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Investidor ganha R$ 232 mil em apenas dois dias com ação “esquecida” pelo mercado

Em uma janela de oportunidade, o investidor aproveitou uma OPA para conseguir lucrar o que esperava conseguir em um ano

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Tornar-se um investidor de sucesso na Bolsa exige muito estudo e vivência no mercado. Mas às vezes uma pitada de sorte pode fazer toda a diferença entre um mau investimento e o “trade da vida”. E foi exatamente isso que fez Ruy Goulart ganhar R$ 232 mil em apenas dois dias com uma ação completamente ignorada pelo mercado. Em entrevista ao InfoMoney, ele contou como ele atingiu essa proeza e falou um pouco sobre seu apetite por small caps.

Investidor não profissional, o administrador de 44 anos aproveitou uma janela de oportunidade com a OPA (Oferta Pública de Aquisição) da Vigor (VIGR3) para lucrar o que esperava conseguir em um ano. Embora uma marca muito famosa, a empresa não goza da mesma fama na Bovespa. Suas ações chegaram a ficar semanas sem realizar um único negócio, e a baixa liquidez fez com que o preço delas ficasse por 9 meses oscilando muito pouco numa faixa entre R$ 9,00 e R$ 10,00.

Essa baixa liquidez era justificada pelo fato da Vigor ter apenas 0,22% de suas ações em circulação no mercado, fato este que fez a companhia informar o mercado desde 2014 que tinha interesse em sair da Bovespa, inclusive já tendo público um laudo feito pelo Credit Suisse informando quanto deveria valer as ações da Vigor.

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E foi daí que Ruy identificou a oportunidade: este relatório do Credit Suisse apontava que a empresa de alimentos deveria valer na Bolsa entre R$ 23,73 e R$ 26,10, quase 200% acima do que sua ação estava valendo. Além disso, ele ouviu rumores em conversas via fóruns da internet que um fundo estava vendendo sua participação na Vigor aos poucos na Bolsa, o que abria uma pequena chance de fornecer liquidez para quem queria comprar as ações VIGR3. Ele contou ao InfoMoney que analisou os resultados da empresa, leu o laudo de avaliação do Credit e ainda ligou na área de Relação com Investidores da Vigor, e todos esses fatores indicaram a ele que esta era uma ótima oportunidade.

Golpe de gênio ou de sorte?
Se até o momento a operação tinha um racional “inteligente”, por que chamá-la de sorte? Pelo simples fato do “timing” que Ruy entrou na ação.

No dia 17 de março, ele comprou 5 mil ações VIGR3 no início daquele pregão, adquirindo mais 10 mil ao longo do dia, o que resultou num custo total de R$ 142,5 mil. Na noite do dia seguinte, a Vigor anunciou após o fechamento do mercado uma OPA a um preço de R$ 25,00 por ação – quantia 163% acima dos R$ 9,50 pagos por Ruy em cada ação.

Na segunda-feira os papéis VIGR3 abriram com alta 86%, a R$ 18,01, encerrando o pregão daquele dia a R$ 22,05 – valorização de 130%. Se liquidasse a operação neste preço, Ruy teria um lucro bruto (desconsiderando impostos e custos operacionais) de R$ 188.250. Mas ele ficar com as ações e esperar para receber os R$ 25,00 da OPA, o que se acontecer lhe garantirá um resultado bruto de R$ 232.500 mil. Há de se considerar o risco da empresa desistir do fechamento de capital, que, embora pequeno, traria uma forte queda nas ações se ocorresse.

Investimentos ou micos?
Nas notas de corretagem em que comprova as compras de ações da Vigor, Ruy mostra outros papéis que adquiriu na mesma data. Entre Banco do Brasil (BBAS3) e CSU Cardsystem (CARD3), estão diversas ações de pouca expressão na Bolsa, e muitas que outros investidores consideram “micos”.

Entre elas está a Excelsior (BAUH4), ação que até fevereiro praticamente não tinha movimentação e com um baixo volume. Desde março as ações tiveram ganhos de apenas 2,6%, cotadas a R$ 5,88. Outro papel que chamou atenção nas notas é o da Mundial (MNDL3), companhia bastante conhecida do mercado pela “bolha do alicate”. Apesar de ser considerado um “mico”, os papéis, desde que Ruy comprou, subiram 71,88%.

Mais algumas ações adquiridas pelo investidor são a Metisa (MTSA4), Sanepar (SAPR4), Schulz (SHUL4) e Profarma (PFRM3). Mesmo comprando estas ações de baixa liquidez, Ruy afirma procurar sempre fundamentos na hora de realizar aquisições na Bolsa. “Gosto de mexer muito com small caps, mas nunca compro o que as pessoas chamam de ‘mico’. Sempre analiso os fundamentos e estudo cada uma das companhias que compro”, afirma.

Entre as diversas formas de se analisar uma empresa, ele diz que olhar para o valuation de P/L (preço da ação dividido pelo lucro) é a melhor, mas não a única. “Gosto de papéis que estejam em 4x ou 5x o P/L”, afirma. Apesar de suas estratégias, não seria fácil convencer uma pessoa a fazer as mesmas compras que ele. Ações como Mundial, Metisa e Sanepar, apesar de recentes altas, são um risco grande para o investidor, já que não possuem muita liquidez. Com isso, com um movimento mais forte, elas podem devolver rapidamente qualquer ganho recente. Por isso são chamados de “micos”.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.