e mais recentemente referiu-se à doença como “gripezinha”, além de ter criticado medidas mais enérgicas tomadas por alguns governadores. Segundo o último boletim divulgado ontem (22) pelo Ministério da Saúde, o Brasil tem 1.546 casos confirmados do novo coronavírus e 25 mortes causadas pela doença até o momento.

O Datafolha mostrou que 54% dos eleitores entrevistados discordam com o entendimento de que há uma “histeria” em torno da doença, enquanto 34% concordam. O levantamento também indicou que 68% reprovaram o gesto do presidente de cumprimentar fisicamente manifestantes, contrariando recomendações de autoridades de saúde. Outros 27% aprovaram o gesto.

De acordo com o levantamento, regionalmente o presidente sofre mais críticas de eleitores do Nordeste. Do ponto de vista da renda, chama atenção a repercussão negativa da postura do mandatário entre os mais ricos (renda superior a dez salários mínimos).

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Mesmo assim, a pesquisa contraria apostas por uma desidratação maior de Bolsonaro ao mostrar que apenas 15% dos ouvidos que votaram nele no segundo turno se dizem arrependidos.

Ontem, a pesquisa já havia mostrado que a população estava assustada com a doença. Para 88%, trata-se de uma questão séria. Segundo o levantamento, 36% dizem estar com muito medo, enquanto 38% relatam ter um pouco de temor com a epidemia. Para a maioria, ações mais duras de governantes, como a decretação de quarentena anunciada em São Paulo, são necessárias e desejáveis – o que contrasta com a posição do presidente.

Outra pesquisa

Também foi divulgada nesta segunda-feira (23) pesquisa realizada pelo instituto Paraná Pesquisas sobre o mesmo assunto.

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Segundo o levantamento, 51,4% dos entrevistados acham que Bolsonaro está dando pouca importância para o novo coronavírus, enquanto 31,1% acham que o presidente está dando a importância que deveria e 11,8% veem o mandatário dando muita importância ao problema.

Ainda de acordo com a pesquisa, 42,7% acreditam que Bolsonaro está conduzindo a crise de maneira adequada, ao passo que 49,9% rotulam a postura do presidente como negligente.

A pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 21 de março, por telefone, com 2.020 habitantes de municípios de todas as regiões do país.

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