Impeachment: os 3 eventos que definirão a sobrevivência de Dilma no poder

Os eventos internos do PMDB são cruciais para a compreensão da evolução do quadro do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para o governo, interessa eliminar o risco o quanto antes

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Desde que o ano começou, já é quase um mantra em Brasília a tese de que o impeachment perdeu forças. Se interessa aos governistas a repetição para afastar o fantasma a qualquer custo – inclusive, se necessário, no grito -, a percepção geral é que se trata de um evento cíclico, que ora ganha forças, ora se dissolve, a depender da temperatura política na capital federal. Enquanto estiver vivo, por mais fraco que pareça, o pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff em tramitação no Congresso Nacional traz reais possibilidades de o país conhecer um novo líder antes das eleições de 2018.

É nesse contexto que se insere a fala de um dos senadores mais experientes e de maior expressão no Legislativo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Romero Jucá (PMDB-RR), foi claro em dizer que o impeachment não está morto. “Não acho que perdeu (força). Em política nada está morto. Em política cada dia é uma conjuntura diferente. Impeachment é consequência de um conjuntura. Ela às vezes esquenta, às vezes esfria. Há dois meses a conjuntura do Brasil era outra”, afirmou. O parlamentar é um dos articuladores do acordo de paz entre a bancada do PMDB do Senado e a ala opositora, que tem na figura do vice-presidente Michel Temer uma representação, além de ter atuado como líder no Senado dos governos Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Mais do que uma análise embasada, a fala de Jucá deixa claro um diagnóstico que já era apresentado por especialistas. Para que a dinâmica do processo de impeachment seja compreendida em sua complexidade, é necessário saber onde se encontram os focos de calor, que definirão as ondas desse processo no futuro próximo. Nesse sentido, três grandes eventos deverão provocar importantes reverberações sobre as estruturas que sustentam o atual governo no momento. Para o governo, interessa aproveitar o mal momento do impeachment para eliminá-lo de vez. Vamos a eles:

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1. STF decide sobre “embargos de declaração”
Depois de o Supremo Tribunal Federal definir o rito do processo de impeachment no Legislativo, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), entrou com pedido contrário aos vetos a chapas alternativas, à votação secreta para comissão especial e à decisão sobre abertura de processo formal concentrada no Senado – posições que foram entendidas como favoráveis ao governo. O peemedebista promete barrar a tramitação do processo enquanto a corte não der uma resposta aos chamados “embargos de declaração”, que buscariam respostas mais claras para que lacunas sobre a pauta fossem preenchidas pelas delimitações do Supremo. Com isso, a oposição ganha tempo para reanimar a ideia do impeachment.

2. Eleições para a liderança do PMDB na Câmara
O racha no principal partido da base aliada do governo ficou ainda mais evidente com o acirramento das disputas pela liderança da sigla na Câmara. De um lado, os governistas tentam reconduzir Leonardo Picciani (PMDB-RJ), enquanto de outro opositores tentam emplacar Hugo Motta (PMDB-PB) como sucessor. O paraibano é o candidato tem contato com pesada campanha de Eduardo Cunha. Embora vendam a ideia de que Hugo é uma figura neutra no espectro do apoio a Dilma, aliados da presidente mantêm-se céticos sobre como seria sua gestão no comando do PMDB. A vitória de um candidato apoiado pela ala opositora significaria mais problemas para o governo em um momento de grandes dificuldades na conquista de sustentação parlamentar. O vitorioso dessa disputa deverá sair já na próxima quarta-feira.

3. Eleições para a presidência do PMDB
A convenção nacional do partido está prevista para a segunda metade de março, e deve reconduzir o vice-presidente Michel Temer para o posto de maior expressão, após um princípio de disputa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) – evento que contou com a decisiva intermediação de Jucá. O encontro dos peemedebistas preocupa o Planalto pelo fato de poder trazer moções pelo rompimento nas relações governistas. A ideia é acabar com o impeachment antes da convenção nacional, uma vez que uma debandada peemedebista dificilmente traria outro desfecho para a trajetória de Dilma em Brasília senão a perda do cargo máximo da República.

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Como se nota, os eventos internos do PMDB são cruciais para a compreensão da evolução do quadro do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.