Regras de bem-estar animal têm que considerar especificidades da produção brasileira de carnes

Segundo entidades do agronegócio, normas de outros países não podem simplesmente ser importadas, já que os sistemas produtivos são diferentes

Datagro

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SÃO PAULO – Cada vez mais motivo de atenção por parte do mercado consumidor, o tema do bem-estar animal relacionado à produção de carnes foi tema de seminário realizado na última semana, na sede da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em São Paulo (SP).

De acordo com autoridades, dirigentes setoriais e executivos do segmento presentes ao encontro, Projetos de Lei (PLs), que têm por objetivo estabelecer um marco regulatório para o assunto e que estão em trâmite em assembleias estaduais e também no Congresso Nacional, desconsideram as especificidades da produção e transporte de proteína animal no Brasil, importando regras de países com realidades diferentes da nossa e, por isso, precisam ser mais bem debatidos, a fim de serem revistos.

O cerne da questão é que o setor produtivo, obviamente, compactua com o bem-estar animal, mas defende que as normas tenham aderência com as particularidades da produção e transporte no Brasil, conforme assinalou o deputado federal (PMDB/SC), Valdir Colatto, membro da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), presente ao seminário.

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“Em sua maioria, estes Projetos de Lei têm caráter ideológico, filosófico que não dialogam com a realidade da produção agropecuária brasileira, apresentando distorções”, ressaltou o deputado.

De acordo com Ariel Mendes, diretor de produção da ABPA, os protocolos de bem-estar animal precisam ter aderência com a realidade brasileira. Segundo o dirigente, muito do conteúdo referente ao assunto e presente na maioria dos PLs faz sentido para animas de companhia, mas não para os destinados ao abate, à produção.

Tanto o parlamentar quanto o dirigente alertam que o bem-estar animal tem potencial para cada vez mais para ser usado como uma barreira técnica no comércio internacional de alimentos. “É a grande tendência daqui para frente”, afirmou Mendes. Todavia, de acordo com Colatto, muitas vezes o tema [do bem-estar animal] é usado como medida protecionista para proteger os setores produtivos de países que são menos competitivos que o Brasil na produção de carnes. “A Europa é um caso claro e faz uso disso.”

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