Getnet lança solução conectável a maquininhas de outras marcas para revolucionar mercado

Guerra das maquininhas deixa de ser sobre maquininhas: portabilidade permitirá que cliente da empresa poderá usar maquininhas da PagSeguro, Cielo, Stone e outras com o sistema e o serviço da Getnet via Superget

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – A Getnet anunciou nesta quinta-feira (1º) um serviço de portabilidade de maquininhas de pagamento. A partir de um aplicativo de celular chamado Superget, o cliente que tenha comprado maquininhas de outras empresas poderá se tornar cliente Getnet sem a necessidade de comprar ou alugar outro terminal.

Nessa solução, a Getnet trabalha com taxa de transação (MDR) de 2%, menor do mercado, e pagamento em D+2 para compras no crédito à vista. 

São aptas a receber esse software as maquininhas de pagamento pareáveis com o celular. Empresas como PagSeguro, Stone e Cielo possuem produtos nessa linha, que em geral são mais compactas e vêm sem chip, por dependerem do smartphone para funcionar. Outro padrão desses terminais é a venda: não é cobrado aluguel para utiliza-las, elas são vendidas e pertencem ao cliente. Justamente por isso, segundo a Getnet, era mais difícil de conquistar esse cliente: “ele já comprou, não vai comprar de novo”.

O Santander, controlador da Getnet, estima que por volta de 4 milhões de pessoas utilizem essa solução atualmente pelas maquininhas das outras marcas – e veem potencial de pelo menos dobrar esse número com o mercado que ainda não tem maquininha alguma. Em geral, os clientes dessas soluções são microempreendedores, com faturamento entre R$ 1.500 e R$ 3.000 por mês.

“A gente espera, até o final de 2020, ter cerca de 10% desse mercado”, disse à imprensa o presidente da Getnet, Pedro Coutinho. Ou seja, entre 300 mil e 400 mil microempreendedores devem, pela expectativa da empresa, conectar suas maquininhas já existentes à nova solução.

A meta da empresa do grupo Santander é superar, até 2020, 14% do market share geral do setor em volume capturado, incluindo clientes pequenos, médios e grandes. No segundo trimestre, o share da empresa caiu de 12% para 11,5%. Segundo Coutinho, isso ocorreu porque a empresa optou por não disputar preços em segmentos de clientes “que não eram rentáveis”. Ele diz que, em microempreendedores, o faturamento cresce perto de 3 dígitos. “Nosso foco é rentabilidade, volume de transações e base de clientes. 

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Como funciona

A portabilidade não é exatamente a transformação de uma maquininha em outra: o cliente que criar a conta da Superget pelo celular (via app SuperGet Mobile) poderá continuar com seu relacionamento com as outras empresas. Se uma pessoa tem uma maquininha da Stelo, por exemplo, pode utilizar o terminal para pagamentos via Stelo em uma compra e via Getnet na compra seguinte.

“Hoje um cliente que receba pela PagSeguro, pela Stone, pela Cielo e pela Getnet hoje precisa ter quatro maquininhas, o que a gente acha um absurdo”, disse Coutinho. “Nós não estamos aqui para vender máquina, estamos aqui para vender solução”, resume o executivo.

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Apesar de ser acessível a clientes de qualquer banco (ou seja, não ser uma solução casada), a solução tem potencial de aumentar a clientela também do Santander, já que as taxas oferecidas pelo banco são mais vantajosas para os clientes Getnet.

Outra vantagem para a empresa é um corte no custo do próprio terminal. De acordo com a Getnet, cada maquininha custa aos bancos cerca de R$ 300. Boa parte desse valor é subsidiada na venda do terminal ao cliente com a expectativa de que as taxas cobradas nas vendas compensem. Quando o cliente usa o software da Getnet em uma maquininha concorrente, a empresa não tem que arcar com esse subsídio.

Desbloqueio e taxas

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Não há como garantir que as demais fabricantes de maquininhas bloqueiem esse acesso em aparelhos no futuro, mas Getnet e Santander garantem que todos os terminais com tecnologia bluetooth que existem hoje são compatíveis. “Nossa maquininha nunca será bloqueada”, diz Coutinho. “Estamos falando aqui em livre concorrência”, complementa.

Igor Ipuga, diretor de marca e marketing da empresa, compara a novidade da Getnet ao que a Oi fez com o mercado de telefonia ao começar a vender celulares desbloqueados no Brasil. Antes, todo aparelho comprado com uma operadora só funcionava com chips dessa mesma operadora. “Acho impensável comprar um celular bloqueado hoje, eu não compraria”, diz. Por isso, a empresa defende acreditar que as outras marcas não irão bloquear seus aparelhos no futuro.

No limite, maquininhas mais complexas, que em geral cobram aluguel, também poderão ser desbloqueadas um dia, aposta Coutinho.

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Os executivos também dizem acreditar que a novidade pode derrubar as taxas de transação e de antecipação de recebíveis das outras empresas. Ainda assim, batem na tecla que, para além de preços, novas soluções e tecnologias são importantes para fidelizar clientes.

Eles lançaram, na mesma ocasião, a solução GetData, através da qual, mediante pagamento de mensalidade, os clientes de algumas maquininhas podem avaliar o desempenho do seu negócio e compara-lo a concorrentes em um raio de 10km.

Marketing agressivo

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Para divulgar a novidade, a Getnet contratou a atriz Fernanda Torres para um comercial a ser veiculado em horário nobre em rede nacional. A atriz estrelava anteriormente uma campanha da Rede, o que infla o tom de alfinetada da novidade.

A estreia da campanha de TV será nesta própria quinta, no intervalo do Jornal Nacional. Também haverá painéis em relógios de rua e pontos de ônibus.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney