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SÃO PAULO – Com captação líquida de R$ 63,5 bilhões no terceiro trimestre de 2019, a indústria brasileira de fundos de investimento registra no ano, até setembro, R$ 205,7 bilhões de investimento líquido (aportes menos resgastes), alta de 180% em relação ao mesmo período de 2018 e próximo ao recorde, de 2017 (R$ 224 bilhões). Os dados, divulgados nesta sexta-feira (4), são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Nos últimos três meses, o destaque ficou com os fundos de ações, com R$ 22,9 bilhões captados, ante resgate líquido de R$ 1,7 bilhão no mesmo trimestre do ano anterior. A alta também foi vista nos multimercados, que tiveram captação de R$ 22,9 bilhões, ante R$ 8,6 bilhões anteriormente.
Os fundos de renda fixa, que lideravam a preferência dos investidores no trimestre encerrado em setembro de 2018, com captação positiva de R$ 16,6 bilhões, encerraram os últimos três meses no vermelho, com resgates da ordem de R$ 1 bilhão.
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“A renda fixa tradicional tem cada vez mais entregue resultados menores por conta da redução da Selic, e a expectativa do mercado é de que haja reduções adicionais até o fim do ano. Com isso, devemos continuar enxergando um ritmo mais acentuado de entrada de recursos nas classes de ações e multimercados, com renda fixa andando de lado e até perdendo terreno”, afirmou Carlos André, vice-presidente da Anbima, em teleconferência com jornalistas.
Com a aprovação da reforma previdenciária em foco, fundos de previdência também registraram aumento de captação no trimestre, de 108%. O mesmo aconteceu com os ETFs (Exchange Traded Funds, na sigla em inglês), que reverteram resgates de R$ 200 milhões, entre julho e setembro de 2018, para uma captação de R$ 4,4 bilhões no mesmo intervalo deste ano, dado o surgimento de novos produtos no mercado.
Apesar do desempenho negativo no trimestre, os fundos de renda fixa seguem com captação líquida no acumulado do ano, de R$ 13,1 bilhões. As categorias de multimercado e ações, contudo, têm resultados muito maiores, com investimentos superiores aos resgates em R$ 56 bilhões e R$ 47,7 bilhões, com crescimentos respectivos de 32% e 156%, em relação a 2018.
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Chama atenção ainda a expansão da captação dos FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), de R$ 4,5 bilhões para R$ 48,4 bilhões, porém, André faz uma ressalva: “No caso dos FIDCs, o movimento partiu de um único grande fundo, que levou ao aumento de volume e que não representa, necessariamente, a classe como um todo.”
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Renda fixa perde espaço
Quando analisado o patrimônio líquido da indústria, que já ultrapassa os R$ 5 trilhões, a maior parte (41,5%) ainda segue alocada em fundos de renda fixa, ainda que esteja diminuindo nos últimos anos – em dezembro de 2016, a fatia correspondia a 48%.
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Na sequência, os fundos multimercados concentram hoje 21,6% da indústria e também vêm ganhando espaço na carteira dos investidores, da mesma forma que a categoria de ações, cuja participação aumentou de 4,3%, no fim de 2016, para 7,8%, no terceiro trimestre deste ano.
Com relação à rentabilidade, o desempenho de 19,2% do Ibovespa no ano até setembro favoreceu a performance dos fundos de ações. Desses, os mais rentáveis foram os do tipo “ações investimento no exterior”, com ganho médio de 29,6%, “ações valor e crescimento”, com 27,8%, e “small caps”, com 27,3%.
Entre os multimercados, ganhos mais expressivos no semestre vieram daqueles com estratégia de investimento no exterior, com retorno médio de 10,5% – em linha com a valorização apresentada no mesmo período do ano passado.
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Segundo a Anbima, o investidor pessoa física responde atualmente por 40% de participação nos fundos de investimento, e o objetivo é fazer com que esse percentual cresça cada vez mais. “Pesquisas de campo que mostraram que o nível de entendimento [de investimentos] ainda é muito baixo [entre os brasileiros], então o esforço é de primeiro aumentar a conscientização”, destaca André.
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