Empresas X, Petrobras e Vale pesam sobre Ibovespa, que intensifica queda

FMI diminui projeção para crescimento brasileiro em 2014; Dow Jones se afasta dos 15.000 pontos e pressiona bolsa brasileira

Carolina Gasparini

Publicidade

SÃO PAULO – Esta terça-feira (8) começou com tom morno nos mercados, divididos entre indicadores e a falta de previsão sobre o aumento no teto da dívida norte-americana. Por aqui, o início da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) não ganha muito destaque, uma vez que o mercado já trabalha com a possibilidade da taxa Selic ter um novo aumento. Com o dia sem referências impactantes, os mercados caminham de lado, e o Ibovespa tinha tudo para seguir a tendência, caso a OGX Petróleo não estivesse no caminho.

Às 13h24 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira recuava 0,94%, a 51.923 pontos. O movimento não é causado exclusivamente pela petroleira de Eike Batista, uma vez que blue chips como Petrobras (PETR3, R$ 16,88, -2,43%; PETR4, R$ 18,25, -1,99%) e Vale (VALE3, R$ 33,59, -1,47%; VALE5, R$ 31,22, -0,54%) também caem, mas é inegável que a situação da OGX (OGXP3, R$ 0,20, 0,00%) alimenta a queda. Com 2,7% de participação no índice e baixo valor de face, qualquer oscilação no preço dos ativos OGXP3 mexe com o Ibovespa. “Como a ação está em torno de R$ 0,20, cada centavo que ela suba ou caia causa uma variação de 5% na cotação, e com a forte participação, isso impacta o índice”, diz Hamilton Moreira Alves, analista do BB Investimentos. Com a atual participação, uma variação de 5% na ação da OGX representa 0,14 ponto percentual a mais ou a menos no Ibovespa.

As ações da MMX Mineração (MMXM3, R$ 1,02, -8,11%) e a LLX Logística (LLXL3, R$ 1,47, -3,92%) também têm expressivas quedas na bolsa. 

Já no cenário econômico, o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou seu panorama sobre a economia mundial, e nele cortou sua projeção para o crescimento brasileiro em 2014, para 2,20%, o que faria com que o desempenho do país seja o pior entre os emergentes. Para Alves, o impacto do relatório é limitado entre os investidores brasileiros, que já viram a projeção de 2,20% no relatório Focus das duas últimas semanas, mas é importante para os investidores estrangeiros. “O corte na projeção pelo FMI tem grande impacto no sentimento dos estrangeiros, que novamente, encerram suas posições em contratos futuros, o que também prejudica o desempenho da bolsa brasileira”, explica o analista.

EUA também pesa sobre Ibovespa
Alves citou também o desempenho norte-americano como pressão para o desempenho do Ibovespa nesta terça-feira. “Apesar da falta de perspectiva imediata sobre uma solução para o teto da dívida norte-americana, o desempenho do Dow Jones, que distancia-se do suporte em 15.000 pontos afeta o índice brasileiro”, comenta Alves.

O relatório do FMI também comentou o possível default nos EUA, que pode ficar sem dinheiro para honrar suas dívidas em 17 de outubro, caso o Congresso não chegue a um acordo para elevar o teto da dívida pública do país até a referida data. Para o FMI, a possibilidade de ocorrer o default é pequena, mas caso se confirme, será catastrófico para a economia mundial.

Continua depois da publicidade

Por lá, o presidente Barack Obama fará um discurso às 15h, após um grupo de parlamentares republicanos dizer que está aberto a negociações. Após a declaração dos republicanos, Obama ligou para o presidente da Câmara dos Deputados, John Boehner, e reiterou que está disposto a negociar depois que a paralisação e a ameaça de default tenham ficado para trás.

Agenda econômica
Nesta sessão, destaque para o começo da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), na qual economistas esperam que o Banco Central aumente novamente a taxa Selic, dessa vez em 0,5 ponto percentual. A taxa encontra-se em 9% e, segundo o relatório Focus, além da alta prevista por economistas nesta semana, a próxima reunião do Comitê também deve mudar a taxa, que fecharia o ano a 9,75%. A alta na taxa de juros também ajuda a afastar o investidor dos investimentos acionários, uma vez que gera maior rendimento a alguns ativos de renda fixa, que tornam-se mais atrativos.

Ainda por aqui, a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), que subiu 1,36% em setembro, ante alta de 0,46% no mês anterior, e o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor – Semanal), que subiu 0,08 ponto percentual a mais do que na divulgação anterior, com 0,38% em 7 de outubro.

Continua depois da publicidade

Na Europa, a agenda de indicadores apresentou os pedidos à indústria alemã, que recuaram 0,3% em agosto, ante expectativa de expansão de 1,2%, além da balança comercial, que ficou positiva na Alemanha e negativa na França. Já na Inglaterra, as vendas no varejo recuaram pelo segundo mês consecutivo.

Já na China, o PMI de serviços recuou para 52,4 em setembro, indicando menor recuperação do setor, que ainda está no campo do crescimento – valores acima de 50 indicam expansão no setor e abaixo, contração. No Japão, o sentimento dos economistas subiu de 51,2 em agosto para 52,8 em setembro, superando as expectativas de 52,2. Já o superávit em conta corrente japonês ficou em 161,5 bilhões de ienes em agosto, abaixo das projeções do mercado.