BlackRock coloca clima no centro de estratégia de US$ 7 trilhões

Gestora vai sair de investimentos em dívidas e ações de produtores de carvão térmico e pretende dobrar conjunto de fundos de índices sustentáveis

Bloomberg

(Bloomberg) — O diretor-presidente da BlackRock, Larry Fink, incluiu uma observação urgente em sua carta anual aos executivos de empresas dos Estados Unidos: as mudanças climáticas transformarão as finanças globais mais cedo do que imaginam.

Fink fez o alerta mais sério até agora aos líderes empresariais sobre a crise climática, dizendo que é um problema que deve ser enfrentado por cada um.

Pode ser mais difícil do que parece para uma empresa em que quase 70% de seus US$ 7 trilhões em ativos estão em produtos atrelados a índices. Mudar as posições nesses fundos depende do que é incluído nos índices de referência determinados por empresas como a MSCI.

Manifestantes estão na trilha de Fink no trabalho, palestras e eventos formais, condenando a BlackRock por não agir contra o aquecimento global e outras questões. Na terça-feira, o executivo revelou um conjunto específico de mudanças relacionadas ao clima nos processos de investimento da BlackRock.

“As mudanças climáticas se tornaram um fator definidor das perspectivas de longo prazo das empresas”, escreveu Fink em sua carta anual para executivos corporativos. “A conscientização está mudando rapidamente, e acredito que estamos à beira de uma reformulação fundamental das finanças.”

Postura pública

Fink aborda o tema diante da maior pressão sobre sustentabilidade. A BlackRock, em particular, enfrenta crescente escrutínio por seu comportamento e histórico de votação em questões ambientais.

Entre as mudanças destacadas na terça-feira: tornar a sustentabilidade integral à construção de portfólio e gestão de riscos; saída de investimentos que apresentem alto risco relacionado à sustentabilidade; lançamento de produtos de investimento que monitoram combustíveis fósseis; e fortalecer o compromisso da empresa com a sustentabilidade e a transparência em suas atividades de governança corporativa para investimentos.

A empresa vai sair de investimentos em dívidas e ações de produtores de carvão térmico em suas carteiras ativas. A empresa possui cerca de US$ 1,8 trilhão em ativos sob gestão.

Embora alterar a participação de produtos atrelados a índices possa ser complicado, a BlackRock disse que pretende adotar várias medidas para incluir considerações climáticas em seus fundos passivos.

A empresa quer dobrar seu conjunto de fundos de índices sustentáveis para cerca de 150 e vai pressionar provedores de índices a criar versões sustentáveis de seus principais indicadores, de acordo com uma nota a clientes descrevendo as mudanças.

Grupos como o Amazon Watch, Sunrise Project e coalizões de jovens ativistas têm pressionado a BlackRock recentemente, pedindo mais ações em torno da crise global causada pelas mudanças climáticas.

O tamanho da BlackRock coloca a empresa em uma posição delicada: operando em mais de 30 países e como uma das maiores investidoras da maioria das empresas de capital aberto dos EUA, seus clientes incluem grandes fundos soberanos, planos de pensão públicos e consultores financeiros com pontos de vista que não necessariamente se alinham sobre o que fazer com as mudanças climáticas e questões de justiça social.

Diana Best, estrategista sênior do Sunrise Project, uma ONG sem fins lucrativos que busca reunir organizações para combater as mudanças climáticas, disse que a carta de Fink e as mudanças nos negócios da BlackRock são um bom exemplo.

“As novas iniciativas da BlackRock correspondem ao tamanho da crise que estamos enfrentando”, afirmou Best em comunicado por e-mail. “Colocar a mudança climática no centro absoluto de seus negócios é a maneira que toda empresa deve responder a essa emergência planetária.”

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