EUA: inflação acima do esperado aumenta chance de que Fed surpreenda com alta de 75 pontos-base; bancos revisam projeções

Autoridades do Fed disseram que gostariam de responder agressivamente aos sinais de que as expectativas de inflação estavam subindo

Equipe InfoMoney

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Uma série de relatórios de inflação preocupantes nos últimos dias deve levar as autoridades do Federal Reserve (Fed) a considerar surpreender os mercados com um aumento da taxa de juros de 0,75 ponto porcentual em sua reunião desta semana.

Antes de os dirigentes do Fed iniciarem seu período de silêncio pré-reunião em 4 de junho, eles sinalizaram que estavam preparados para aumentar as taxas de juros em meio ponto porcentual nesta semana e novamente em sua reunião em julho. Mas eles também disseram que suas perspectivas dependiam da evolução da economia. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) divulgado na sexta-feira passada mostrou um salto maior nos preços em maio do que as autoridades previam.

Pesquisas com consumidores também mostraram que as expectativas das famílias em relação à inflação futura aumentaram nos últimos dias. Esses dados podem alarmar as autoridades do Fed porque acreditam que essas expectativas podem ser autorrealizáveis.

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O Fed elevou as taxas em meio ponto porcentual em sua reunião no mês passado, o primeiro aumento desse tipo desde 2000, para a faixa entre 0,75% e 1%. O Fed elevou as taxas pela última vez em 0,75 ponto porcentual em uma reunião em 1994, quando o banco central estava aumentando rapidamente as taxas para evitar um potencial aumento da inflação.

Leia mais: Inflação nos EUA atinge maior nível em quase 41 anos, intensifica apostas de Fed agressivo e eleva aversão ao risco no mercado

O presidente do Fed, Jerome Powell, evita surpreender os mercados no dia das reuniões de política, argumentando em vez disso que o banco central pode atingir seus objetivos de apertar a política monetária moldando as expectativas do mercado.

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Mas ele também disse em uma entrevista no mês passado que o Fed seria guiado pelos dados econômicos que estão por vir. “O que precisamos ver são evidências claras e convincentes de que as pressões inflacionárias estão diminuindo e a inflação está caindo. E se não virmos isso, teremos que considerar agir de forma mais agressiva”, disse Powell.

Alguns analistas de Wall Street, incluindo os bancos de investimento Barclays e Jefferies, disseram na sexta-feira, após a divulgação dos dados de inflação, que esperavam que o Fed aumentasse as taxas em 0,75 ponto porcentual nesta semana.

“Acreditamos que as considerações de gestão de risco exigem ação agressiva para reforçar a credibilidade do Fed no combate à inflação”, escreveram economistas do Barclays em um relatório nesta segunda-feira. Embora tal movimento “vai contra as comunicações que levam ao período de apagão”, o relatório disse que “os riscos de inflação prolongada se intensificaram”, justificando o aumento maior da taxa.

Autoridades do Fed disseram que gostariam de responder agressivamente aos sinais de que as expectativas de inflação estavam subindo, ou se “desancorando”, porque acreditam que o processo de arrancar a inflação da economia se tornará muito mais difícil se isso acontecer. “É um golpe duplo”, disse Diane Swonk, economista-chefe da Grant Thornton. “Eles têm que ir agora com 75 pontos-base. O Fed está atrás da curva, e eles sabem disso”.

O Goldman Sachs também mudou suas projeções, destacando um artigo no Wall Street Journal de Nick Timiraos de que as autoridades do Fed provavelmente “considerarão um aumento da taxa de juros de 0,75 ponto percentual na reunião desta semana”. O artigo, aponta o banco, difere de outra publicação de Timiraos de apenas um ia antes, que havia caracterizado tal movimento como “improvável”.

“Nosso melhor palpite é, portanto, que o artigo é uma dica da liderança do Fed de que uma alta de 75 pontos-base está chegando na reunião de junho do Fomc, na próxima quarta-feira”, apontam os economistas do banco.

Assim, o Goldman revisou sua projeção para incluir altas de 75 pontos-base nas próximas reuniões, em junho e julho. Isso redefiniria rapidamente o nível da taxa de juros em 2,25-2,5%, a estimativa mediana do Fomc para a taxa neutra (que não acelera nem esfria a economia). Na sequência, o banco espera um aumento de 50 pontos-base em setembro e de 25 pontos-base em novembro e dezembro, para uma taxa terminal inalterada de 3,25%-3,5%.

(com Estadão Conteúdo)

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