Ibovespa dispara 11% no mês e chega a seu maior patamar desde maio de 2015

Mercado foi em direção contrária à do câmbio e renovou sua máxima no ano de 2016

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou julho em alta de 11,22%, sua maior alta mensal desde março, quando subiu 16,97%. O movimento foi puxado principalmente pelo forte fluxo de capital em direção aos ativos brasileiros por conta dos juros mais baixos no mundo desenvolvido, que se conjugou à queda do risco Brasil e ao tom mais “hawkish” (agressivo, no sentido de subir ou manter juros) do nosso Banco Central. Com dinheiro sobrando lá fora, o investidor estrangeiro viu o País como uma boa forma de ganhar no spread entre os juros praticados no mundo desenvolvido e aqui. 

Boa parte do aumento da liquidez internacional veio da expectativa de que os bancos centrais no mundo inteiro iriam responder com flexibilização monetária ao aumento dos riscos internacionais por causa da saída do Reino Unido da União Europeia. Por aqui, a redução de riscos é atribuída às boas sinalizações do governo Temer em relação ao ajuste fiscal e, principalmente, à mudança na maneira de condução da política monetária pelo BC comandado por Ilan Goldfajn.  

Nesta sexta
O
 Ibovespa subiu nesta sexta-feira (29), com a forte alta de Petrobras se conjugando à recuperação dos bancos, que tiveram forte correção depois de caírem ontem por conta da “tempestade perfeita” que atingiu o Bradesco. Esse desempenho ofuscou a decepção com os resultados fracos de grandes empresas como a Ambev, que frustrou o mercado com lucro de R$ 2,19 bilhões no segundo trimestre, uma queda de 22% em relação ao mesmo período do ano anterior.

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Lá fora, as bolsas apresentaram um desempenho errático após o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA vir abaixo do esperado no segundo trimestre, o que reduz a chance de aumento de juros este ano. Ainda no radar, o banco central japonês decepcionou ao adotar menos medidas de flexibilização monetária do que o esperado. 

O benchmark da bolsa brasileira teve alta de 1,13%, a 57.308 pontos. Com a alta de hoje, o índice chegou ao seu maior patamar desde 5 de maio do ano passado, quando fechou aos 58.051 pontos. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 8,497 bilhões.

Já o dólar comercial recuou 1,63%, a R$ 3,2423 na compra e a R$ 3,2429 na venda, enquanto o dólar futuro teve queda de 1,53% a R$ 3,240 no after-market. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 cai 7 pontos-base a 12,83%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 recua 9 pontos-base a 11,98% também no after-market.

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Ainda no radar, o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-senador, Delcídio do Amaral e mais 5 pessoas se tornaram réus na Operação Lava Jato. Foi a primeira vez em que o líder petista tornou-se réu pela operação. A denúncia foi feita ao Supremo Tribunal Federal no começo do ano, mas foi remetida para a Justiça Federal de Brasília por determinação do ministro relator da Lava Jato na corte, Teori Zavascki, após Delcídio ser cassado e perder o foto privilegiado. O procurador da República no Distrito Federal Ivan Cláudio Marx fez acréscimos à peça inicial para ampliar a descrição dos fatos e as provas apresentadas.

Segundo o trader da H. Commcor, Ari Santos, a notícia de que Lula se tornou réu não foi a responsável pela forte alta da Bolsa. Para ele, a correção de bancos e o dado mais fraco do PIB dos EUA puxaram a alta, de modo que a questão política ficou em segundo plano.  

Vale lembrar que hoje é último dia do mês, então tem formação da Ptax, evento que normalmente traz mais volatilidade ao dólar.

Entre as commodities, o minério de ferro spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve queda de 2,19% a US$ 59,37 a tonelada seca. Já o petróleo recuou 0,49% a US$ 42,49 o barril do Brent. 

Resultado fiscal e outros indicadores
O resultado consolidado das contas públicas foi um déficit primário de R$ 10,1 bilhões em junho, contra uma expectativa mediana de R$ 15,3 bilhões de déficit. Em 12 meses, o déficit primário já está em 2,51% do PIB, e a relação dívida bruta dividida pelo PIB foi para 68,5% em junho, contra 68,6% em maio. O déficit em termos nominais foi de R$ 32,2 bilhões em junho, abaixo da expectativa dos economistas, que esperavam R$ 33,2 bilhões de déficit nominal.  

Já a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua de junho mostrou um aumento da taxa de desemprego de 11,2% para 11,3% em junho, em linha com a mediana das expectativas do mercado. O Índice de Preços ao Produtor da Indústria de Transformação, por sua vez, subiu 0,52% em junho, uma desaceleração contra o avanço de 0,90% em maio.

Por fim, o (ICI) Índice de Confiança da Indústria, subiu 3,7 pontos em julho, alcançando 87,1 pontos, o maior nível desde novembro de 2014, quando estava em 87,5 pontos, informa a FGV (Fundação Getulio Vargas). A confiança subiu mais que o indicado na prévia da sondagem, divulgada na sexta-feira passada, de 3,5 pontos.

Ações em destaque
A Petrobras (PETR3, R$ 14,01, +5,02%; PETR4, R$ 11,87, +3,76%) viu suas ações dispararem nesta sessão a despeito da queda do petróleo; o brent foi negociado em queda de 0,49%, a US$ 42,49 o barril. A alta ocorreu em meio às notícias de venda de ativos.

A estatal aprovou ontem a condução de negociações com a empresa Alpek, em caráter de exclusividade por 60 dias, podendo ser estendido por mais 30 dias, para a alienação de sua participação na Companhia Petroquímica de Pernambuco (PetroquímicaSuape) e na Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe).

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 NATU3 NATURA ON 33,30 +11,00 +43,28
 USIM5 USIMINAS PNA 3,75 +10,62 +141,94
 BRFS3 BRF SA ON 54,30 +6,47 -0,30
 PETR3 PETROBRAS ON 14,01 +5,02 +63,48
 LAME4 LOJAS AMERICPN 19,15 +4,99 +19,08

Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes subiram após caírem forte ontem por causa do resultado negativo do Bradesco e das denúncias contra 10 executivos, inclusive o CEO, Luiz Carlos Trabuco, do mesmo banco no âmbito da Operação ZelotesItaú Unibanco (ITUB4, R$ 33,79, +1,84%), Bradesco (BBDC3, R$ 29,21, +1,92%; BBDC4, R$ 28,36, +3,13%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 21,05, +1,84%) avançaram. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 23% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 EMBR3 EMBRAER ON 14,83 -15,45 -50,68
 FIBR3 FIBRIA ON 19,79 -4,30 -61,19
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 9,90 -3,51 -45,88
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,80 -3,29 +6,78
 VALE3 VALE ON 18,50 -2,84 +41,98

Já a Ambev (ABEV3, R$ 18,80, -3,29%) caiu após o resultado. A companhia teve queda de 22,4% no lucro líquido do segundo trimestre, a R$ 2,195 bilhões: o resultado foi marcado por queda nas vendas em volume e que trouxe corte na perspectiva de receita da empresa no Brasil neste ano. A empresa destacou que o desemprego crescente deve continuar a pressionar a renda disponível dos consumidores no curto prazo e lançou estratégia focada em produtos com embalagens de vidro retornáveis. A perspectiva para a receita líquida no Brasil este ano foi cortada de crescimento entre “um dígito médio e um dígito alto” para estabilidade, informou a empresa no balanço.

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN 11,87 +3,76 714,22M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,80 -3,29 612,88M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 19,09 -0,57 515,28M
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 33,79 +1,84 366,86M
 BBDC4 BRADESCO PN 28,36 +3,13 335,64M
 BRFS3 BRF SA ON 54,30 +6,47 320,55M
 VALE5 VALE PNA 15,01 +0,33 307,48M
 EMBR3 EMBRAER ON 14,83 -15,45 207,13M
 USIM5 USIMINAS PNA 3,75 +10,62 202,01M
 PETR3 PETROBRAS ON 14,01 +5,02 197,05M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

PIB dos EUA
No segundo trimestre de 2016, a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos foi de 1,2%, na comparação anual, de acordo com a primeira prévia divulgada nesta sexta-feira. Já o crescimento no primeiro trimestre foi revisado de 1,1% para 0,8%. O número veio abaixo da mediana das expectativas do mercado, que eram de que o crescimento fosse de 2,5% segundo o consenso da Bloomberg.

Outros indicadores dos EUA
Às 10h45 saiu o PMI (Índice Gerente de Compras) de Chicago, que teve uma queda menor que a esperada para 55,8 pontos em julho, contra expectiva de recuo de 52,5 pontos e ante os 56,8 pontos registrados em junho. Também saiu a leitura final da confiança do consumidor de Michigan, que caiu para 90 pontos, contra os 90,8 pontos esperados. 

Defesa de Dilma
Na agenda política, a defesa da presidente afastada Dilma Rousseff entregou na noite de ontem na Comissão Processante do Impeachment no Senado, os documentos com as alegações finais do processo. A peça, com cerca de 500 páginas, foi entregue pelo ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, um dos advogados da defesa de Dilma.

Delações da Odebrecht
Nos jornais de hoje, destaque para a matéria do jornal O Globo falando sobre as delações premiada dos executivos da empreiteira Odebrecht, as “mais explosivas” da Lava Jato: a expectativa é de que eles delatem mais de cem políticos, dentre eles pelo menos dez governadores e ex-governadores. 

Cenário externo
O dia foi de decepção para boa parte dos mercados mundiais que, ainda assim, tiveram um dia misto, variando entre leves perdas e ganhos. O motivo da decepção foi o Bank of Japan, que anunciou estímulos aquém do esperado, o que impulsiona iene e gera alta nos rendimentos dos títulos japoneses, acompanhada pelos rendimentos dos Treasuries. O BoJ expandiu o estímulo monetário nesta sexta-feira através de um aumento nas compras de fundos de índices (ETFs), mas manteve a meta da base monetária em 80 trilhões de ienes (US$ 775 bilhões), assim como o ritmo de compras de ativos, incluindo títulos do governo japonês. Também manteve a taxa de juros de 0,1% que cobra de uma porção de reservas em excesso que as instituições financeiras deixam no banco central.