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SÃO PAULO – Entregue nesta segunda-feira (9) a Claudia Goldin (veja mais clicando aqui), o prêmio Nobel de Economia é assunto polêmico mundo afora. E não só pela diversidade de seus vencedores, que incluem o pai da teoria monetarista, Milton Friedman, o neokeynesiano convicto, Paul Krugman, e um dos pilares da escola austríaca, Friedrich von Hayek.
Originalmente, o prêmio Nobel teve como objetivo cumprir o testamento do químico e engenheiro sueco Alfred Nobel, que estabeleceu em 1895 as cinco categorias principais: química, literatura, paz, física e medicina (ou psicologia). A primeira premiação ocorreu em 1901, e logo se tornou a maior referência de prestígio no mundo acadêmico e científico. Já o Nobel de economia veio bem depois, em 1968, em decorrência de uma doação do Riksbanken, o banco central da Suécia, à Fundação Nobel por ocasião do tricentésimo aniversário da instituição financeira.
Embora não seja considerado tecnicamente como um Nobel, o prêmio para o melhor trabalho em economia usa critérios de seleção semelhantes aos das outras categorias. Assim como ocorre nos prêmios de Física e Química, quem decide o vencedor do Nobel de Economia é a Academia Real de Ciências da Suécia. São formados comitês especializados nessa instituição que enviam cartas a cientistas, professores e acadêmicos de diversos países pedindo indicações para a disputa. Cada comitê recebe em torno de 200 a 300 indicados. Os trabalhos são então avaliados de acordo com sua relevância, lembrando que é proibido um cientista indicar a si mesmo e no máximo três pessoas são reconhecidas em cada categoria.
Confira a lista dos premiados no Nobel de Economia
1969: Ragnar Frisch e Jan Tinbergen
O norueguês Ragnar Frisch e o holandês Jan Tinbergen foram os primeiros vencedores do Nobel de Economia, pelo trabalho pioneiro que fizeram no campo da econometria, que utiliza modelos matemáticos e estatísticos para avaliar teorias sobre economia e finanças.
1970: Paul Samuelson
Paul Samuelson, que considerava a matemática a linguagem natural da economia, foi o primeiro americano laureado com o prêmio. Segundo a fundação, foi premiado por ter elevado como ninguém o debate científico sobre economia.
1971: Simon Kuznets
Mais um americano, Simon Kuznets buscou, durante a época da Grande Depressão, encontrar uma maneira de medir o bem-estar da economia. Com isso, ele ajudou o Departamento de Comércio dos Estados Unidos a criar a medida do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma em valor monetário de tudo o que é produzido em um País em determinado período.
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1972: Kenneth J. Arrow e Sir John R. Hicks
Os dois economistas foram laureados por suas contribuições à Teoria Geral do Equilíbrio Econômico e à Teoria do Bem-Estar. No entanto, suas escolas econômicas eram bem diferentes, sendo que Arrow era um americano neoclássico, enquanto Hicks era um britânico neokeynesiano. Uma curiosidade é que, antes de Esther Duflo ganhar o prêmio em 2019, Arrow era o mais jovem vencedor do Nobel de Economia, tendo obtido seu reconhecimento aos 51 anos de idade.
1973: Wassily Leontief
Economista russo-americano, Leontief foi premiado por suas contribuições ao modelo quantitativo input-ouput, que representa as interdependências entre diferentes setores de uma economia ou economias regionais diferentes.
1974: Friedrich von Hayek e Gunnar Myrdal
Um dos fundadores da escola austríaca, o anglo-austríaco von Hayek foi laureado junto com o sueco Gunnar Myrdal por suas análises pioneiras na interdependência de fenômenos sociais, econômicos e institucionais. Hayek foi um grande defensor do liberalismo clássico, sustentando que a economia deveria funcionar sem intervenções estatais.
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1975: Leonid Vitalyevich Kantorovich e Tjalling C. Koopmans
O soviético Kantorovich e o americano Koopmans foram laureados no mesmo ano por suas contribuições na Teoria de Alocação Ótima de Recursos. Kantorovich ainda é famoso por ter criado o método matemático da programação linear.
1976: Milton Friedman
Criador da Teoria Monetarista da Escola de Chicago, o americano Milton Friedman foi laureado por sua análise do consumo, teoria monetária e estabilização econômica. Em seus estudos, Friedman afirma que a expansão monetária, no longo prazo, produz um aumento nos preços, mas não interfere na produção. No curto prazo, por outro lado, aumentos na oferta de dinheiro causam crescimento nos níveis de emprego e produção.
1977: James Edward Meade e Bertil Ohlin
O britânico James Edward Meade e o sueco Bertil Ohlin ganharam o Nobel de economia por suas contribuições à Teoria do Comércio Internacional.
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1978: Herbert Alexander Simon
O economista foi premiado por seus estudos na área de tomada de decisões das organizações, introduzindo a teoria de “racionalidade limitada”, segundo a qual quando uma pessoa toma uma decisão, sua razão é limitada pela quantidade de informações de que dispõe, limites cognitivos da sua mente e a quantidade de tempo disponível.
1979: Sir Arthur Lewis e Theodore William Schultz
O britânico Arthur Lewis, ao lado do americano Theodore William Schultz, foram considerados pelo Nobel como responsáveis pelo avanço na análise do processo econômico em nações em desenvolvimento.
1980: Lawrence Robert Klein
Foi por seus estudos sobre o desenvolvimento e a análise de modelos empíricos de flutuação dos negócios que o americano Lawrence Robert Klein ganhou seu Nobel. Ele criou modelos no computador para prever tendências no campo da econometria.
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1981: James Tobin
O americano foi o primeiro a ser laureado por estudos na área de seleção de portfolio dentro da Teoria dos Investimentos.
1982: George J. Stigler
A contribuição do americano Stigler foi no campo de estudos dos efeitos econômicos da regulamentação governamental. Líder da escola de Chicago, Stigler desenvolveu a teoria de que grupos de interesse e outros agentes políticos usarão seus poderes coercitivos de governo para moldar leis e regulações que lhes sejam favoráveis.
1983: Gerard Debreu
Gerard Debreu, também americano, foi o responsável por elaborar a prova matemática da Lei da Oferta e da Demanda.
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1984: Sir Richard Stone
O britânico Richard Stone foi um eminente economista britânico que desenvolveu o mais utilizado modelo de contabilidade da atividade econômica nacional e internacional usando o método das partidas dobradas, um clássico da contabilidade de empresas. Sua contabilização dos agregados macroeconômicos também envolvia as transações com bens e serviços finais.
1985: Franco Modigliani
Um velho conhecido dos estudiosos do mercado financeiro, o ítalo-americano Franco Modigliani, estudou as poupanças das famílias e a dinâmica do mercado de capitais. É dele a Teoria do Ciclo de Vida, que prevê que os indivíduos em geral tendem a equilibrar seu consumo para manter o padrão de vida ao longo dos anos. Assim, cada pessoa constrói uma poupança durante sua juventude e fase adulta trabalhando não para passar esse capital para seus filhos, mas para consumir após a aposentadoria.
1986: James M. Buchanan
O professor e economista americano recebeu o prêmio Nobel por sua Teoria da Escolha Pública, um método que analisa a tomada de decisões econômicas e políticas das pessoas.
1987: Robert Merton Solow
Último americano a ganhar na década de 1980, Solow desenvolveu o modelo matemático que ilustra como diversos fatores podem contribuir para manter a produção agregada da economia. O economista mostrou que avanços na tecnologia possuem um potencial maior de impulsionar o crescimento econômico do que o acúmulo de capital e trabalho.
1988: Maurice Allais
Primeiro francês da lista, Allais foi laureado por suas contribuições à teoria dos mercados e ao uso eficiente dos recursos. Ele buscou equilibrar os benefícios sociais com eficiência econômica nos planos de precificação das estatais monopolísticas como as companhias do setor de energia elétrica.
1989: Trygve Haavelmo
O norueguês Trygve Haavelmo ganhou seu Nobel por criar técnicas estatísticas capazes de prever como a mudança em um aspecto da economia influenciaria outros, sendo mais um representante dos grandes nomes da econometria.
1990: Harry M. Markowitz, Merton H. Miller e William F. Sharpe
Provavelmente os mais estudados em qualquer pós-graduação de Finanças, os americanos Markowitz, Miller e Sharpe conquistaram seus lugares no panteão do Nobel por suas teorias de avaliação do risco no mercado de capitais, precificando ações e títulos corporativos. O ponto central das conclusões de Markowitz é que uma carteira de investimentos diversificada pode maximizar os retornos minimizando os riscos até o inevitável risco sistêmico (que ocorre em momentos de recessão ou crash nas bolsas).
1991: Ronald Coase
Nascido na Inglaterra, mas naturalizado americano, Coase aplicou princípios econômicos no estudo do Direito. Ele estudou o papel das instituições em promover ou impedir o crescimento econômico.
1992: Gary S. Becker
O economista americano foi na mesma linha do ganhador do Nobel no ano anterior, mas destacou-se pela aplicação de métodos econômicos a aspectos da sociologia. Para Becker, são as escolhas econômicas racionais, baseadas no interesse próprio, que governam o comportamento humano.
1993: Robert William Fogel e Douglass C. North
A dupla foi reconhecida pelo prêmio Nobel por seu trabalho de pesquisa em história utilizando-se de teoria econômica e modelos estatísticos.
1994: John C. Harsanyi, John F. Nash e Reinhard Selten
Conhecido do público por conta do filme “Uma Mente Brilhante”, em que é interpretado pelo ator Russel Crowe, John Nash foi um grande matemático que desenvolveu a Teoria dos Jogos aplicada à economia. Essa teoria estuda as estratégias diferentes que os agentes econômicos podem tomar para melhorar seu retorno ou obter vantagens competitivas. Nash também teve contribuições relevantes ao estudo de equações diferenciais.
1995: Robert E. Lucas
Esse economista americano foi reconhecido pelo maior prêmio de sua área por sua pesquisa que incorporou expectativas racionais à teoria macroeconômica.
1996: James A. Mirrlees e William Vickrey
O britânico James A. Mirrlees e o americano William Vickrey estudaram o impacto de incentivos econômicos em situações de informação assimétrica ou incompleta. Eles concluíram que a carga tributária marginal ótima para pessoas com renda alta era, não 83% como praticava o Reino Unido na época, mas 20%.
1997: Myron S. Scholes e Robert C. Merton
A dupla de americanos é mais uma que trabalhou na teoria de finanças e administração de risco, e foi reconhecida especialmente pelo desenvolvimento de métodos eficientes para precificar opções e outros derivativos. A técnica descoberta por eles é a famosa fórmula de Black-Scholes.
1998: Amartya Sen
Foi o primeiro economista indiano a ganhar um prêmio Nobel. Sua pesquisa estava relacionada à economia do bem-estar e focava nos problemas das pessoas mais pobres da sociedade. Sen investigou as causas da fome e propôs soluções para prevenir a escassez de comida no seu país.
1999: Robert A. Mundell
O canadense estudou as dinâmicas monetárias e as áreas de câmbio mais eficientes. Ele teorizou que uma moeda única seria viável em uma região econômica na qual existisse livre circulação de mão de obra e comércio.
2000: James J. Heckman e Daniel L. McFadden
Outra dupla de pesquisadores americanos, eles ganharam o Nobel por suas análises do comportamento de indivíduos e famílias na escolha de onde trabalhar e viver ou quando se casar. O estudo se baseou no uso de amostras estatísticas.
2001: George A. Akerlof, Michael Spence e Joseph Stiglitz
Nome mais famoso do trio de americanos, Stiglitz estudou os mercados com assimetria de informações, focando no que seria feito por indivíduos mal informados para melhorar suas posições no mercado. A descoberta dos economistas, analisando o setor de seguros, foi de que essas pessoas poderiam extrair informações indiretamente através de triagem e autosseleção.
2002: Daniel Kahneman e Vernon Smith
Daniel Kahneman, economista israelense, integrou pesquisa psicológica comportamental à ciência econômica junto com o americano Smith. A descoberta dos dois abalou as teorias clássicas, ao mostrar que as pessoas tomam decisões irracionais baseadas na colocação de pesos diferentes para cada cenário, ao contrário do que se acreditava antes, de que as decisões das pessoas poderiam ser determinadas pelos ganhos esperados em cada cenário possível multiplicados pela probabilidade desses cenários ocorrerem.
2003: Clive W.J. Granger e Robert F. Engle
Granger, um britânico e Engle, um americano, receberam o Nobel por desenvolverem métodos que permitem comparar a volatilidade em um período com a de outro, o que se tornou extremamente relevante na análise do mercado financeiro.
2004: Finn E. Kydland e Edward C. Prescott
Kydland, norueguês e Prescott, americano, influenciaram as políticas monetária e fiscal de governos, com uma defesa da independência dos bancos centrais. O estudo dos dois pesquisadores demonstrou que uma manifestação clara de comprometimento com uma inflação baixa pode criar na economia expectativas de inflação e taxas de desemprego menores.
2005: Robert J. Aumann e Thomas C. Schelling
O israelense Robert J. Aumann e o americano Thomas C. Schelling ganharam o Nobel por uma abordagem matemática aplicada à Teoria dos Jogos. Eles demonstraram que a interação social de longo prazo poderia ser analisada usando rodadas de jogos não cooperativos.
2006: Edmund S. Phelps
Phelps desafiou a teoria dominante em macroeconomia de que altos níveis de desemprego ocorriam junto com baixos níveis de inflação. No longo prazo, o economista americano descobriu que políticas fiscais e monetárias expansionistas não afetam o nível geral de emprego.
2007: Leonid Hurwicz, Eric S. Maskin e Roger B. Myerson
O trio inventou a Teoria do Design de Mecanismo, que estuda o hiato de conhecimento que existe entre compradores e vendedores. Em condições ideais, todas as partes possuem as mesmas informações sobre a precificação de bens nos mercados, mas no mundo real a assimetria de informações impede os compradores de saberem quanto um vendedor deveria cobrar por seu produto. Essa é a conclusão da pesquisa dos três economistas americanos.
2008: Paul Krugman
O célebre colunista do New York Times analisou padrões de comércio e a localização da produção em um mundo globalizado. O economista americano, que tem fortes inspirações keynezianas, concluiu que o desejo do consumidor por variedade permitiu aos países atingirem as economias de escala necessárias para conseguirem lucrar no comércio de bens semelhantes. O trabalho de Krugman também estuda movimentos demográficos como a grande urbanização que ocorreu globalmente no século XX.
2009: Elinor Ostrom e Oliver E. Williamson
Elinor foi a primeira mulher a ganhar um Nobel de Economia desde a criação do prêmio. Sua contribuição principal foi na análise da governança econômica, especialmente no estudo dos bens comuns. A americana refutou a ideia de que os recursos naturais usados coletivamente seriam destruídos no longo prazo. Ela mostrou que quando esses recursos são usados por muitas pessoas, regras são estabelecidas em sociedade sobre como eles devem ser cuidados de maneira sustentável. Williamson, que estudou o mesmo tema, criou um novo ramo do pensamento econômico chamado Nova Economia Institucional, que pesquisa como sistemas econômicos e organizações hierárquicas operam fora do mercado para resolver conflitos.
2010: Peter A. Diamond, Dale T. Mortensen e Christopher A. Pissarides
Outro trio, os dois economistas americanos e Pissarides, que era cipriota, foram laureados por seus trabalhos nas análises de mercados com atritos de pesquisa, descrevendo os métodos como as empresas recrutam e formulam salários, além dos efeitos de políticas econômicas e regulamentação no nível de emprego.
2011: Thomas J. Sargent e Christopher A. Sims
A dupla de americanos recebeu o prêmio por sua pesquisa sobre causas e efeitos nas políticas macroeconômicas adotadas por governos. Eles estudaram sobre como os choques na economia se confundem com os efeitos das ferramentas utilizados para contê-los. Um exemplo é o das chamadas “profecias autorrealizáveis”, como quando um banco central eleva juros devido à expectativa de que os consumidores irão gastar mais e pressionar a inflação e, em consequência à decisão deste BC, as pessoas decidem gastar mais ou menos justamente para se anteciparem a esse ciclo de aperto monetário.
2012: Alvin E. Roth e Lloyd S. Shapley
Roth, da universidade de Harvard, e Shapley, da Universidade da California, descobriram maneiras de associar os agentes da economia para otimizar oferta e demanda. Usando o algoritmo de Gale-Shapley, Roth conseguiu recriar os métodos usados para emparelhar médicos com hospitais, estudantes com escolas, entre outros.
2013: Eugene Fama, Lars Hansen e Robert Shiller
Os três americanos foram agraciados com o prêmio pelo seu trabalho na identificação de tendências no mercado financeiro. A conclusão da pesquisa conduzida pelos economistas foi de que é impossível prever o preço de ações e títulos no curto prazo, mas que isso pode ser feito em períodos maiores, de três a cinco anos. Mais famoso do trio, Shiller tem doutorado no MIT, especializou-se no estudo da irracionalidade das finanças e inventou o índice Case-Shiller de preços imobiliários.
2014: Jean Tirole
O francês Jean Tirole recebeu seu Nobel por sua análise da regulação dos mercados. Ele mostrou como os cartéis e monopólios trazem efeitos danosos para a economia como um todo como preços mais altos do que os de equilíbrio e entre oferta e demanda, além da sobrevivência artificial de companhias improdutivas.
2015: Angus Deaton
O microeconomista escocês naturalizado americano ganhou o prêmio por sua análise do consumo, pobreza e bem-estar. Ele estabeleceu a tese de que é preciso entender as escolhas de consumo individuais para projetar uma economia de redução da pobreza. Uma de suas análises é quanto da renda de uma determinada sociedade é poupado e o quanto é gasto.
2016: Oliver Hart e Bengt Holmström
Hart, que é professor de Harvard, e Holmström, que leciona no MIT, estudaram a teoria dos contratos. Algumas das contribuições da dupla são a análise sobre quando duas empresas devem se fundir e como saber se uma escola deveria ser privada ou pública.
2017: Richard Thaler
O economista americano foi laureado por unir a psicologia com a economia e estudar a maneira como os seres humanos não são sempre racionais e tomam decisões econômicas baseadas em questões subjetivas e culturais. Para ele, muitos fatores que poderiam ser considerados irrelevantes acabam influenciando a condução da vida econômica das pessoas.
2018: William D. Nordhaus e Paul M. Romer
A dupla de economistas americanos estudou as mudanças climáticas e as inovações tecnológicas. Enquanto Nordhaus pesquisou maneiras de promover o crescimento sustentável da economia, diminuindo o impacto ambiental da ação humana no progresso tecnológico, Romer estudou as maneiras pelas quais o acúmulo de ideias favorece o crescimento econômico de longo prazo. A principal proposição de Nordhaus, que é professor da Universidade de Yale, é a de um imposto global que penalize a emissão de gases do Efeito Estufa.
2019: Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer
Banerjee, um americano nascido na Índia e professor do MIT, Esther, uma cidadã franco-americana que leciona no mesmo instituto, e Kremer, também americano e professor de Harvard, estudaram maneiras de reduzir a pobreza global. Para eles, a melhor maneira de enfrentar a pobreza no mundo é investir em ações menores, porém mais objetivas, como melhorar educação e saúde em regiões carentes. O trabalho não é puramente teórico, mas deriva de um experimento prático de campo com programas de aulas de reforço para 5 milhões de crianças indianas e subsídios para campanhas de saúde preventiva naquele país.
2020: Paul R. Milgrom e Robert B. Wilson
Os americanos Paul Milgrom, de 72 anos, e Robert Wilson, 83, foram premiados com o Nobel de Economia de 2020 por seus trabalhos sobre melhora na teoria nos leilões, em particular para atribuições de frequências de telecomunicações. O “Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel” foi concedido a eles por “melhorar a teoria dos leilões e inventar novos formatos de leilões” em “benefício de vendedores, compradores e contribuintes em todo o mundo”, destacou o júri da Academia. A dupla é conhecida por estar por trás do conceito de venda de licenças de frequência de telecomunicações nos EUA. Os dois economistas são professores de Stanford e também trabalharam nos mecanismos de alocação de slots de pouso em aeroportos.
2021: David Card, Joshua Angrist e Guido Imbens
Os americanos David Card, Joshua Angrist e Guido Imbens foram os ganhadores do prêmio Nobel de Economia de 2021. Card foi reconhecido por suas contribuições para a economia do trabalho, enquanto Angrist e Imbens ganharam o prêmio por suas contribuições para a análise das relações causais. O trabalho que foi desenvolvido tem sido amplamente adotado por pesquisadores que trabalham com dados. “Os economistas revolucionaram a pesquisa empírica nas ciências sociais e melhoraram significativamente a capacidade da comunidade de pesquisa de responder a perguntas de grande importância”, destacou a Academia de Ciências da Suécia.
2022: Ben Bernanke, Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig
O ex-presidente do Federal Reserve (Fed) Ben Bernanke e outros dois pesquisadores americanos – Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig – foram premiados com o Nobel de Economia de 2022 por suas pesquisas sobre bancos e crises financeiras. As investigações dos vencedores, iniciadas ainda nos anos 1980, mostraram como colapsos bancários exacerbam as crises financeiras. Segundo a Real Academia Sueca de Ciências, essas análises foram de grande importância prática na regulação dos mercados financeiros e no tratamento de crises financeiras. De acordo com os estudos, para que a economia funcione, a poupança deve ser canalizada para investimentos. Mas há um conflito: os poupadores querem acesso instantâneo ao seu dinheiro em caso de gastos inesperados, enquanto as empresas e os proprietários precisam saber que não serão forçados a pagar seus empréstimos prematuramente.
2023: Claudia Goldin
Claudia Goldin é professora de Economia em Harvard e acumula anos de pesquisa sobre o papel da mulher no mercado de trabalho, tema que lhe rendeu o Nobel de Economia 2023. No livro “Journey Across a Century of Women: The Quest for Career and Family”, lançado em 2021, a economista faz um apanhado centenário sobre como as mulheres vêm equilibrando carreira e família ao longo dos anos. A obra, fundamentada em um detalhado levantamento de dados, levanta aspectos fundamentais para que possamos entender a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Um estudo de mais de 15 anos conduzido por Claudia entre estudantes de Administração da Universidade de Chicago mostrou que o desequilíbrio salarial se agrava de um a dois anos depois que a mulher tem o primeiro filho. Segundo a pesquisa, o problema já não é o grau de instrução ou a diferença de cargos, pois as disparidades ocorrem mesmo em funções iguais.
Aos 77 anos, Claudia Goldin foi a terceira mulher a vencer o Nobel de Economia.
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