Ibovespa encerra 2015 em queda de 13,3% e tem 3º ano seguido de baixa; dólar sobe 48,5%

Ano foi marcado por turbulência na economia e política, Federal Reserve e desaceleração da economia chinesa

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou a última sessão de 2015 em queda e encerrou o ano – bastante turbulento – em baixa de 13,31%, a 43.349 pontos, no menor patamar desde 1º de abril de 2009. No mês de dezembro, a queda foi de 3,93% e, hoje, a queda foi de 0,70%. 

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É o terceiro ano seguido de baixa do benchmark da bolsa brasileira. O ano foi marcado por uma forte volatilidade do índice, dividido entre a euforia com a entrada do “hawkish” Joaquim Levy no ministério da Fazenda com a promessa de realização do ajuste fiscal e as pressões durante todo o ano para que ele saísse, o que realmente aconteceu em 18 de dezembro, sendo substituído por Nelson Barbosa. A Fitch e a S&P rebaixaram para o Brasil para grau especulativo, levando a uma saída de recursos do Brasil. As revisões constantes para baixo na economia seguem e as perspectivas para 2016 seguem sendo um fator de pressão para o índice este ano.

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Neste ano, destaque ainda para a decisão do Federal Reserve de, pela primeira vez em nove anos, elevar os juros nos EUA, enquanto a economia da China teve sua previsão de crescimento revisada para baixo. 

A Operação Lava Jato, o conflito entre Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o Planalto, culminando com a abertura do processo de impeachment e o rito do STF sobre o processo também guiaram o índice este ano. 

Vamos começar o ano de 2016 com muitas perguntas sobre as diretrizes de política econômica a serem implantadas pelo novo ministro da Fazendo Nelson Barbosa e quase nenhuma resposta. Teremos que ver qual será a atitude do governo perante as pressões dos partidos da coligação, especialmente o PT, e os ajustes que tem que serem feitos na economia, notadamente no sistema previdenciário”, afirma o economista-chefe do Modalmais, Álvaro Bandeira.

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O dólar comercial, por sua vez, fechou o ano com forte valorização de 48,5%, o quinto ano seguido de alta e a maior valorização desde 2002. Assim, o real é a segunda moeda que mais caiu esse ano, só perdendo para o peso argentino, que passa por uma desvalorização.

O mercado também segue de olho na deterioração das perspectivas para o fiscal. O secretário interino do Tesouro, Otávio Ladeira, afirmou que a expectativa é que dezembro registre superávit primário para que o déficit fiscal encerre o ano nos R$ 51,8 bilhões previstos na LDO para 2015.  Ele  informou que a União pagou R$ 72,375 bilhões em passivos junto a bancos públicos e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Do total, R$ 55,572 bilhões se referem a passivos de 2014 e R$ 16,803 bilhões a obrigações de 2015.

No ano, quem foi o grande destaque de queda foi a Metalúrgica Gerdau (GOAU4), com baixa de 85%. A companhia tem sido muito prejudicada pelo seu alto endividamento, e sua fraca perspectiva de melhora. Isso porque como a empresa não possui atividades, ela não recebe o caixa gerado pelo grupo, que fica retido com suas controladas. Para arcar com o custo de sua dívida, a Gerdau precisa repassar pesados dividendos para sua controladora, mas que nem sempre são suficientes. Para se ter uma ideia, em 2014, a Metalúrgica Gerdau recebeu R$ 342 milhões em dividendos, valor inferior ao custo anual da dívida da empresa, de R$ 350 milhões. A campeã do Ibovespa, por sua vez, foi a Fibria (FIBR3), com alta de 71,44% em 2015, que tem receita atrelada em dólar e se beneficiou no ano da alta da divisa americana. 

Já na sessão de hoje, o dia foi de mau humor para os mercados em meio à queda do preço do petróleo, que registra baixa de mais de 3%, na casa dos US$ 36,00, que está nas mínimas em onze anos. Os preços do petróleo caíram em dois terços desde meados de 2014, à medida que a produção crescente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Rússia e Estados Unidos levou a um excedente mundial de entre meio milhão e 2 milhões de barris por dia. Mais recentemente, uma perspectiva fraca de demanda, especialmente na Ásia, mas também na Europa, ajudou a derrubar os preços.


As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 CSNA3 SID NACIONAL ON 4,00 -4,76 -22,60
 BRKM5 BRASKEM PNA 27,62 -4,40 +66,18
 BBDC3 BRADESCO ON EJS 20,50 -4,21 -24,13
 KROT3 KROTON ON 9,53 -3,93 -37,54
 OIBR4 OI PN 1,95 -3,47 -77,35

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 GOLL4 GOL PN N2 2,52 +5,44 -83,40
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 5,09 +4,52 -49,78
 EMBR3 EMBRAER ON EJ 30,19 +3,89 +24,44
 CPLE6 COPEL PNB 24,30 +2,97 -30,49
 FIBR3 FIBRIA ON 51,89 +2,94 +71,44
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Bolsas mundiais
Hoje, as bolsas asiáticas devolveram os ganhos de mais cedo com a continuidade da fraqueza das ações chinesas e com os investidores cautelosos após nova queda nos preços futuros do petróleo. 

O índice Nikkei do Japão encerrou seu último dia do ano de operações com alta de 0,27%, abaixo das máximas da sessão, mas ainda com ganhos de 9,1% em 2015 apesar da queda de 3,6% em dezembro. “Estamos vendo pequenos volumes no fim do ano com o número de investidores caindo devido aos feriados”, disse o co-diretor administrativo do Tyton Capital Advisors, Martin King.

O índice CSI300 de blue chips da China fechou com alta de 0,09%, enquanto o índice de Xangai avançou 0,25%, revertendo perdas de mais cedo antes das pesquisas da atividade industrial de dezembro, que devem mostrar que a economia continua fraca.

Vale ressaltar que o sentimento sobre ativos de países emergentes se torna mais negativo com petróleo abaixo de US$ 40 e alta dos juros do Federal Reserve. Essa percepção é reforçada em artigo escrito pela diretora gerente do FMI, Christine Lagarde, ao jornal alemão Handelsblatt, destacando que o crescimento global será desapontador em 2016. Além da alta de juros pelo Fed, a desaceleração econômica da China é apontada como um ponto de incerteza e aumento da vulnerabilidade.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.