Como a Fundação Estudar, de Lemann, ajuda milhares de jovens a deslanchar na carreira

Para Tiago Mitraud, diretor executivo da Fundação Estudar, decisão de carreira muitas vezes é tomada sem reflexão

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – De acordo com a pesquisa Mapa do Ensino Superior no Brasil, publicado em 2015 usando dados coletados em 2013, a taxa de evasão em cursos universitários presenciais no Brasil é de cerca de 24,9%. No Ensino à Distância (EAD), esse número é maior ainda, em 28,8%.

As desistências podem ocorrer por fatores variados, entre impossibilidade de arcar com os custos do curso ou motivos pessoais, mas um dos fatores principais para a saída de alunos é a mudança de carreira ou falta de identificação com a área escolhida.

“Muitos dos meus colegas de faculdade diziam cursar Administração por ser um curso generalista e que abrange muitas áreas, porque não sabiam exatamente o que queriam quando prestaram o vestibular”, comenta Tiago Mitraud, diretor executivo da Fundação Estudar, que lida com situações semelhantes diariamente. “Lembro de um caso na Fundação em que um estudante descobriu no terceiro ano de medicina que não queria ser médico, por isso estava aplicando para [vagas em] empresas em gestão e em negócios”, exemplifica.

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Ajudar nesse tipo de encaminhamento profissional é uma das missões da Fundação, organização sem fins lucrativos que faz parte da 3G Capital, que tem como um dos sócios o bilionário Jorge Paulo Lemann, além de Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. No início de 2015, Tiago, com apenas 29 anos, passou a estar à frente deste projeto.

Quando ele chegou, em 2011, a Fundação tinha uma temática exclusiva: um programa de bolsas de estudo para universitários. Mas foi justamente nesta época que a equipe decidiu aumentar seu impacto. “A gente foi entender que o grande valor que a Fundação tinha oferecido aos bolsistas vinha não só do oferecimento de bolsas, mas de três frentes: o apoio em tomada de decisão de estudo e carreira, por meio de palestras; a formação de redes, porque quando em contato uns com os outros, eles se ajudavam e aceleravam as carreiras; e a possibilidade de conectar esses jovens com oportunidades de trabalho no meio empresarial”, explica.

A partir de então, a organização criou um planejamento para oferecer essas três frentes de benefícios estruturadas em separado. “Além de apoiar jovens em decisões de carreira, começamos a formar redes entre cidades e a propor conferencias de carreira onde, em maior escala, apresentamos a centenas de jovens oportunidades. Também criamos três portais onde oferecemos uma série de conteúdos voltados a desenvolvimento profissional”.

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Falta de perspectiva

Embora a dúvida sobre a carreira comece desde o ensino médio, o apoio da Fundação Estudar é voltado aos jovens na universidade ou recém-formados. E Tiago explica o encaminhamento: “por mais que a decisão de carreira já tenha sido formada, percebemos que esse público ainda é muito indeciso, então decidimos focar nele”.

Segundo sua visão, uma das principais carências das universidades, e que alimenta esta indecisão, é a falta de contato do estudante de ensino superior com o mercado de trabalho. Boa parte das dúvidas que ele observa entre os impactados pelas ações da fundação, diz, teriam respostas que poderiam ser estimuladas durante a graduação com maiores discussões e abertura maior ao meio empresarial dentro das próprias instituições de ensino.

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“Se as faculdades começassem a fazer orientações de carreira, seria um ganho grande para esses jovens”, comenta. E é por isso que a divulgação das ações da Fundação começa dentro mesmo de instituições de ensino superior ao redor do país.

Dicas aos desorientados

A experiência de Tiago mostra que nem sempre é necessário deixar um curso no meio para buscar um sonho de carreira – isso depende do quão técnica é a carreira que o jovem pretende seguir.

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“Para mim, essa pessoa tem que entender o quão impactante vai ser fazer uma graduação fora da área [de interesse]. Eu tenho aqui na fundação, cumprindo funções administrativas, gente que fez graduações diversas, como Química. Mas se um aluno de administração descobre que quer trabalhar com Química não adianta ele terminar essa graduação”, exemplifica. “Então a pergunta é essa: para o que eu quero fazer depois, o quão técnica tem que ser a minha formação? Se não precisar ser, eventualmente concluir o curso e ingressar no mercado [de interesse] para aprender na pratica, pode ser uma opção”.

Isso não significa completar o curso sem empenho. “Foque em fazer a graduação direito”, ele alerta. “O que não pode fazer é levar a faculdade de qualquer jeito. Siga em frente, mas leve a faculdade a sério, porque isso vai ficar com você para o resto da vida. Procure orientação com especialistas, com quem já é da área, professores; sempre vai ter alguém próximo a você que poderá ajudar”, conclui o profissional.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney