Eletropaulo dispara 9% com interesse de empresa italiana; microcap afunda 27% com Oi e Gol salta 4%

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta terça-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O pregão desta terça-feira (21) foi movimentado pelo pedido de recuperação judicial da Oi. A onda de aversão ao risco invadiu os papéis dos bancos – em especial os do BB (mais exposto à operadora de telefonia) -, ajudando a pressionar mais cedo o Ibovespa. O sentimento negativo, no entanto, foi afastado do mercado nesta tarde, com a reviravolta das ações da Petrobras e Vale, que viraram para alta após quase todo o pregão no negativo. Do lado positivo, o destaque ficou com as ações da Copel, que subiram forte após a Aneel aprovar a redução média de 12,87% em suas tarifas.

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta terça-feira:

Eletropaulo (ELPL4, R$ 7,31, +8,94%)
As ações da Eletropaulo dispararam na reta final do pregão desta terça-feira, após o CEO da italiana Enel, Francesco Starace, comunicar que estuda comprar a Eletropaulo. “As avaliações de preço estão finalmente chegando no nível adequado”, disse Starace, em entrevista à Bloomberg em Nova York. Procurada, a Eletropaulo não respondeu imediatamente a pedidos de comentários da agência de notícias.

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Em fevereiro, rumores que a empresa pudesse ser vendida começaram a circular no mercado. No dia 17 de fevereiro, uma matéria da Folha de S. Paulo informava que a empresa estava à venda, junto com a AES Sul – que já foi vendida na semana passada à CPFL Energia por R$ 1,7 bilhão. Mais cedo, o CEO da Enel disse que busca companhias no Brasil após perder disputa para CPFL. 

Em maio, a Standard & Poor’s rebaixou o rating da Eletropaulo com expectativa de que empresa tenha menos espaço para cobrir covenants ao longo dos próximos trimestres devido ao potencial Ebitda menor, em meio a perdas pelo excedente de energia no mercado spot. 

Copel (CPLE6, R$ 28,82, +5,18%)
As ações da Copel apareceram como a maior alta do Ibovespa, após a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovar a aplicação de redução média de 12,87% nas tarifas da paranaense Copel Distribuição, no âmbito do processo de revisão tarifária da empresa. Para consumidores conectados à alta tensão, a queda será de 11,61%, e para a baixa tensão, haverá uma diminuição de 13,83%. As novas tarifas vigoram a partir de 24 de junho. 

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Segundo o analista Shin Lai, da Upside Investor, é um bom dado, já que o setor industrial está pressionado nas margens e qualquer redução no custo para o cliente pode ser contrabalançado com uma maior demanda, já que a energia está mais barata. 

O reajuste diz respeito ao quarto ciclo de revisão tarifária periódica, processo realizado pela Aneel de quatro em quatro anos com o objetivo de manter o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos. 

O principal motivo dessa redução são itens financeiros, explicou o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino. Em 2014, o governo do Paraná, acionista majoritário da companhia, pediu autorização da agência para aplicar um reajuste de 24,86%, bem menor do que o calculado pela Aneel, que era de 35,05%. 

No ano seguinte, em 2015, a Copel voltou atrás e pediu autorização para repassar os valores diferidos. O reajuste aprovado pela Aneel, e integralmente aplicado, foi de 15,32%, dos quais 11,84 pontos porcentuais estavam relacionados ao valor represado em 2014. 

Nos últimos 12 meses, a tarifa dos consumidores da Copel, portanto, incorporou todo o reajuste do ano anterior, mais parte do valor represado de 2014. Agora, esse efeito financeiro finalmente será retirado das tarifas. A Copel atende a 4,4 milhões de consumidores no Paraná.

Gol (GOLL4, R$ 2,80, +4,48%)
As ações da Gol dispararam, após a Câmara aprovar ampliação para 100% do limite de capital estrangeiro em aéreas nacionais. Após disparada, os papéis entraram em leilão na Bovespa. Mais cedo, enquanto o Plenário da Câmara votava a Medida Provisória 714/16, os papéis da companhia chegaram a cair 5,97%, a R$ 2,52.

MP, que altera o limite a participação de estrangeiros de 20% do capital votante para 100%, foi aprovada nesta tarde por 199 votos a favor, 71 contra e uma abstenção. Na prática, a emenda permite que pessoas jurídicas estrangeiras tenham 100% do controle acionário de empresas aéreas com sede no País. O próximo passo é a aprovação da MP no Senado, que precisa ser votada até 30 de junho para não perder validade.

“A aprovação de hoje significaria maior flexibilidade para fusões e aquisições entre estrangeiras e nacionais, e nesse sentido a notícia cria um momento positivo para as ações da Gol”, comentaram analistas do BTG Pactual.

O texto original da MP 714/16 previa que empresas estrangeiras pudessem controlar até 49% do capital votante das companhias brasileiras. Por sua vez, o projeto de lei de conversão elevou essa participação para 51%.

Ontem, Plenário da Câmara dos Deputados encerrou na segunda-feira (20) a fase de discussão da Medida Provisória 714/16, que aumenta de 20% para 49% o máximo de capital estrangeiro com direito a voto nas empresas aéreas nacionais. Os líderes partidários fecharam acordo para votar a MP nesta terça-feira (21).

Ainda no noticiário da Gol, após estender o prazo da oferta de troca de bônus no exterior, a companhia cedeu à pressão dos investidores e apresentou uma proposta mais atraente, além de contratar o JP Morgan para auxiliar no processo, em busca de maior adesão. Segundo informações do jornal Valor Econômico, para trazer investidor de menor porte para a oferta, a companhia aérea abriu mão da aprovação mínima de credores que detêm 95% dos US$ 780 milhões em notas envolvidas na troca.

De acordo com uma fonte ouvida pela publicação, uma das melhorias foi a inclusão do pagamento de um adicional de 13,5% do valor nominal das novas notas com prazo em 2021 e 2018 caso em 31 de dezembro de 2017 ou depois o Ebit (lucro antes de juros e impostos) da companhia ultrapassar os R$ 800 milhões nos últimos quatro trimestres.

Bancos 
As ações do BB (BBAS3, R$ 15,85, -4,46%) desabaram – figurando como a maior queda do Ibovespa – após pedido de recuperação judicial da Oi. Analistas estimam que a instituição pode ser a mais impactada pelo “default” da companhia. Projeções do Credit Suisse apontam exposição máxima de R$ 5,9 bilhões do BB à Oi. Na sequência, aparecem o Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 29,39, -0,03%), com exposição de R$ 5,7 bilhões; e Bradesco (BBDC4, R$ 24,90, +1,18%), com algo próximo a R$ 1,9 bilhão. 

Para o Credit, o peso pode ser relevante para os bancos e abrir um precedente para o segmento “corporate”. O custo de risco (principalmente do Itaú e Banco do Brasil) deve piorar e as provisões dos bancos devem aumentar, o que pode trazer algum impacto já no resultado do 2° trimestre de 2016, comentaram os analistas.

Pelos cálculos do Bradesco BBI, divulgados em relatório desta terça-feira, a exposição do BB pode chegar a R$ 4,3 bilhões entre debêntures e linhas tradicionais de empréstimos. Por conta das provisões que o banco deve precisar fazer em seu balanço, os analistas estimam que isso pode dragar o resultado do 2° trimestre de 2016 do BB ao nível do 1° trimestre de 2016 em cerca de R$ 1,2 bilhão do lucro líquido, podendo levar o lucro para zero no 3° trimestre. Já o índice de basileia do banco pode cair em cerca de 60 pontos-base, aumentando apreensão dos investidores sobre posição de capital. 

Analistas do Credit, no entanto, lembram o caso da Sete Brasil para citar que provavelmente a provisão para Oi ainda seja bem pequena (algo próximo de 10%, na nossa visão deles). 

Embraer (EMBR3, R$ 18,35, +2,71%)
O Santander elevou a recomendação das ações da Embraer de manutenção para compra, destacando que a recente correção dos ativos, com queda de 28% no acumulado do ano. O preço-alvo para 2016 é de US$ 28,00 por ADR (American Depositary Receipt) e de US$ 30,00 em 2017. 

Oi (OIBR3, R$ 1,04, -17,46%; OIBR4, R$ 0,81, -18,18%) 
Após ficarem “congeladas” por 79 minutos na BM&FBovespa, as ações da Oi desabaram na sessão desta terça-feira (21), reagindo ao pedido de recuperação judicial da companhia. A companhia entrou ontem com pedido de recuperação judicial perante a Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, em caráter de urgência. O total dos créditos soma aproximadamente R$ 65,4 bilhões, sendo quase 5 vezes superior ao até então maior pedido de recuperação judicial do Brasil – que era da OGX Petróleo, no valor de R$ 11,2 bilhões.

Nesta manhã, a Bovespa congelou por uma hora a negociação das ações, além de ter retirados as ações da companhia de todos os índices de ações que fazem parte dentro da Bovespa. Somada à uma hora de suspensão da negociação, os papéis ficaram mais 19 minutos “congelados” em leilão de abertura na Bovespa. 

Nem mesmo a notícia desta manhã de que o bilionário egípcio Naguib Sawiris está disposto a investir na empresa trouxe alívio aos acionistas. Em entrevista à Bloomberg, ele disse que o pedido de recuperação judicial pode representar uma boa janela de oportunidade para investimentos. “A Oi precisa de acionista com forte histórico em telecomunicações para resolver seus problemas operacionais, além de financeiros”, afirmou em entrevista por telefone à Bloomberg. O bilionário diz estar pronto para investir na companhia se tiver exclusividade nas negociações.

Além disso, hoje à tarde, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou o rating da Oi para “D” (default), após pedido de recuperação judicial. Logo em seguida foi a vez da Fitch Ratings também cortar a nota de crédito da companhia para “D” após já ter rebaixado a empresa na última sexta-feira em dois degraus. 

Também hoje a bolsa de valores de Nova York (Nyse) determinou a suspensão imediata de todas as negociações com os ADRs (American Depositary Receipts) da operadora e o início do processo para deslistagem dos papéis.

Contax (CTAX3, R$ 6,89, -27,47%)
As ações da microcap Contax desabaram na esteira do pedido de recuperação judicial da Oi. Na mínima do dia, os papéis da companhia de call center desabaram 29,47%, a R$ 6,70. Chamou atenção também o volume financeiro movimentado com o papel, que atingiu R$ 2,446 milhões hoje, contra média diária de R$ 331,7 mil dos últimos 21 pregões.  

A companhia é uma das mais afetadas pela recuperação judicial da Oi, dado que os controladores são os mesmos e foi fundada pela Oi. Até 2014, ambas eram controladas pela holding Telemar Participações. A partir de 2015, as sócias AG, La Fonte Telecom (família Jereissati), Fundação Atlântico (Oi) e Previ (Banco do Brasil), controlam a empresa de teleatendimento via CTX Participações. A Fundação Atlântico de Seguridade Social é a entidade de previdência complementar patrocinada pelo grupo Oi e detém 10,1% na CTX Participações; e 1,1%, na Contax Participações. 

Educacionais
A nova proposta da Kroton (KROT3, R$ 13,79, +5,03%) não empolgou as ações da Estácio (ESTC3, R$ 15,80, +2,27%) nesta sessão, que chegaram a cair 3,37% na mínima do dia, virando para alta apenas na reta final do pregão. A proposta anterior era de 0,977 ação KROT3 para cada ativo da Estácio. Agora, a companhia elevou a relação para 1,25, um prêmio de 27,9% em relação à proposta anterior. A Kroton afirmou estar empenhada em viabilizar a comercialização. A Estácio confirmou ter recebido a oferta, disse que analisará proposta e se manifestará.  

Segundo fonte disse à Reuters, a família Zaher, segunda maior acionista do grupo privado de ensino superior Estácio Participações, planeja votar contra a proposta de aquisição da companhia pela rival Kroton Educacional apresentada nesta terça-feira. A família, que detém cerca de 13% da Estácio, assumiu uma postura dura nas negociações com a Kroton. 

Chaim Zaher foi indicado presidente-executivo interino da Estácio na semana passada e afirmou que a empresa está avaliando potenciais aquisições, em uma estratégia para rebater as ofertas da Kroton e a da Ser Educacional pela empresa.